
Milho verão já tem 47% de área semeada no estado do Rio Grande do Sul, aponta Emater
Volume fica pouco acima da safra passada, mas dentro da média dos últimos cinco anos
De acordo com dados divulgados pela Emater/RS-Ascar neste mês de setembro, a semeadura de milho no Rio Grande do Sul já estava em 47% dos 831.786 hectares estimados para a safra de milho verão 2022/23. O volume é superior aos 44% observados neste mesmo período no ano passado, mas fica dentro da média dos últimos anos no estado gaúcho.
Segundo o Informativo Conjuntural da entidade, o avanço na safra foi possível graças ao tempo mais seco e longos períodos de insolação que reduziram o teor de umidade nos solos. O levantamento apontou ainda que os trabalhos foram mais lentos na região Oeste do estado do Rio Grande do Sul.
O relatório mostrou ainda que as áreas semeadas estão em fase de germinação ou em descanso vegetativo, com estande considerado dentro da normalidade nas fases atuais.


“Entretanto, ainda se percebe que o desenvolvimento inicial das plantas é mais lento em função das baixas temperaturas ocorridas no período. Nas lavouras com precipitações insuficientes, o manejo de plantas daninhas e a adubação em cobertura foram adiados devido à baixa umidade nos solos, aguardando novas chuvas para serem efetuados”, alerta a publicação.
Segundo a entidade, esse é o quarto ano com incremento de área cultivada com a cultura no estado, com alta de 6% em relação ao ciclo anterior. Já a estimativa de produção é de colheita de 6,1 milhões de toneladas, se confirmado, o número representa 104% a mais que na temporada 21/22.
“É muito importante esse cenário que temos no milho, que é a base para a transformação de outros produtos. O estado precisa do milho como base de sustentação porque temos uma agro indústria muito forte no setor de transformação de carne, leite e ovos e o milho é o insumo que mais temos necessidade”, afirma o diretor técnico da Emater/RS-Ascar, Alencar Rugeri.
Produção de milho em outras áreas do país
No Boletim Semanal da Casa Rural, a Federação da Agricultura e Pecuária do Mato Grosso do Sul revisou os números de previsão de produtividade na safrinha de milho do estado. Segundo o último relatório, 97,6% das lavouras do estado haviam sido colhidas até o último dia 16. O volume é inferior aos 98,8% em relação ao ciclo anterior e também abaixo dos 99,2% da média registrada nos últimos cinco anos.
“A semana passada foi marcada por variações térmicas e chuva em parte dos municípios do estado. A chuva teve sua maior concentração na região sul do estado, proporcionando o início do plantio da soja após o encerramento do vazio sanitário", destacou o relatório. A Famasul mostrou ainda que 80,6% da área está apresentaram boas condições, 13,9% regular e 5,5% restantes em condições ruins.
A estimativa de produção para o milho safrinha no estado 2021/22 em termos de área permaneceu em 1,992 milhão de hectares, o que representa 12,6% em relação ao registrado na segunda safra de 2020/2021. Já a produtividade teve reajuste, saindo de 78,13 sacas por hectare para 96 sacas por hectare. A produção total deverá subir para 11,477 milhões de toneladas ante as 9,34 milhões estimadas anteriormente.
Com relação ao mercado, o preço médio da saca de milho no estado avançou neste mês de setembro. Entre os dias 12 e 19, a saca do cereal em Mato Grosso do Sul passou de R$70,45 para R$ 72,21 uma alta semanal de 2,50%. Na comparação anual, o valor da saca caiu 11,44% com os R$ 81,70 praticados em setembro de 2021 e os R$ 71,53 contabilizados na média de setembro de 2022. Com relação ao volume negociado, chega a 42% da produção estimada na segunda safra de 2022.
Exportação de milho no Brasil
A nova safra de milho deve garantir que o Brasil siga com balança comercial positiva no cereal. De acordo com dados do Ministério da Economia, por meio da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), a exportação de milho do Brasil chegou a 5,1 milhões de toneladas em setembro de 2022, mesmo sem ter fechado o mês. O volume representa alta de 78,99% ante o mesmo período do ano passado.
Os dados deste final de mês mostraram que a média diária de embarque ficou em 318.858,8 toneladas. Em comparação com o mesmo período em 2021, o volume representa alta de 134,9% quando o volume foi de 135.236,3.
De acordo com informações do analista de mercado, Ruan Sene, repassadas ao Notícias Agrícolas, o volume de embarque em setembro deve superar as 6.161.341,9 toneladas registradas em agosto, com recorde de exportação brasileira. O volume é significativo devido à demanda da Europa aquecida e a possibilidade de compras da China ainda neste ano.
Em relação à balança comercial, o Brasil arrecadou um total de US$ 1,444 bilhão até aqui, contra US$ 534,134 milhões de todo o mês de setembro do ano passado. Na média diária, isso significa setembro de 2022 com US$ 90,269 milhões por dia útil. No ano passado, o valor foi de US$ 25,435 milhões.
Também foi observada alta no preço obtido por tonelada, que subiu 51,1% no período, saindo dos US$ 187,40 no ano passado para US$ 283,10 neste mês de setembro.
Já com relação à importação de milho, os dados da Secex também mostraram diferença em relação ao ano passado. Até agora, o Brasil importou 322.943 toneladas de milho não moído, exceto milho doce. Na prática, os números representam que nos primeiros 16 dias úteis do mês, o Brasil recebeu alta de 79,2% do volume registrado no mesmo mês em 2021, que teve volume de 407.379,2 toneladas.
A média diária foi de 20.183,9 toneladas contra 19.399 do mesmo mês do ano passado, aumento de 4%. Já com relação aos valores médios diários gastos no mês, foi observado que saíram de US$ 4,715 milhões em 2021 para US$ 4,384 milhões neste setembro, queda de 7%. Os preços dispensados por tonelada importada também caíram 10,6% saindo de US$ 243,10 para US$ 217,20.
Produção de milho na Argentina
Esta reta final de setembro também foi marcada pela divulgação de dados da Bolsa de Cereais de Buenos Aires, que trouxe os primeiros reportes em relação à safra de milho na temporada 2022/23 na Argentina. O relatório mais recente apontou que 3% da área, até agora estimada em 7,5 milhões de hectares, já foi semeada.
“Grande parte das lavouras já incorporadas estão localizadas nas províncias de Entre Ríos e Santa Fé, concentradas em setores com melhor umidade superficial”, destaca a publicação. O índice do plantio representa 5,5 pontos percentuais inferior ao registrado no mesmo período na safra passada.
“A falta de umidade nos primeiros centímetros do perfil em grande parte da parte leste da área agrícola faz com que o plantio não acelere. Além das reservas limitadas de água, as baixas temperaturas do solo também atrasam o início das atividades. É necessário que durante o restante da janela de plantio antecipado, as chuvas sejam reativadas para materializar a incorporação das praças orçadas”.
Segundo a Bolsa de Cereais, 22,4% da área projetada foi plantada no Centro-Norte de Santa Fé. A entidade apontou ainda que os trabalhos também avançavam em direção à área Centro-Leste de Entre Ríos.
Já as regiões Norte e Sul ainda têm atrasos significativos no plantio. Segundo a Bolsa, não há nível de água suficiente no solo para dar início aos trabalhos. Para a província de Córdoba, projeta-se que grande parte das plantações de cereais seja incorporada em datas tardias.