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Conab: Abril fechou com redução nos valores dos fretes em Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Bahia e em parte de Goiás

Queda nos preços ocorreu em função da redução nas movimentações estaduais, principalmente da safra da soja


No último dia 20 de maio, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) divulgou seu Boletim Logístico referente ao mês de abril, detalhando que houve recuo nos valores cobrados pelo frete em parte dos estados de Goiás, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso e Bahia. Conforme a análise da entidade, esta queda nos preços ocorreu em função da redução nas movimentações estaduais, principalmente da safra da soja.

 

Em Mato Grosso, os preços dos fretes diminuíram no mês de abril justamente porque as movimentações das cargas de soja no estado caíram. Segundo a Conab, em janeiro, o escoamento da oleaginosa em direção aos portos brasileiros estava aquecido, e aos poucos, até abril, a demanda para o transporte desta carga foi minguando até começar a reduzir também os preços deste serviço no local. Estas baixas nos valores devem, inclusive, se estender até o final de maio.

 

 

“A partir de junho, no entanto, o que se espera é que os fretes venham a apresentar elevação, em virtude da colheita do milho segunda safra, com início previsto para fins de maio e início de junho. Os preços estão prenunciados a manterem-se aquecidos durante junho e julho, período de colheita da safra de milho e algodão”, pontua o reporte da Conab. 

 

Passando a olhar para o Mato Grosso do Sul, também houve uma redução da demanda por transportes de carga ao longo de abril, de forma gradativa, como explica a análise da companhia. Esta diminuição foi ocorrendo ao passo em que agentes da área de transportes foram testando até que ponto chegaria o limite da oferta de preços ao se observar o volume que seria disponibilizado para carregar os caminhões e qual seria a destinação destas cargas. 

 

Corroboram com a diminuição nos preços dos fretes os dados divulgados pela plataforma ComexStat, ligada ao governo federal, e que apresenta dados de exportação. Em abril, foram embarcadas de Mato Grosso do Sul rumo ao mercado externo 473.816 toneladas de soja, volume menor do que as 769.987 toneladas contabilizadas em março deste ano.

 

Para o exterior, segundo a Conab, os destinos que mais receberam as cargas da oleaginosa para a saída do Brasil foram os Portos de Paranaguá e São Francisco do Sul (PR), seguidos de Santos (SP) e Rio Grande (RS). A companhia destaca também o porto fluvial de Porto Murtinho (MS), por onde passaram quase 49 mil toneladas da oleaginosa no último mês de abril. 

 

Conforme a análise da Conab, esta queda nos preços ocorreu em função da redução nas movimentações estaduais, principalmente da safra da soja - Foto: CNA

 

Falando nos trajetos internos partindo do estado do Mato Grosso do Sul, as mais utilizadas foram aquelas que levam às indústrias de processamento, no Rio Grande do Sul, Paraná, e Santa Catarina. A razão para isso é a demanda externa pelo óleo de soja. 

 

Outro ponto que se liga à queda no preço dos transportes em Mato Grosso do Sul é a questão de vendas de soja. Conforme números da Aprosoja/MS, no mês de abril deste ano,  61,5% da safra de soja 2021/22 do estado foi comercializada, perfazendo um recuo de 7%, quando se compara ao volume calculado na safra anterior para o mesmo período. 

 

“O bom momento das cotações das commodities agrícolas nesta safra favorece os produtores que, capitalizados, optam por comercializar o produto que excedeu à cobertura dos custos de produção no momento mais oportuno, cadenciando o escoamento e suavizando os picos de movimentação de cargas, afetando assim, os preços dos fretes agrícolas”, explica a Conab no documento.

 

Entretanto, deve haver mudança no comportamento do setor de transporte de cargas de grãos nos meses que virão, aponta a entidade. A colheita da segunda safra de milho está perto de começar em Mato Grosso do Sul, e será necessário retirar o restante da soja para abrir espaço para o cereal, o que vai fazer com que o valor do frete volte a aumentar.

 

Conforme aponta o relatório logístico da Conab, a maior parte das transportadoras do estado de Goiás registrou movimento semelhante ou pouco inferior ao mesmo período de 2021, o que manteve estáveis os preços dos fretes ou com leves quedas.

 

“Estima-se que o volume de exportação de grãos em Goiás, ainda que inferior ao de março, supere o do exercício anterior. Até abril de 2021 as partidas de soja para exportação por via rodoviária totalizaram 3.302 mil toneladas. Até março/22 os embarques da oleaginosa somaram 2.574 mil toneladas, tendo sido registrado neste mês o maior movimento, com 1.500 mil toneladas. No caso do milho, os embarques para exportação no mesmo período de 2021 e 2022 praticamente se equipararam, ficando em torno de 200 mil toneladas”, informou a Companhia. 

