
Safra de arroz no Rio Grande do Sul, mas preocupação com baixo volume da reserva hídrica preocupa
Para governo do estado, programa valoriza o trabalho do produtor e abre novas oportunidades até para exportação
A intensa seca no Sul do país tem resultado em quebra expressiva na produção agrícola dos três estados, o setor de grãos, hortifrutis e também os granjeiros sentem fortemente os impactos de clima irregular pelo segundo ano seguido, reflexo do fenômeno La Niña. No Rio Grande do Sul, praticamente 100% da área de cultivo conta com sistema de irrigação. Segundo dados divulgados pela Instituto de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater) na terceira semana de janeiro, as lavouras se desenvolviam bem, mas a seca é uma preocupação latente para o setor.


Apesar da irrigação, a redução das reservas de água em vários pontos de produção tem tirado o sono do produtor. A fase de plantio está basicamente finalizada e deste total, cerca de 4% das áreas estão em fase de enchimento dos grãos.
A atualização trouxe ainda que na Fronteira Oeste, em Bagé, as condições das lavouras de arroz continuam críticas e com água muito abaixo da capacidade de irrigação. A condição atual pode implicar em queda na produtividade, considerando a maior necessidade de água da cultura a partir da fase reprodutiva. Na região de Quaraí, as lavouras estavam em fase vegetativa e os produtores passaram a utilizar moderadamente as reservas hídricas.
"Em lavouras cujos reservatórios ainda atendem satisfatoriamente a demanda de irrigação para a cultura, é bom o potencial produtivo, se forem mantidas as condições de luminosidade predominantes nos últimos meses", afirma a publicação.
Na região da Campanha, a situação também é de apreensão entre os produtores em relação ao risco de faltar água nas barragens e arroios utilizados na irrigação de lavouras. Na região de Dom Pedrito, cerca de 95% da área já estava em fase reprodutiva, apresentando sanidade foliar e bom vigor.


Em Pelotas, o arroz segue se desenvolvendo e sendo beneficiado pelo calor e clima mais seco, mas com os níveis de água reduzindo a cada dia, produtores encontram novas formas de trabalho para minimizar desperdícios. Também nessa área, produtores apresentaram bastante preocupação com os preços de comercialização atuais, lembrando que o país está em fase de entressafra.
Em Santa Maria, 4% da área estava em fase de enchimento de grãos, com produtores puxando menos água para irrigação para não aumentar os problemas no restante da fase de desenvolvimento da safra. Porém, a Emater destaca que a solução encontrada por prejudicar o potencial produtivo das lavouras. Aproximadamente 30% dos produtores enfrentam dificuldades para fazer a irrigação adequada das lavouras.
Em Soledade, o manejo de irrigação está racionado. "Com lâmina de água nos quadros de arroz abaixo do normal, estratégia que favorece a incidência de plantas invasoras; nessas situações as lavouras têm menor desempenho vegetativo, mas ainda não baixos os impactos na produtividade média da região", afirma a Emater.
Choveu entre os dias 3 e 5 de janeiro em Santa Rosa, mas a precipitação não atingiu as áreas com maior concentração de produção, fazendo com que as condições de irrigação fossem fortemente afetadas, com as lavouras já mostrando perdas de produtividade em aproximadamente 20%.
LA NIÑA
Segundo atualização da Administração Oceânica e Atmosférica (NOAA), a tendência é que nos próximos meses aconteça a transição do La Niña para a fase de neutralização, devolvendo assim a normalidade para o sistema de chuvas em todo o Centro-Sul do Brasil.
O NOAA faz atualizações mensais sobre o fenômeno climático a cada segunda semana de cada mês. Esse é o segundo ano seguido que o evento climático reduz a produção agrícola no Sul do Brasil, entre 2020 e 2021 a intensidade foi ainda mais intensa e produtores das mais variadas culturas de todo Centro-Sul do Brasil viram o potencial de produção cair drasticamente. Desde então o setor busca por uma recuperação na produção, buscando por tecnologias e torcendo para condições climáticas dentro do ideal.