Cultivo de cereais de inverno ganha força como alternativa ao milho para alimentação animal
Indústria de proteína tem enfrentado dificuldades na alimentação dos animais diante da escassez do milho em estados da região Sul


O cultivo dos cereais de inverno, como o trigo, o triticale, o centeio, a aveia e a cevada e outras, na região Sul do Brasil tem ganhado força. Diante dos preços altos do milho e a dificuldade de se conseguir o produto utilizado como importante componente da alimentação animal, produtores encontraram oportunidade de negócio no cultivo desses cereais. Inclusive, com suporte de governos, para ampliação de áreas de produção.
A saca do milho neste ano de 2021 chegou a ser vendida por mais de R$ 100 em algumas praças de comercialização do Brasil. Em alguns locais, houve, inclusive, falta do produto devido a perdas severas na safra por intempéries climáticas. Com isso, uma articulação entre grandes estados produtores de carne suína, aves de corte, ovos e leite, foi formada para estimular o plantio de cereais para utilização como alternativa ao milho na composição das rações.
Aportes financeiros e auxílio técnico no desenvolvimento de cultivares adequadas à alimentação animal e do desempenho destes cereais na nutrição dos bichos fazem parte da iniciativa.
"Aqui no estado criamos o Projeto de Incentivo ao Plantio de Cereais de Inverno Destinados à Produção de Grãos, que subvenciona 50% do valor das sementes de cereais de inverno destinadas à fabricação de ração. Na outra ponta, a Embrapa Suínos e Aves, em conjunto com a Embrapa Trigo, está trabalhando no desenvolvimento de cultivares adaptados para a produção de cereais voltados à fabricação de ração. São passos importantes para diversificarmos ainda mais a economia dos dois estados", destaca o secretário da Agricultura, da Pesca e do Desenvolvimento Rural, Altair Silva.
Conforme dados da pasta catarinense, o investimento é de R$ 5 milhões para o Projeto de Incentivo ao Plantio de Cereais de Inverno Destinados à Produção de Grãos. Os produtores receberão uma subvenção de R$ 250 por hectare efetivamente plantado com trigo, triticale, centeio, aveia e cevada, em um limite de 10 hectares por agricultor. A intenção é ampliar em 20 mil hectares a área cultivada em todo o estado na safra 2020/2021.
No Rio Grande do Sul, segundo a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater-RS), a safra de inverno do estado será a maior desde 2015 neste ano, chegando a 4,4 milhões de toneladas. O número significa um avanço de 55,2% em relação ao ano anterior, quando foram colhidas 2,8 milhões de toneladas. Um dos destaques desta safra, segundo o reporte da entidade, é o trigo.
"Os números positivos de produção, área e produtividade traduzem o trabalho dos agricultores, mas também a atuação e o comprometimento dos extensionistas da Emater e todo o apoio prestado pela Seapdr [Secretaria da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural]", explica o presidente da Emater/RS, Edmilson Pelizari.
De acordo com dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), as principais atividades de inverno do país devem registrar alta na produção comparada com a temporada 2020/21. O trigo, por exemplo, em todo o país deve ter um salto de produção de mais de 25%, totalizando 7,81 milhões de toneladas, em uma área também maior, mais de 16%, de 2,72 milhões de hectares.