Trigo: dicas para uma lavoura bem sucedida desde a pré-semeadura
Plantio em áreas bem drenadas, com sementes tratadas e níveis de nitrogênio equilibrados são medidas para sucesso do trigo
De acordo com levantamento da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a safra 2021/2022 de trigo pode bater um recorde histórico no Brasil, com estimativa de 8,4 milhões de toneladas. Escolher a cultivar de trigo ideal para a região e respeitar o Zoneamento Agrícola para Risco Climático são duas medidas essenciais para se preparar para o plantio da cultura de inverno.
Principalmente plantado no Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná, o trigo já tem mostrado adaptabilidade à região Centro-oeste, com lavouras em Goiás e Distrito Federal. O trigo na região do Cerrado pode ser cultivado em sistema de sequeiro ou irrigado. No primeiro caso, o trigo é semeado no fim das chuvas, geralmente em fevereiro, assim a maturação de grãos e a colheita são feitas na época seca. Já a semeadura irrigada costuma acontecer em maio, com o uso de pivôs para irrigação.
Para contribuir com o aumento de volume no mercado interno, o produtor precisa estar atento ao manejo correto do solo, a fim de ter rentabilidade e produtividade positivas ao longo da safra. Afinal, a semeadura anual de trigo, triticale, cevada, centeio ou azevém na mesma área é a principal causa de doenças do sistema radicular dessas espécies.
Dicas para pré-semeadura do Trigo
Algumas ações de manejo de trigo são fundamentais nos estádios iniciais de desenvolvimento da cultura e devem ser planejadas antes mesmo da implantação do trigo. Na pré-semeadura, o primeiro cuidado é com o preparo do solo, quando algumas decisões precisam ser tomadas.
- Evite a semeadura em áreas mal drenadas e/ou expostas a temperaturas muito baixas;
- Defina entre os sistemas de cultivo convencional, mínimo ou semeadura direta;
- Realize a análise e o preparo do solo;
- Defina a estratégia de adubação e/ou calagem;
- Programe-se para fazer a semeadura no período estabelecido pelo Zoneamento Agrícola do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) para o município;
- Use sementes tratadas com produtos indicados e registrados para a cultura.
Segundo os engenheiros agrônomos João Leonardo Fernandes Pires e Henrique Pereira dos Santos, da Embrapa Trigo, os solos utilizados pela triticultura no Brasil são, predominantemente, profundos, bem drenados e distribuídos em relevos sem limitações para a mecanização agrícola.
Na maior parte da área cultivada com trigo no Brasil utiliza-se a semeadura direta da cultura em sucessão, principalmente à soja. Neste sentido, os pesquisadores indicam a adoção do sistema plantio direto. Assim, é preferível que o produtor opte não somente pela semeadura do trigo após a colheita da cultura anterior, mas adote a rotação de culturas, com a manutenção permanente da cobertura do solo.
Saúde do solo
No intervalo entre a colheita da safra de verão e a semeadura do trigo no inverno acontece o vaxio outonal, quando a área fica mais sucetível a plantas daninhas. Por isso, a indicação da Embrapa é semear plantas de cobertura logo em seguida à colheita da soja.
Em paralelo, como o nitrogênio é o elemento mais demandado pela planta de trigo, é aconselhável que a planta de cobertura seja uma leguminosa ou outra espécie como o nabo forrageiro. Enquanto a leguminosa promove retorno rápido de nutrientes, a gramínea contribui para a preservação do solo. Assim, a presença equilibrada de nitrogênio facilita o processo de fotossíntese e a formação de proteínas nos grãos.
Ainda de acordo com a Embrapa, as aplicações do nitrogênio no trigo em cobertura devem ser feitas no afilhamento e no alongamento. Isso porque, estes são períodos em que a planta precisa de muita energia, tanto para formar área de foliar quando para enchimento dos grãos.