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Retrospectiva agro 2022: Brasil tem expectativa de nova safra de grãos recorde na safra 2022/23

Semeadura da soja avança nas principais áreas do país, inclusive com expectativa de avanço de área para a cultura

Por Notícia Agrícolas


O plantio da safra 2022/23 de grãos do Brasil ainda está avançando nas principais áreas de produção do país, mas o mercado já trabalha com a expectativa de novo recorde na produção, sobretudo puxado pela soja

 

De acordo com os dados mais recentes da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), é estimado que a oleaginosa na nova safra tenha uma área de 43,2 milhões de hectares, o que representa aumento comparado com o ciclo anterior. A produção total de grãos deve chegar a 313 milhões de toneladas, um recorde, quase 42 milhões de toneladas a mais do que o registrado no ciclo 2021/22. 

 

Segundo a Conab, a semeadura da soja teve início lento neste ano, devido às condições climáticas observadas em importantes áreas de produção. No boletim divulgado no começo de novembro, o plantio da safra 2022/23 estava em 57,5% da área plantada, atrás do que no mesmo período do ciclo de produção anterior, quando a apuração era de 77,5%.

 

 

O alerta da Conab foi principalmente para a semeadura da soja no Sul do Brasil. No Rio Grande do Sul, o início da semeadura segue em percentual abaixo daquele registrado no mesmo período do último ciclo; enquanto isso, no Paraná e Santa Catarina, as baixas temperaturas e o excesso de chuvas comprometem o desenvolvimento inicial da cultura em diversas regiões.

 

Em Mato Grosso, principal estado produtor do grão, os trabalhos se aproximam do fim e as lavouras apresentam bom desenvolvimento, apesar da irregularidade das chuvas. Em Goiás, Minas Gerais e no Matopiba, o plantio segue em ritmo mais lento ao da safra passada devido às condições climáticas registradas em outubro. Em Mato Grosso do Sul, esta é considerada uma das safras com melhor desenvolvimento das lavouras dos últimos anos. 

 

Mercado da soja - Oferta e Demanda

A Conab destacou ainda os dados de mercado para a soja nos últimos meses, com base na produção da safra 2021/22. De acordo com o relatório, com base nos dados do Ministério da Economia, de janeiro a outubro, as exportações no país chegaram a 74,83 milhões de toneladas, restando apenas 3,44 milhões para serem exportadas nos últimos dois meses do ano. 

 

A companhia destacou ainda que a demanda e os preços internacionais durante todo o ano de 2022 ajudaram a sustentar os embarques do Brasil. "Considerando os dados mais recentes da Secex, as exportações de soja em grãos passam a ser estimadas em 79,22 milhões de toneladas", destacou. 

 

Também se destacaram no período os embarques de farelo e óleo de soja, ambos elevados nos período em relação ao ano anterior. Além dos preços internacionais em alta, a Conab destaca margem de esmagamento positiva e a redução do percentual de biodiesel ao diesel, acrescentando ainda a demanda internacional aquecida e a quebra de safra prevista para a Argentina. 

 

Condições climáticas resultaram em semeadura irregular, mas expectativa de produção do mercado segue positiva - Foto: CNA

 

A expectativa de exportação para 2022 de farelo de soja está estimada em 19,95 milhões de toneladas, contra 19 milhões de toneladas previstas anteriormente. Já para o óleo de soja, é estimada em 2,53 milhões de toneladas, contra 2,1 milhões projetado anteriormente.

 

A companhia destacou ainda que a venda no mercado interno, em 2022, de farelo e óleo de soja também sofrerá ajuste estatístico, passando de 18,34 milhões de toneladas para 18,10 milhões de toneladas para venda de farelo do mercado interno, e de 7,47 milhões de toneladas para 7,45 milhões de toneladas para o óleo de soja.

 

Ainda com relação à safra 2022/23, a companhia destacou que há necessidade de ajuste nas estatísticas também de perdas e sementes para 27 mil toneladas. Com relação à exportação, destacou aumento para 575 mil toneladas. 

