Plantas de cobertura: o que são, finalidade e como escolher

Além de contribuírem para a melhoria dos atributos do solo, as plantas de cobertura auxiliam no controle de pragas, doenças e plantas daninhas 

 

Proteger e melhorar as condições químicas, físicas e biológicas do solo é tarefa de todo produtor que adota o sistema de plantio direto. É neste momento que se faz necessária também a adoção de plantas de cobertura, em que cada tipo de planta pode ter uma finalidade e uma função específica de manejo.

 

Além de contribuírem para a melhoria dos atributos do solo, as plantas de cobertura auxiliam no controle de plantas daninhas, doenças, nematoides e pragas, beneficiando diretamente as culturas sucessoras. E ainda são alternativa para a palhada do plantio direto e fonte de renda com a produção de grãos e sementes. Por isso, é importante entender qual planta utilizar a depender do que se busca na lavoura.

 

Estudos conduzidos pela Universidade Estadual de São Paulo (UNESP) mostram o potencial da braquiária (Urochloa ruziziensis) e do sorgo (Sorghum sudanense) como plantas de cobertura. Os dois mantiveram 80% do solo coberto até o florescimento da cultura da soja.

 

Características da planta de cobertura

Com os objetivos bem estabelecidos e o calendário da entressafra definido, o produtor poderá decidir o que irá plantar, sempre visando proteger o solo de processos erosivos e da lixiviação de nutrientes.

 

Segundo recomendação da Embrapa Agropecuária Oeste, a espécie de planta de cobertura deve apresentar as seguintes características:

  • ser de fácil estabelecimento;
  • apresentar crescimento rápido;
  • proporcionar boa cobertura do solo;
  • não ser hospedeira preferencial de doenças, pragas e nematoides;
  • permitir a colheita de grãos ou o pastejo animal no período de entressafra;
  • apresentar sistema radicular vigoroso e profundo;
  • produzir matéria seca em quantidade suficiente para a semeadura direta.

 

Qual planta de cobertura escolher?

A primeira forma de decidir entre as plantas de cobertura é conhecer a cultura anteriormente plantada e as condições do solo, conforme instrui a Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri). Com isso, o produtor saberá decidir entre o plantio de gramíneas, leguminosas ou crucíferas.

 

Por exemplo, se a cultura anterior exigiu muita absorção de nitrogênio, como é caso do milho, a indicação é que sejam utilizadas plantas de cobertura fixadoras naturais de nitrogênio, a exemplo das leguminosas. Neste caso, alguns exemplos são ervilha, crotalária e feijão de porco.

O clima da região e época de implantação também influenciam na decisão de qual planta de cobertura adotar. A partir do início de março até meados de junho, começam a ser plantadas as chamadas plantas de cobertura de inverno.

 

Segundo a Epagri, as principais são aveia preta, aveia branca, centeio, azevém, tremoço branco, tremoço azul, ervilha forrageira, ervilhaca comum, ervilhaca peluda, gorga e nabo forrageiro. Já no verão, são indicados os cultivos de milheto, mucunas, crotalárias e girassol.

 

Produtividade e economia

Além dos benefícios já mencionados ao adotar as plantas de cobertura, é possível ainda citar a economia que este manejo proporciona. Graças às suas raízes e ao poder de descompactação do solo, as culturas conseguem absorver mais nutrientes, reduzindo a necessidade de preparo do solo.

 

O gasto com herbicidas e outros produtos químicos também cai bastante, à medida que a planta de cobertura já faz o trabalho de impedir a proliferação de invasores, como plantas daninhas, doenças e fungos.