Colheita do milho safrinha se aproxima com revisões de área e produção

 

Consultorias projetam segunda safra do cereal no Brasil entre 80,9 a 84,44 milhões de toneladas com impactos do clima

 

A colheita do milho segunda safra (safrinha) se aproxima nas principais regiões produtoras do Brasil. Com isso, as estimativas vão ficando mais claras ao mercado, mas com revisões de área e produção ante as primeiras estimativas pelas principais consultorias do país em decorrência dos impactos climáticos.

Os números de produção do milho segunda safra no país variam entre 80,9 a 84,44 milhões de toneladas.

 

Seca vai gerar perdas em cerca de 30% das áreas de milho safrinha em Campos de Júlio (MT) - Foto: CNA

 

A AgRural, por exemplo, é a consultoria que traz a menor estimativa de produção para o país, em 80,9 milhões de toneladas, sobre 85,9 milhões toneladas do mês de abril de 2022, ainda um recorde. Porém, os números ainda não estão fechados, segundo a empresa, já que o clima segue surpreendendo em importantes regiões produtoras.

Na região Centro-Oeste, por exemplo, as chuvas "cortaram" mais cedo do que o habitual neste ano. Por outro lado, as lavouras do Paraná e do Sul de Mato Grosso do Sul estão em boas condições. A área de milho safrinha é estimada em cerca de 14 milhões de hectares, 6% acima do ciclo de 2021.

A consultoria levanta temores sobre as exportações com os cortes na safra de milho. Os embarques do cereal brasileiro que antes poderiam atingir recordes de 43 milhões de toneladas, agora são estimados entre 38 milhões e 40 milhões de toneladas. No ano passado, com safra mais impactada por seca e geadas, a exportação foi de apenas 21,6 milhões de toneladas.

 

A Safras & Mercado traz a produção de milho safrinha no Brasil na temporada 2021/22 em 83,25 milhões de toneladas, abaixo das 84,58 milhões de toneladas da previsão de abril, com uma área de 14,69 milhões de hectares em 2021/22.

No ciclo anterior, a colheita da safrinha no Brasil ficou em 57,85 milhões de toneladas. "Houve ajustes para baixo nos números da safrinha de alguns estados, como Goiás, Mato Grosso e Minas Gerais, em decorrência dos efeitos da estiagem sobre as lavouras de milho", disse em nota da consultoria o analista de mercado Paulo Molinari.

Já a AgResource estima a produção do milho segunda safra no país em 84,44 milhões de toneladas. A consultoria também segue atento para as condições climáticas na região Centro-Oeste. Estados como Mato Grosso já tem regiões com mais de 30 dias sem chuvas.

De acordo com o produtor rural Tiago Daniel Comiran, de Campos de Júlio (MT), a escassez de chuvas no município deve gerar perdas de cerca de 30% da área plantada. Entretanto, a estimativa de quebra nestes locais deve variar muito, desde casos pontuais, com 5% de perdas, até áreas onde não se vai colher nada.

“Desde o dia 31 de março, houve a entrada de uma frente fria que praticamente cortou as chuvas, e o que veio de volume foi muito manchado e esparso, e pegou estes 30% de área em fase de enchimento de grãos", explica Comiran.

Costumeiramente, a média de produtividade no município é de cerca de 100 a 110 sacas por hectare, mas neste ano, apesar de a colheita ainda não ter começado para se ter uma noção melhor dos rendimentos, o produtor espera uma média entre 85 sacas por hectare.

"Pode até chegar a 100 sacas por hectare, mas não passa muito disso", complementou. As áreas que devem resultar em melhores médias produtivas foram aquelas plantadas mais cedo, que estavam mais bem formadas no período de seca mais severa.

A respeito da comercialização, Comiran pontua que o que já foi comprometido do milho está entre 50% a 70% da produção, com a maioria dos produtores travando custeio ou vendendo um pouco a mais para ter fluxo de caixa. "Agora o produtor deve esperar o que vai ser colhido e ir vendendo de acordo com o andar dos preços", afirmou.

Comercialização no Brasil

A consultoria Safras & Mercado aponta que a comercialização da safrinha de milho 2022 está em 28,6% da produção prevista em 83,25 milhões de toneladas. No mesmo, no ano passado, o comprometimento era de 38,3%. A média da comercialização para o período é de 32,4%.

Por estado, a comercialização atingia 14,9% no Paraná, 7,7% em São Paulo, 29,8% em Mato Grosso do Sul, 23,9% em Goiás/Distrito Federal, 4,8% em Minas Gerais e 43,4% em Mato Grosso.