Principais exportadores de arroz pensam em aumentar preços, mas medida não seria viável ao mercado
Se aprovada a medida, ação daria espaço para Índia avançar ainda mais no mercado global do grão.
O mercado de arroz recebeu nos últimos dias a notícia de que o Vietnã e a Tailândia previam aumentar de forma conjunta os preços do produto, com objetivo de aumentar também o poder de negociação no mercado internacional.
A informação foi publicada pela primeira pela agência de notícias Bloomberg, que informou que a afirmação foi feita pelo primeiro-ministro tailândes Prayuth Chan-Ochan.
A princípio, a ideia é que a medida tomada em conjunto pudesse beneficiar milhares de produtores de arroz nas duas origens produtores, que vêm sentindo os impactos do alto custo de produção à medida que os preços do grão não acompanham tal valorização.
Ainda de acordo com a publicação, no caso do Vietnã, quem participou da reunião foi o vice-ministro da Agricultura e Desenvolvimento Rural do Vietnã, Tran Thanh.
A notícia foi publicada no último dia 28 de maio, destacando que a ameaça de aumentar os preços nos dois principais países exportadores do grão acontece justamente em um momento de inflação descontrolada.
Diante deste cenário, existe ainda no mercado a preocupação de que a Índia possa vir a restringir as exportações do grão depois de movimentações parecidas no açúcar e no trigo, pressionando os mercados internacionais que já sentem os impactos da guerra entre Rússia e Ucrânia.


A análise pontua que o preço do arroz seguiu nas últimas semanas abaixo do pico de alta, mas que tem sido o grão básico que vem dando suporte para evitar que uma crise alimentar global se agrave diante dos impasses no Leste Europeu.
Produtores de outros grãos, como por exemplo, milho e trigo, viram as cotações avançarem fortemente à medida que o mercado entendeu a pausa no fornecimento por parte da Ucrânia.
Além de estar tomada pela Rússia, o país enfrenta severos problemas logísticos e de armazenamento da produção agrícola, áreas que foram duramente afetadas pelos bombardeios russos. No caso do arroz, a cotação permaneceu estável diante dos estoques inalterados nos últimos meses.
Vale lembrar que o acordo de aumento de preços estava sendo avaliado pelo segundo maior exportador de arroz do mundo, a Tailândia, e pelo terceiro maior exportador, o Vietnã. Os últimos relatórios mostram que os dois países juntos correspondem por um quarto do comércio global de arroz. Já a Índia se mantém como líder global, com participação sozinha de 40%. Entre os importadores, se destacam China, Filipinas e Nigéria.
Aumentar os preços, no entanto, não seria possível, avalia indústria
A discussão no aumento dos preços ganhou um novo ingrediente no dia 30 de maio.
De acordo com análise publicada pela agência de notícias Reuters, a ação é considerada "impossível", em sinalização realizada pela indústria.
Além disso, a publicação levantou a hipótese de o país vietnamita ainda não ter conhecimento oficial da movimentação. A Reuters destacou que Chookiat Ophaswongse, presidente da Associação de Exportadores de Arroz, afirmou que a associação ainda não foi consultada, mas que a informação não foi "bem pensada".
"A Tailândia e o Vietnã não são os maiores exportadores, combinados são menos do que a Índia e fariam com que os compradores se voltassem para os concorrentes", disse o presidente Chookiat à agência de notícias.
A análise levanta ainda os números da Índia no mercado global e destacou que os preços atingiram o menor nível dos últimos cinco anos na semana passada "devido à rúpia indiana mais fraca e à oferta abundante entre os principais países exportadores" disse Ophaswongse.
Vale lembrar que o arroz branco, 5% quebrado proveniente da Índia, é US$ 50 por tonelada mais barato que o Vietnã e o diferencial pode chegar a US$ 100 por tonelada mais barato que o arroz da Tailândia.
"Os mecanismos de preços não funcionarão sem a participação da Índia. O arroz indiano já é muito mais barato... Se outros aumentarem os preços, é natural que os compradores mudem para a Indía", relatou uma trading global.