Tratativas para exportar arroz beneficiado do Brasil para o México são intensificadas pela Abiarroz
Negociações de acordo comercial entre os dois países ficaram paradas por cerca de dois anos.
Segundo informações da Associação Brasileira da Indústria do Arroz (Abiarroz), a entidade está impulsionando as tratativas para que México e o Brasil voltem a negociar a ampliação do Acordo de Complementação Econômica (ACE) nº 53. O objetivo é abrir o mercado mexicano para importar o arroz beneficiado brasileiro, segundo comunicado da Abiarroz.
O presidente da Abiarroz, Elton Doeler, esteve recentemente em missão no México para a realização de uma reunião com representantes do governo daquele país, além de lideranças das áreas da indústria e importadores, na Embaixada do Brasil, com a intenção de apresentar o cereal beneficiado brasileiro aos presentes. Segundo a Abiarroz, durante a visita ao México, a associação também integrou a feira de alimentos e bebidas ExpoAntad, na cidade de Guadalajara, para promover o arroz beneficiado.
“As negociações para ampliação do ACE nº 53 ficaram paradas por dois anos, e há uma boa janela para intensificação das negociações. No segundo semestre deste ano, haverá uma reunião da comissão binacional para tratar do assunto. Esperamos que o arroz beneficiado brasileiro possa ser contemplado com a eliminação da tarifa de importação”, diz a diretora-executiva da Abiarroz, Andressa Silva, enfatizando a importância do acesso ao mercado mexicano para o Brasil. “Eles consomem cerca de um milhão de toneladas de arroz por ano.”
A entidade pontua que essa intenção de buscar a negociação com os mexicanos para poder exportar o arroz brasileiro já beneficiado entra como um dos objetivos da Abiarroz, que é oferecer aos consumidores daquele país um cereal com qualidade e preço acessível ao público.
Durante a estada da delegação da Abiarroz no México, o governo daquele país anunciou a concessão de isenção à importação de produtos básicos, como o arroz em casca, no dia 18 de maio. Para a associação, a decisão pode favorecer o avanço da negociação do ACE nº 53.
Informações da Federação das Associações de Arrozeiros do Rio Grande do Sul (Federarroz) dão conta de que o fato já é reflexo do pacote anti-inflação de iniciativa do governo do presidente mexicano Andrés Manuel López Obrador. O presidente da Federarroz, o presidente da entidade, Alexandre Velho, ressalta que "seguimos firmes nos negócios para aquele mercado para trazer uma referência para o mercado interno, enxugar a oferta e trazer preços remuneradores aos produtores".
“O México criou um pacote anti-inflação anunciado há poucos dias, onde entre os tópicos do plano está a taxa zero de importação para produtos básicos e insumos valendo por seis meses, entre eles o arroz em casca. Com a notícia, tradings já procuraram produtos para negócios com o país. Em abril do ano passado, o México já havia oficializado a abertura da isenção de taxa de importação para o arroz em casca brasileiro para uma cota de 75 mil toneladas até o final de 2021”, informou a Federarroz.
De acordo com dados da Abiarroz, a tarifa de importação para o arroz beneficiado é no México atualmente é de 20%, porcentagem que torna inviável a concorrência do produto brasileiro em comparação com os Estados Unidos, Uruguai e até a Argentina, por exemplo, que têm tarifa zero por acordos comerciais. ‘No caso do Brasil, há apenas uma preferência de 4% em acordo firmado no âmbito da Aladi (Associação Latino-Americana de Integração) para o beneficiado, reduzindo a tarifa para 16% – ainda alta para viabilizar negócios”, pontuou a Abiarroz, em nota.
Segundo a gerente de Exportações da Abiarroz, Carolina Matos, durante a estada da delegação da Abiarroz no México, os importadores mexicanos de arroz demonstraram, durante as rodadas de negociação, grande interesse em comprar o arroz beneficiado brasileiro.
Os integrantes da Abiarroz e do Brazilian Rice/ApexBrasil que estiveram no país realizaram também visitas técnicas na Cidade do México e em Guadalajara para tomar maior conhecimento sobre o mercado do arroz, identificando os principais players do produto no mercado mexicano, preços, tipos de embalagens etc.
“O resultado da missão foi muito bom”, avalia Carolina. “Ficou evidente que o México precisa – e quer – importar o nosso arroz beneficiado, até porque não tem condições de beneficiar o que há de disponível do cereal em casca por lá.”