
Reta final de 2022 pode trazer novas, e boas, oportunidades de venda para o milho brasileiro
Pátria Agronegócios destaca que indústrias nacionais devem voltar às compras antes das festas de final de ano e avanço das tratativas entre Brasil e China é outro ponto animador no horizonte
A reta final de 2022 pode trazer novas oportunidades de comercialização para o milho brasileiro, com boas margens aos produtores, de acordo com o sócio-diretor da Pátria Agronegócios, Matheus Pereira, ouvido pela reportagem do site Notícias Agrícolas.
Ele explica que há alguns pontos que se destacam e que dão estímulo às vendas, como, por exemplo, a volta das indústrias nacionais ao mercado após o término de seus estoques constituídos na boca da colheita e antes da chegada das festas de final de ano.


“O grande freio de mão do mercado nacional atualmente é a indústria que está se mantendo mais avessa a entrar no mercado, apostando em um arrefecimento dos preços na reta final do ano. Este movimento é muito semelhante ao que a gente observou nos últimos dois anos, essa mudança estrutural na maneira de consumo do consumidor doméstico, da indústria brasileira, deixando estas compras para serem feitas mais para o final do ano, fazendo estoques na boca da colheita (entre julho e final de agosto)”, disse o analista, relembrando que a indústria nacional absorve cerca de dois terços da produção do cereal.
Outro fator positivo no horizonte do produtor brasileiro é o avanço contínuo nas tratativas entre Brasil e China para a liberação das exportações de milho brasileiro ao país asiático, o que pode alavancar ainda mais as exportações nacionais, que já devem encerrar o atual período em janeiro de 2023 contabilizando recorde de embarques.
“Até o momento, a gente não tinha a China com capacidade de compra do Brasil, concentrando novas aquisições no mercado norte-americano. Porém, recentemente, a gente tem visto a finalização das tratativas entre os governos brasileiro e chinês para finalmente liberar os embarques do cereal do Brasil em direção ao gigante asiático”.
Pereira também destaca o otimismo no mercado de cereais, iniciado com o conflito armado no Leste Europeu entre Rússia e Ucrânia, colocando dois principais players na produção de cereais (um o trigo, o outro o milho) focados na resolução de conflitos geopolíticos, o que resultou em um redirecionamento da demanda que seria por aqueles cereais para outros países.


“Grande parte dos cereais são produzidos no Leste Europeu, Norte da Ásia ou nas Américas. Sendo assim, grande parte dessa demanda que ia buscar estes cereais no Mar Negro começou a migrar para as Américas (tanto Sul quanto Norte), e em especial na América do Sul, a gente teve um boom de expoortações incentivado pela carência de oferta em decorrência do conflito geopolítico”, afirma Pereira.
O especialista lembra também que houve seca na Europa, reduzindo o total da produção das safras de cereais em cerca de 30%, outro fator que estimulou o europeu, que é um dos principais consumidores do grão ucraniano e russo, a vir buscar o produto nas Américas, incluindo o Brasil.
“Os valores do milho brasileiro estão muito competitivos, os descontos do milho no Brasil em relação aos Estados Unidos estão muito agressivos e grande parte disso vem por quem está comprando, quem tem o poder de compra ao cereal do Brasil e dos Estados Unidos”, pontua o analista.
Para o produtor que ainda tem milho disponível da última safra, existe uma certa falta de intenção de venda do produtor que tem este produto estocado e que já se planejou em carregar este cereal para o próximo ano. Porém, a título de mercado, de fato, há a retomada da indústria, que está próxima de um esgotamento dos estoques formados durante a colheita e que deve voltar às compras nos próximos 30 dias, antecedendo as festividades de final de ano. Também é preciso considerar a China finalizando as negociações com o governo brasileiro para enfim colocar os grãos em linha de escoamento em direção ao gigante asiático.
“Já existia o acordo de que estes grãos seriam embarcados a partir de fevereiro, que é o novo ciclo comercial da safra brasileira, que vai de fevereiro ao final de janeiro. Entretanto, é muito provável que estes embarques sejam antecipados para a segunda metade de novembro ou para o começo de dezembro”.