Após 2021 marcado por baixos preços e alta produção, setor orizícola teme inviabilidade da atividade em 2022

Atuais patamares de custos de produção x preços praticados no mercado inviabilizam cultura que será plantada ao final do ano que vem, segundo análises da Federarroz

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Custo de produção do arroz no Rio Grande do Sul está atualmente entre R$ 70 a R$ 75 a saca - Foto: Embrapa

 

O ano de 2022 começará com dúvidas aos rizicultores do Brasil sobre a viabilidade da atividade diante do balanço financeiro da cultura, após um ano de 2021 marcado por baixos preços acompanhando a alta produção da temporada e níveis de produtividade recordes, segundo análises da Federação das Associações de Arrozeiros do Rio Grande do Sul (Federarroz). O estado do Rio Grande do Sul corresponde a cerca de 70% da produção nacional.

“Na próxima área, no final de 2022, nós podemos ter uma redução de mais de 200 mil hectares somente no Rio Grande do Sul se nós não resolvermos esta questão dos custos e também não trazermos minimamente um preço que remunere pelo menos o custo de produção do arroz, que hoje não baixa de R$ 70 a R$ 75 a saca”, afirma Alexandre Velho, presidente da Federarroz, em meio preocupações com os componentes de custo na safra do rizicultor.

Além do aumento da produção no mercado nacional ao longo de 2021, que resultou em menores preços ao longo do ano, o presidente da entidade também aponta que os valores aos produtores ainda recuaram acompanhando a diminuição da demanda de consumo interna e as exportações. Apesar disso, quem conseguiu se planejar, conseguiu rentabilidade. A entidade também critica as importações feitas sem tarifas no ano, com produtos de baixa qualidade.

Atualmente, os preços do arroz ao produtor brasileiro estão em cerca de R$ 60 a saca. “Se nós vendermos arroz no patamar que está hoje, o produtor vai ter prejuízo e nós já vimos este filme antes, o produtor vai buscar outras atividades, como a soja, a pecuária, o milho ou talvez até o trigo, porque neste patamar realmente fica difícil de se trabalhar”, conclui Velho. O governo está em busca de alternativas para mitigar os impactos dos custos ao setor, principalmente no caso dos fertilizantes, segundo a entidade.

“O momento é de cautela, não é o momento de adquirir insumos, porque nós temos a expectativa de redução deste preço e, aí sim, com definição desses patamares, a gente poderá definir a área, mas hoje o indicativo é de uma redução muito grande na área de arroz no Rio Grande do Sul no próximo ano”, aponta Velho. 

A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) estima a safra 2021/22 de arroz em 1,68 milhão de hectares e produção de 11,45 milhões de toneladas em todo o país. Apesar de área similar ante a temporada anterior, a produção apontada, se confirmada, será 2,5% menor ante o último ciclo. No final de novembro, 78,3% das lavouras já haviam sido semeadas no país. Nem a Conab e nem a Federarroz possuem números concretos sobre o plantio no final de 2022, apenas indicativos dos produtores.

“Nós temos que valorizar o mercado interno, valorizar este produtor que se mantém na atividade, fornecendo um produto de altíssima qualidade, livre de resíduos, e atestado pela Anvisa”, finaliza o presidente da entidade.