 

"Há, também, um aumento estatístico de esmagamentos provocado pelo aumento de estimativa de consumo de óleo de soja para outros usos no ano de 2023. Por este motivo, houve um aumento da estimativa de produção de farelo e óleo de soja. Por fim, motivado principalmente por um menor estoque inicial, a estimativa de estoques finais de soja em grãos para 2023 foi reduzida em aproximadamente 1,09 milhão de toneladas", afirma.

 

Milho

Para o milho, a expectativa é que a produção total seja de 126,4 milhões de toneladas. Na primeira safra do cereal, há redução de 3,1% na área a ser cultivada, atribuída à elevação dos custos de produção e à alta pressão da ocorrência de cigarrinha. E, na segunda safra, a expectativa de um salto de mais de 5% na área.

 

"Com essa medida, os produtores esperam uma redução da infestação desta praga no próximo cultivo por meio da eliminação da ponte verde, que seria a presença de milho durante o verão e, com isso, reduzir a pressão do inseto na próxima safra", ressalta o diretor de Informações Agropecuárias e Políticas Agrícolas da Conab, Sergio De Zen.

 

Na primeira semana de novembro, o plantio do cereal estava em 43% da área prevista, sobre 63% no mesmo período da safra passada, com a maior parte das lavouras em estágio de desenvolvimento vegetativo e apresentando bom desenvolvimento. 

 

A exceção, de acordo com a Conab, está em algumas áreas em Santa Catarina e no Paraná, principalmente nas regiões onde o excesso de chuva e as baixas temperaturas acabaram provocando aumento do período de germinação e consequentemente redução do desenvolvimento vegetativo - que pode também impactar a produtividade da safra. 

 

Mercado do milho - Oferta e Demanda

Com relação ao mercado do milho, a Conab destacou a demanda interna, que deve ficar em 81,8 milhões de toneladas de milho da safra 2021/22, que deverão ser consumidas durante o ano de 2023, o que representa aumento de 6,2% em relação à temporada anterior. 

 

A Conab estimou ainda volume de importação estável no ciclo 2022/23, ficando em 2,5 milhões de toneladas em relação à safra de 2021/22. Já para a exportação, é estimado que 45 milhões de toneladas do cereal sejam embarcadas pelo Brasil. "Acredita-se que o aumento da produção brasileira, alinhado à maior demanda internacional, deverá promover elevação de 16,9% das exportações do grão em 2023. Com isso, o estoque de milho em fevereiro de 2024,  fim do ano-safra 22/23, deverá ser de 9,8 milhões de toneladas, aumento de 28,2%", afirma. 

 

Outras culturas 

A Conab prevê uma redução de área para o arroz e o feijão. No caso do arroz, a maior queda se dá em área de plantio sequeiro da cultura. Com uma área estimada em 1,5 milhão de hectares e uma recuperação da produtividade média saindo de 6.667 kg/ha para 7.012 kg/ha, uma vez que a safra passada foi marcada pela estiagem no Sul do país, a safra do cereal está estimada em 10,6 milhões de toneladas. No caso da leguminosa, a diminuição deve chegar a 2,7% na área total prevista a ser semeada, somando todos os ciclos da cultura. Ainda assim, a produção total de feijão no país é estimada em 2,9 milhões de toneladas.

 

Dentre as culturas de inverno, destaque para a safra recorde de trigo. A expectativa é que os agricultores colham 9,5 milhões de toneladas do grão nesta safra, valor 23,7% maior que o ciclo anterior. O bom resultado deverá ser obtido mesmo com a redução de produtividade das lavouras no Paraná, prejudicadas por excesso de umidade, registrado ao longo de setembro e outubro deste ano, o que tende também a diminuir a qualidade do respectivo produto colhido. 

 

A situação adversa no estado paranaense foi compensada pelas condições climáticas favoráveis no Rio Grande do Sul, com rendimentos obtidos acima de 55 sacas por hectare e boa qualidade do grão colhido.