 

Entre os destinos por via rodoviária mais demandados estão as rotas portuárias da Baixada Santista e Paranaguá, que também receberam bons volumes de milho da safra/21, partindo do Município de Cristalina. Pela análise da Conab, a motivação é que as tradings devam estar liberando espaço nos armazéns para poderem receber o cereal da segunda safra, uma vez que os armazéns que estão ocupados com soja, estão no limite da capacidade. 

 

Partindo de Goiás para o mercado interno se observa movimentação em direção a Santa Catarina e São Paulo, volumes voltados para as fábricas de ração originados do Município de Bom Jesus de Goiás. Houve recuo na movimentação pela rota de Araguari devido ao congestionamento para a descarga. 

 

Olhando o panorama geral, os valores dos frete recuaram 7,8% em relação a março, registrando-se os menores patamares de preços para cargas partindo de Cristalina, com queda em média de 17%. 

 

“Para as transportadoras, considerando o recuo nos preços, a movimentação dos grãos em maio deverá seguir com redução até o início da colheita do milho segunda safra quando retomará ritmo mais intenso; movimento que pode ser antecipado com a premência gerada pela safra de milho, dado que os armazéns operam com 100% da sua capacidade estática. Já a partir de Bom Jesus de Goiás estão crescendo em volume os embarques para transbordo no ramal ferroviário de Rio Verde (GO), distante 137 km, pela BR 452 a um custo médio de R$55,00/t, está se tornando vantajoso o embarque de grãos naquela plataforma ferroviária, que também vem provocando mudanças na logística local de transporte rodoviário”, detalha a Conab. 

 

O Boletim da companhia pontua que, para o Distrito Federal, os preços dos fretes se mantiveram firmes, e devem mostrar recuperação em função do incremento da oferta de milho devido à colheita da segunda safra do cereal. 

 

Os trajetos que levam às regiões Sul e Sudeste do país continuam demandados, em razão da ampliação dos embarques para o mercado externo e internamente, pela demanda industrial para a fabricação de ração para animais, com foco especial para aves e suínos. 

 

Também seguem a linha da estabilidade os fretes partindo do Paraná, de acordo com o relatório da companhia quando se compara os resultados de abril deste ano com março de 2022. Isso se dá em razão da finalização da colheita da soja, criando um hiato momentâneo nos transportes até que haja a entrada do milho safrinha. 

 

Na Bahia, entretanto, os preços dos transportes recuaram. Olhando para os fretes na região oeste, houve recuo de 11,3% em abril quando comparada ao mês passado na principal rota estadual com sentido Luiz Eduardo Magalhães a Salvador, focando no escoamento da soja. 

 

“Dois fatores influenciaram essa redução: 1) a finalização da colheita da soja na região Centro-Oeste do Brasil, ocorrida em março, e 2) a predominância do tempo chuvoso na região onde está localizado o porto de Cotegipe, em Salvador. Com a conclusão da colheita da soja na região Centro-Oeste houve um aumento da oferta de caminhões para a região oeste da Bahia, provocando consequentemente uma pressão baixista nas tarifas praticadas”, destaca o reporte. 

 

Na região metropolitana de Salvador, as chuvas recorrentes acabaram atrapalhando os embarques de soja no Porto de Cotegipe, causando demora no carregamento da soja da região Oeste e, por sua vez, provendo maior disponibilidade de caminhões à espera de carga. Isso influenciou nos preços dos fretes, recuando os preços em abril no comparativo com maio.

 

“Devido ao déficit de armazenagem da região, parte dos grãos tem sido armazenada em silos bolsa. Com a colheita das lavouras de milho estimada em 20% da área, equivalente a aproximadamente 417,5 mil toneladas, o cereal produzido no oeste baiano teve como principais destinos em abril: 1) o estado de Minas Gerais, 2) o mercado internacional através do porto de Ilhéus/BA, e 3) a região de Feira de Santana/BA” aponta a análise. 

 

Exportações de grãos

O Boletim Logístico da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) traz ainda o levantamento das exportações de soja e milho no mês de abril. Em relação à oleaginosa, houve um recuo contínuo nos embarques da oleaginosa, chegando a 11,48 milhões de toneladas, o que representa queda de 6,3% frente ao registrado no mês anterior, e de 28,7% comparado a abril de 2021. 

 

Já os embarques do milho brasileiro, que em março deste ano foi praticamente inexpressivo em relação aos meses anteriores, de acordo com a Conab, chegaram a 690 mil toneladas, quantia influenciada pelas cotações internacionais do cereal.