ARROZ IRRIGADO: Santa Catarina e parte do Paraná têm Zoneamento Agrícola de Risco Climático atualizado
A temperatura é um dos elementos climáticos de maior importância para crescimento, desenvolvimento e produtividade do arroz.
No último dia 30 de junho, segundo a Embrapa, foi publicada portaria que define o novo Zoneamento Agrícola de Risco Climático (Zarc) para a cultura do arroz irrigado em região subtropical, mais especificamente em Santa Catarina e parte do Paraná.
O documento identifica as áreas de risco e define períodos de baixo risco climático para implantação e produção do arroz irrigado, como forma de mitigar perdas, conseguir maiores rendimentos e, desta forma, servir como base para concessão de crédito e seguro rural. O levantamento foi realizado pela Embrapa Clima Temperado (Pelotas, RS), com colaboração da Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri).
O estudo leva em conta os períodos de semeadura e municípios favoráveis para o cultivo do arroz irrigado tendo como base três níveis de risco climático: 20%, 30% e 40%. Foram considerados aptos ao cultivo de arroz irrigado, segundo a Embrapa, “os municípios que apresentaram condições climáticas dentro dos critérios estabelecidos - com possibilidade de sucesso de 80%, 70% e 60%, respectivamente - em, pelo menos, 20% de sua área e em, no mínimo, 80% dos anos avaliados”.
Segundo a entidade, os resultados são apresentados em tabelas de classes de risco delineadas por município, solo, ciclo e decêndio do ano, disponibilizadas pelo Departamento de Gestão de Riscos do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (DEGER/Mapa). Também é possível acessar os dados por meio do Painel de Indicadores, nas Portarias de Zarc por estado ou no aplicativo Zarc Plantio Certo, disponível para dispositivos com sistema operacional Android e IOS.
Método e novos critérios de avaliação
O estudo utiliza séries históricas obtidas a partir de redes de estações terrestres, meteorológicas e pluviométricas mantidas por instituições ou empresas públicas estaduais e nacionais, como afirma o reporte da Embrapa. “Já as informações referentes às cultivares, disponibilizadas pelas instituições responsáveis pelos materiais, foram agrupadas em três grupos, conforme a duração média do ciclo, da semeadura à maturação, e da duração das fases de interesse para avaliação de riscos”, ressalta a instituição.
Sobre as condições térmicas, o reporte integra novos critérios com foco nas características específicas desses estados, diferenciando-se do Zarc realizado para a cultura do arroz irrigado no Rio Grande do Sul em 2018. “Agora, também são considerados
- Risco de frio (três dias consecutivos com temperatura mínima do ar menor ou igual a 15º C na pré-floração);
- Risco de calor excessivo (três dias consecutivos com temperatura máxima do ar maior ou igual a 35º C na floração);
- Risco de geada”.
Acesse mais dados aqui: https://indicadores.agricultura.gov.br/zarc/index.htm


Segundo Silvio Steinmetz, pesquisador da Embrapa Clima Temperado responsável técnico pelo trabalho, os dois primeiros critérios foram utilizados para definir os períodos de semeadura nas áreas tradicionais de cultivo, e o risco de geada para delimitar os períodos de semeadura nas áreas não tradicionais de cultivo, como as situadas em áreas de maior altitude. “Essas escolhas foram feitas porque essas temperaturas estão ocorrendo com frequência, pelo aumento do evento de ondas de calor e ondas de frio”, explica. De acordo com o documento, a temperatura é um dos elementos climáticos de maior importância para crescimento, desenvolvimento e produtividade do arroz.
Regionalidades
De acordo com o pesquisador da Embrapa Agricultura Digital, Ivan de Almeida, responsável pela párea de agrometeorologia e geoprocessamento do zoneamento, o sistema de produção de arroz irrigado em Santa Catarina e litoral paranaense se difere pelo emprego de semeadura pré-germinada. Já no Rio Grande do Sul, a semeadura para que a germinação ocorra no interior do solo é o sistema que predomina.
“Em Santa Catarina, 83 municípios irrigantes são impactados diretamente com esta tecnologia. Já no Paraná, este resultado repercute para toda a área considerada como subtropical, com destaque para os municípios do Núcleo Regional de Paranaguá, pois o restante do estado, incluindo a maior região produtora de arroz irrigado, localizada na região Noroeste, já conta com outro Zarc para regiões tropicais”, diz.
Em termos produtivos, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), cerca de 82% do arroz irrigado por inundação produzido no Brasil é oriundo da região subtropical. O estado do Rio Grande do Sul é responsável por 70,1% desse montante, enquanto Santa Catarina representa 10,2% e o Paraná 1,3%.