Safra de laranja do Brasil é estimada em 309 milhões de caixas, mas greening segue no radar
Orientação continua sendo a remoção das árvores contaminadas para deter avanço da doença
A safra de laranja do Brasil tem projeção de 314,09 milhões de caixas, de acordo com dados da primeira reestimativa da safra 2022/23 divulgada recentemente pelo Fundo de Defesa da Citricultura (Fundecitrus). Se confirmado, o valor corresponde a uma queda de 0,9% quando comparado com a primeira estimativa divulgada em maio deste ano.
Segundo o relatório, a queda na produção está atrelada ao baixo volume de chuva registrado nas principais áreas de produção nos últimos meses, o que acabou interferindo no crescimento dos frutos.
Vinícius Trombini, coordenador de pesquisa do Fundecitrus, afirma que o volume de chuva registrado nos quatro primeiros meses da safra é equivalente apenas à metade do esperado com base na média histórica. Ainda assim, quando se compara com as condições do tempo observadas neste mesmo período no ano passado, o cenário é mais positivo.
“De forma geral, os frutos colhidos estão pequenos, em função da falta de um volume significativo de chuvas na maior parte do cinturão citrícola e da boa carga de frutos nesta safra”, explica Trombini.
Também passou por revisão o peso médio dos frutos para todas as variedades em produção. São estimados agora 261 frutos por caixas, ou seja 156 gramas por fruto. Em maio, foram projetados 258 frutos por caixa, com 158 gramas cada.
O Fundecitrus destacou ainda que os frutos com os menores tamanhos estão sendo colhidos no setor Sul do cinturão, que inclui as regiões de Porto Ferreira e Limeira, onde também foram observadas as maiores diferenças do acumulado de chuvas em relação à média histórica. A projeção da taxa de queda de frutos diminuiu de 20,0% para 19,80%, em média, entre todas as variedades.
Greening no radar
Apesar dos números serem positivos em relação ao ano passado, o Fundecitrus continua alertando os produtores sobre a importância de combater o greening nas principais áreas de produção.
Os dados do levantamento anual da incidência da doença, divulgado recentemente, mostraram que a média da doença subiu de 22,37% (2021), para 24,42% neste ano. O número representa alta de 9,16% nos últimos 12 meses.
O relatório destaca que a situação exige mais esforço dos citricultores para um controle mais eficaz. Nas regiões de Brotas, Limeira e Porto Ferreira, onde a incidência já era alta nos anos anteriores, o greening avançou a níveis ainda mais preocupantes, com 49,41%, 70,72% e 47,05% respectivamente.
“Estamos vendo a doença crescer em uma velocidade que preocupa. Porém, ao mesmo tempo, os resultados obtidos em propriedades de regiões que registraram queda ou estabilização da doença reforçam a nossa confiança que as medidas de combate ao greening são eficazes. Esse sempre foi o caminho e sempre será, até que consigamos chegar a plantas resistentes à doença. Porém, precisamos de mais esforços”, reforça o gerente-geral do Fundecitrus, Juliano Ayres.
Nas áreas de Duartina e Avaré, o relatório apontou incidência acima da média de todo o cinturão, com 25,37% e 31,80%, porém, quando se compara com os últimos anos, foi observado redução das doenças nessas áreas. Em Altinópolis e Bebedouro, o índice segue abaixo da média, com 15,96% e 7,43%.
"O ponto negativo foi o aumento expressivo da incidência nas regiões de São José do Rio Preto (de 5,32% para 14,50%) e Itapetininga (de 4,25% para 7,15%), regiões que apresentavam baixas incidências nos anos anteriores. Positivamente, na região de Matão, a incidência vem diminuindo nos últimos seis anos (8,90%) e nas regiões do Triângulo Mineiro e Votuporanga, as incidências permanecem baixíssimas (menos de 0,1%)", afirma a publicação.
Os dados mostraram ainda que além do clima favorável para doença, ainda existe um número considerável de pomares e grande número de médias e pequenas propriedades, que ainda estão dificultando as ações de controle contra a doença. O Fundecitrus destaca que o grande problema está nas árvores que não estão eliminadas.
“Esse trabalho não vem sendo feito com a frequência necessária, principalmente nas épocas de brotação. Também tem se observado falhas de cobertura de pulverização, principalmente no topo da copa das árvores adultas e em pomares adensados”, detalha o pesquisador do Fundecitrus Renato Bassanezi.
Outro fator extremamente importante que tem prejudicado a eficácia de controle do psilídeo é o uso repetitivo de inseticidas do grupo dos piretroides sem a rotação adequada com inseticidas com outros modos de ação, fato que ocasionou, recentemente, a detecção da resistência do psilídeo a esse grupo químico em alguns locais.