Trigo: importância do tratamento de sementes para evitar doenças
Manchas foliares, oídio, giberela, ferrugem e outros doenças fúngicas do trigo podem ser evitadas a partir do tratamento de sementes
Pragas e doenças que atacam o trigo no início do desenvolvimento podem provocar a redução do estande de plantas e, consequentemente, comprometer o rendimento da cultura. Para evitar estas perdas e garantir melhor produtividade do trigo, é recomendado o tratamento de sementes.
Segundo a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa Trigo), no Brasil, cerca de 15 doenças podem ocorrer nas lavouras de cereais de inverno. Na Região Sul, onde está 90% da produção nacional de trigo, os problemas mais enfrentados pelo triticultor são oídio, ferrugem, manchas e giberela. As perdas em rendimento de grãos causadas pelas doenças em trigo chegam a cerca de 45%, o equivalente a 19,2 sacas de 60 kg de trigo por hectare.
Por isso, no momento de planejar a safra de trigo, o produtor pode optar pelo tratamento industrial, cuja semente já é adquirida pré-tratada ou pelo processo conhecimento on farm, ou seja, comprar sementes convencionais e tratá-las com inseticidas e fungicidas na própria fazenda.
Doenças fúngicas
Diversas doenças que ocorrem na lavoura podem ser disseminadas por sementes, a exemplo das manchas foliares, que deixam a planta com aspecto amarelado ou marrom. Além destas manchas foliares, a ferrugem-da-folha e doenças da espiga, como a giberela, também interferem na produtividade e qualidade do cultivo de trigo. A perda resulta de pragas de plântulas e tombamento causado por alguns fungos e perda de grãos causada por fungos comuns e fuligem.
Há ainda doenças fúngicas do trigo transmitidas pelo solo, como o apodrecimento da raiz. Essas doenças muitas vezes passam despercebidas pelo produtor porque afetam as raízes e as copas sendo menos visíveis do que as doenças foliares. No entanto, elas causam perda significativa de rendimento resultante de plantas enfraquecidas que são vulneráveis ao ataque de outras doenças e pragas.
Tratamento de sementes
Pesquisadores da Universidade Federal de Goiás (UFG) estudaram o tratamento químico de sementes de trigo e consideraram que o processo pode ser uma ferramenta válida para o cultivo ter plântulas mais vigorosas. Com este tratamento no trigo, há maior percentagem de germinação, estandes de plantas uniformes e melhores produtividades.
Apesar de os tratamentos de sementes na fazenda apresentarem bastante precisão, é necessário saber aplicar a quantidade exata de fungicidas, herbicidas e inseticidas para que o efeito realmente seja benéfico e não prejudique nem a planta nem o solo. Neste sentido, a precisão de adquirir sementes de trigo ensacadas já tratadas tende a ser maior.
"O controle de doenças tem mais chances de sucesso quando associa procedimentos como tratamento de sementes, semeadura na época indicada, adubação equilibrada, rotação de culturas, escolha adequada da cultivar e, por último, o tratamento da parte aérea com fungicidas. É arriscado depender somente do fungicida porque o clima pode não colaborar, dificultando as operações na lavoura e a própria eficácia do produto", explica o pesquisador da Embrapa Trigo, João Leodato Nunes Maciel.
Na dúvida entre qual tratamento escolher, é possível que surja a dúvida sobre utiliza apenas fungicida ou um manejo combinado com inseticida. Nestes casos, o ideal é conhecer o solo, o campo a ser trabalhado e consultar um profissional agrônomo para auxiliar na decisão a fim de obter melhores resultados.
Momento do fungicida
A Embrapa recomenda que os fungicidas não devam ser aplicados de forma preventiva, sem a presença da doença, ou tardiamente. Desta forma, recomenda-se prestar atenção das diferentes fases do desenvolvimento do trigo para fazer o manejo dentro da janela exata. Confira abaixo as recomendações da Embrapa Trigo:
Oídio:
O monitoramento da doença deve começar no afilhamento do trigo. O controle deve contar com o tratamento de sementes, uso de cultivares resistentes e tratamento com fungicida. Segundo a Embrapa, o controle do oídio em cultivares suscetíveis é mais econômico via tratamento de sementes do que por meio da aplicação de fungicidas nos órgãos aéreos.
Ferrugem-da-folha:
A fase mais crítica para o aparecimento das primeiras pústulas de ferrugem nas folhas é a partir do florescimento.
Giberela:
O monitoramento da lavoura deve começar no espigamento, antes mesmo do florescimento, até a fase final de enchimento de grãos.
Manchas foliares:
O controle principal é a rotação de culturas, que pode reduzir a incidência de manchas em até sete vezes, associado ao tratamento de sementes e ao uso de cultivares resistentes. Para determinar para determinar o controle das manchas é preciso fazer amostragem de plantas infectadas em vários pontos da lavoura.