Milho transgênico da Embrapa em parceria com iniciativa privada é aprovado para uso comercial

Segundo publicação, a liberação coloca o Brasil, a Embrapa e a Helix em um seleto grupo de países e empresas capazes de fornecer tecnologia Bt.

 

Por Notícias Agrícolas


A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) divulgou na segunda-feira, 6 de junho, que a Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) aprovou a autorização para uso comercial do milho geneticamente modificado com resistência a insetos, denominado EH913. 

 

"A nova tecnologia, proveniente de um gene específico da bactéria Bacillus thuringiensis (Bt), apresenta elevada eficácia contra pragas lepidópteras, em especial a Spodoptera frugiperda (lagarta-do-cartucho, considerada a principal praga da cultura do milho), e a Diatraea saccharalis (conhecida como broca-da-cana)", destacou a publicação. 

 

De acordo com a Embrapa Milho e Sorgo, durante os ensaios nos laboratórios, o produto teve alta eficácia contra larvas da lagarta-do-cartucho, até mesmo quando foi diluído 25 vezes em dieta artificial, o que então trouxe diagnóstico positivo para o manejo de resistência de insetos. 

 

A publicação explica que o milho com o evento EH913 se mostrou eficaz inclusive contra populações de Spodoptera frugiperda resistentes às proteínas Bt presentes no mercado, indicando a ausência de resistência cruzada com tais tecnologias e reforçando ainda mais o seu caráter inovador e disruptivo para o manejo de pragas no Brasil.

 

Testes de eficácia do evento para Spodoptera frugiperda - Fotos: Helix/Embrapa

O presidente da Comissão Técnica Nacional de Biossegurança, Paulo Barroso, destacou durante a Comissão Técnica Nacional de Biossegurança, no último 2 de junho, que a ação pode ser considerada um marco para a ciência brasileira, além de reforçar que o grande diferencial do material é ter sido produzido por duas empresas brasileiras, a Embrapa e outra particular, a Helix. 

 

“O desenvolvimento desse evento, assim como todo o processo de avaliação de segurança, foram completamente realizados no país. É um marco para a ciência brasileira, que já tinha produzido uma soja, um feijão, um eucalipto e uma cana-de-açúcar geneticamente modificados e agora também um milho OGM”, disse Barroso. Segundo o presidente da CTNBio, o principal diferencial do milho em questão “é ter sido produzido por empresas 100% nacionais por meio de um processo muito bem instruído que remete corretamente a questões de segurança alimentar e a questões de segurança ambiental”, reforçou. 

 

A liberação coloca o Brasil, a Embrapa e a Helix em um seleto grupo de países e empresas capazes de fornecer tecnologia Bt. 

 

“A construção do conhecimento disruptivo, na parceria público-privada, é um processo estratégico inteligente de cocriação e desenvolvimento altamente oportuno para ampliar relevância no setor produtivo. Intercambiar saberes – técnico-científicos, gerenciais e negociais – tem relevância para impactar o setor produtivo e, neste momento, a aprovação do evento EH913 para uso comercial no Brasil coloca o País e os parceiros em rota de alta contribuição no interesse do agricultor e promoção do desenvolvimento da agricultura brasileira”, comenta o chefe-geral da Embrapa Milho e Sorgo Frederico Ozanan Machado Durães.

 

A Embrapa destacou ainda que atualmente somente duas empresas estrangeiras fornecem a tecnologia ao mercado mundial. A Helix já iniciou os processos para a liberação comercial do evento EH913 em outros países. No Brasil, a data para o início da comercialização ainda não foi definida.

 

Entenda o que é um produto transgênico, segundo publicação da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa): 

De acordo com o artigo publicado na página oficial da Embrapa, entende-se por planta geneticamente modificada ou transgênica aquela que tenha recebido um ou vários genes exógenos em seu genoma por outros métodos que não fecundação ou cruzamento. 

 

Esta classe de planta, que teve o seu código genético alterado pela introdução de uma ou mais sequências de DNA provenientes de outra espécie, vegetal ou de microrganismo, deve passar por rigorosas análises que comprovam suas características agronômicas e de segurança, tanto para o meio ambiente, como para os seres vivos.



Este conjunto de práticas ou processos denomina-se biossegurança. A biossegurança de uma planta transgênica, além de estudos feitos em regime de contenção, passa por liberações planejadas no meio ambiente para se obter dados agronômicos, físico-químicos e ambientais, visando o preparo de um dossiê para a liberação comercial