Safra de arroz é estimada em 10,8 milhões de toneladas pela Conab
Produção é mais alta, mas frete também está mais caro para esse setor, segundo a Fretebras.
A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) divulgou neste início de julho sua nova estimativa para a produção de grãos no Brasil. O 10º levantamento destacou que a colheita de arroz está estimada em 10,8 milhões de toneladas.
Com relação às estimativas de mercado, a Conab destacou que além do avanço na produção e da consequente elevação do suprimento, o levantamento também apontou que os estoques finais aumentaram em 10% tanto para o arroz, quanto para o feijão, em relação ao anterior. De acordo com a Companhia, é esperado que a safra de 2022 chegue ao final com estoque de passagem de 2,2 milhões de toneladas de arroz e 3,1 milhões de toneladas de feijão respectivamente.
"Destaque para o cultivo da segunda safra da leguminosa, que deve registrar um aumento de 26% em relação ao ciclo passado, saindo de 1,1 milhão de toneladas para 1,4 milhão de toneladas. A recuperação é explicada pelas boas condições climáticas registradas em comparação ao ano safra 2020/21", aponta o relatório da Conab.
Os números da estimativa brasileira chamaram atenção do mercado. Considerando todas as culturas, a Conab aposta em 272,5 milhões de toneladas para o ciclo 2021/22. Se confirmado, o volume representa incremento de 6,7% na safra anterior, o que representa volume de aproximadamente 17 milhões de toneladas. Com relação à área de produção, é esperado aumento de 4 milhões de hectares, com estimativa de 73,8 milhões de hectares.
Frete de arroz e feijão também sobe
Segundo dados divulgados pela Fretebras, os fretes para o transporte de arroz e feijão registraram relevante aumento de preço. No arroz, foi observado crescimento no número de cargas transportadas é de 69%, na comparação entre maio de 2021 e o mesmo mês de 2022. Já os fretes do feijão aumentaram 6% no mesmo período.
“Para a Fretebras, esse movimento revela que transportadores desses grãos estão apostando mais na digitalização dos fretes para conter os custos, mediante as constantes altas do diesel”, afirmou a publicação destinada à imprensa.
Os dados mostram ainda que o estado produtor com maior volume de frete de arroz atualmente é o Rio Grande do Sul, representando 61% das movimentações. Já o de feijão tem maior procura no Mato Grosso, com 31%. Com relação ao destino da carga, São Paulo é o principal estado, 19% no arroz e 13% referente ao feijão.
De acordo com a Fretebras, a procura por contratação de caminhoneiros autônomos por meio de plataformas digitais também têm ajudado as transportadoras a amenizar os altos custos com transporte, chegando à economia de 20% a 30%, quando comparado com o transporte feito com frota própria.
“O grande fator que está por trás da digitalização das rotas é a pressão da inflação sobre os custos do transporte, puxada principalmente pela alta do diesel. O mercado tem notado que a contratação de autônomos usando aplicativos de frete, como o nosso, tem gerado mais economia. Por isso, grandes setores como agro, apostam neste tipo de solução”, afirma Bruno Hacad, diretor de operações da Fretebras.
Também foi observada alta na comparação anual - (maio/2021 e maio/2021). O Índice Fretebras do Preço do Frete (IFPF) mostrou que o preço por quilômetro por eixo rodado do arroz teve valorização de 8,11%, indo de R$ 0,90 para R$ 0,98. No caso do feijão, a alta foi de 13,02%, saindo de R$ 0,81 para R$ 0,91.
“Os constantes reajustes do diesel, tem repercutido em todo o setor de Transporte Rodoviário de Cargas. Os dados que analisamos na nossa plataforma indicam que já está acontecendo um repasse do aumento dos custos no preço dos fretes, porém de forma ainda muito lenta. Nossa expectativa é que essa tendência siga nos próximos meses”, completa Hacad.
Outras culturas: destaque para recorde no milho safrinha
O Brasil, se confirmada a expectativa, pode ter a maior produção de milho safrinha em toda série histórica no Brasil. Até a semana passada, a safra tinha 60% do milho safrinha em estágio de maturação, 28% de área colhida e o total para o ciclo atual é estimado em 115,6 milhões de toneladas. O volume representa 32,8% a mais quando comparado com o ciclo anterior.
"Apenas na 2ª safra da cultura o aumento chega a 45,6% da produção, chegando próximo a 88,4 milhões de toneladas. Caso confirmado o resultado, esta será a maior produção de milho 2ª safra registrada em toda a série histórica. No entanto, é preciso ressaltar que, mesmo com estágio avançado da cultura, cerca de 19% das lavouras de 2ª safra de milho ainda se encontram sob influência do clima", destacou a Conab.
O aumento da cultura do milho impulsionou também o avanço da semeadura do sorgo no Brasil. Segundo a Conab, o grão também pode ter produção recorde com mais de 3 milhões de toneladas. O produto, que é utilizado na preparação de ração animal - sobretudo frango, tem também como característica ser mais resistente aos períodos de seca. Segundo a Conab, os estados que apresentam os maiores percentuais de crescimento são Mato Grosso do Sul, Piauí e Bahia, com incrementos de 362,6%, 227,2% e 98%, respectivamente.
Entre as culturas de inverno, destaca-se a produção do trigo, que também deve atingir novo recorde, de acordo com a Conab, chegando a 9 milhões de toneladas no ciclo atual. Se confirmado, o volume representa alta de 75% em comparação ao de 2019, quando foi registrada produção de 5,1 milhões de toneladas. "O melhor desempenho do cereal de inverno impulsiona o crescimento das demais culturas cultivadas", afirma.
Veja mais considerações de mercado levantadas pela Conab
Ainda de acordo com o 10º levantamento, as estimativas de mercado também tiveram alta em comparação com as divulgadas no documento anterior. Segundo a Conab, as culturas da soja e do algodão foram as únicas exceções, em resposta a uma produção com volume mais baixo.
A Conab destaca que para a soja, as estimativas de sementes/outros usos e perdas e estoque final também diminuíram, 0,11% e 4,42%, respectivamente, sendo o estoque de passagem de 2022 estimado em 4,65 milhões de toneladas. Já o suprimento e o estoque final de algodão foram reduzidos em 0,67% e 2%, respectivamente. Quanto ao mercado internacional da fibra, a perspectiva, entretanto, é que as exportações finalizem o ano em 2,05 milhões de toneladas de pluma.
Com relação ao milho, as estimativas foram ajustadas para cima, com exceção do estoque final, que teve redução de 1,19% em relação ao levantamento anterior, sendo esperado um volume de 10,4 milhões de toneladas ao final do ano safra. Quando se compara com a safra 2020/21 a Conab acrescenta que o destaque é para o menor volume de importação total, que se justifica pela oferta ampla do produto no ciclo anterior. “O que deverá reduzir substancialmente as importações no segundo semestre em relação ao mesmo período de 2021”, afirma.
Para o trigo, destaque para o encerramento da safra 2021 que acontece neste mês de julho. Além da produção, foram revisados o quantitativo a ser exportado, que passou de 3,15 milhões de toneladas para 3,2 milhões de toneladas, e a estimativa de importação, que reduziu em 500 mil toneladas.
Com isso, os estoques finais esperados para a safra 2021 a ser finalizada esse mês é de 490 mil toneladas. Para a safra 2022, que se inicia em agosto de 2022 e se encerra em julho de 2023, com a estimativa recorde de produção, a expectativa é que haja uma recuperação dos estoques que foram estimados em 1,25 milhão de toneladas neste levantamento.