Blog conecta.ag | Produção de milho do Brasil na safra 22/23 deve ajudar a diminuir restrição

Produção de milho do Brasil na safra 22/23 deve ajudar a diminuir restrição na oferta global do produto

Semeadura da safra avança no Brasil; Conab também divulgou estimativa de consumo no mercado interno em relação ao milho produzido no ciclo anterior


A safra 2022/23 está estimada em aproximadamente 127 milhões de toneladas, o que representa um aumento de 12,5% em relação ao ciclo anterior. E de acordo com informações publicadas pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), esse volume a mais por parte do Brasil pode ajudar a conter as pressões do mercado com a restrição de oferta do produto a nível mundial. 

 

Entre os fatores que justificam oferta global escassa estão volumes mais baixos na produção dos Estados Unidos e os problemas enfrentados na safra da União Europeia.  Segundo o boletim AgroConab, na União Europeia, a safra de milho deste ano tem a tendência de ter o menor volume registrado desde 2008.

 

 

A entidade acrescentou ainda que o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA, sigla em inglês) reportou recentemente a confirmação de corte na produção e nos estoques de milho nos Estados Unidos para o ciclo 2022/23, o que ajuda a pressionar as cotações do grão no mercado internacional, provocando aina variações também no mercado interno. "Com este panorama, há uma tendência de aumento da demanda exportadora brasileira", afirma a Conab em seu informativo. 

 

Os dados da companhia mostraram também que aproximadamente 81,75 milhões de toneladas de milho produzidas na safra 2021/22 serão consumidas no mercado interno durante o ano de 2023. O volume representa alta de 6,17% quando se compara com o ciclo anterior. Com relação ao volume de exportação, a Conab estima que pelo menos 45 milhões de toneladas da safra brasileira serão disponibilizadas ao mercado internacional. 

 

"Com pouca oferta americana e problemas de safra na União Europeia, mercado eleva prêmios de portos nos Estados Unidos - incluindo neste aumento os problemas de logística no Mississipi - e já eleva possibilidade de mais exportação para a próxima safra brasileira", destacou a análise do boletim da Conab. 

 

Produção brasileira deve ajudar a suprir demanda em momento de crise global na produção - Foto: CNA

 

Plantio da nova safra 

Com relação ao plantio, na virada de quinzena do mês de outubro, a Conab apontou semeadura em 30,9% da área, o que representa 1,2% a menos do que o mesmo período no ano passado. Já os dados mais atualizados da consultoria AgRural, divulgados neste início de novembro, apontavam que o plantio do milho verão estava em 63% no Centro-Sul do Brasil. 

 

Segundo o relatório, na semana anterior o índice era de 56%, e em relação ao ano passado, a safra está atrasada já que no mesmo período o plantio estava em 75% nessa área. A consultoria explica que o ritmo mais lento é justificado pelo atraso nos estados de Minas Gerais e em Goiás. Para esses produtores, as chuvas demoraram para chegar com regularidade. 

 

Já na região Sul no Brasil, a  AgRural destacou que a semeadura está praticamente concluída, mas o clima continua no radar do produtor já que o frio fora de época manteve as temperaturas mais baixas e acabaram impactando o ritmo de desenvolvimento das lavouras. 

 

Mercado na última semana 

Com relação ao mercado, a atualização do Centro de Pesquisas Econômicas da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Cepea, da Esalq/USP), neste início de novembro, destacou que as paralisações dos últimos dias resultaram em negócios mais lentos no Brasil. A análise destacou que os bloqueios em rodovias nacionais acabaram dificultando o escoamento do produto, o que consequentemente levou o consumo de mercadorias que estavam em estoques. 

 

"Além disso, as cotações internacionais, que vinham dando suporte aos valores nos portos brasileiros, também recuaram, influenciados pela retomada das exportações de grãos por meio do Mar Negro", destacou.