
Retrospectiva agro 2022: Reta final do ano marcado pelas polêmicas sobre "taxa do agro" aprovada em Goiás
Medida não agradou setor produtivo e nem economistas, que afirmam que todos os brasileiros irão pagar "conta mais cara" com essas decisões
Nas últimas semanas, o setor do agronegócio foi surpreendido pela "taxação do agro", aprovada no último dia 23 de novembro no estado de Goiás na Assembleia Legislativa, com votação favorável de 22 a 14 contra. A intenção do governo estadual é que os valores pagos sejam revertidos em investimentos.
O governador reeleito, Ronaldo Caiado (União Brasil), foi quem propôs o projeto de lei, gerando certo descontentamento em todo o setor produtivo do país. Além dos produtores do estado, em outras regiões do país também há preocupação de que novas taxas sejam aprovadas país adentro.


E, também: implementar, em âmbito estadual, políticas e ações administrativas de infraestrutura agropecuária, dos modais de transporte, recuperação, manutenção, conservação, pavimentação e implantação de rodovias, sinalização, artes especiais, pontes, bueiros, edificação e operacionalização de aeródromos.
Após a iniciativa do governo de Goiás, lideranças de outras regiões do país passaram a discutir a possibilidade de taxação em outros estados, como por exemplo no Paraná, mas o projeto não foi para frente. A Federação de Agricultura do Estado do Paraná (Faep) se mostrou contrária à proposta apresentada pelo governador reeleito do estado, Ratinho Junior (PSD).
Segundo Ratinho, a arrecadação em questão seria utilizada para planejamento, estudos, execução, acompanhamento e avaliação de obras e serviços de infraestrutura logística em todo o território paranaense para dar maior competitividade aos estabelecimentos produtores, indispensável diante o avanço da integração dos mercados e, consequentemente, do acirramento concorrencial.
Já a Faep destacou que o setor não foi ouvido pelo parlamentar. "A FAEP se posiciona contrária ao Projeto de Lei que acaba taxando os produtores rurais do Paraná. A realidade no campo exige respeito e cautela, não pensando em mais custos e sim procurando estímulos para a produção e apoio aos produtores rurais", trouxe a nota da instituição divulgada nos últimos dias.
A medida também não foi bem aceita pela Aprosoja Paraná. Em nota, a associação alertou que "criar impostos ou elevar taxas já existentes sobre setores vitais para a economia estadual vai inibir investimentos, reduzir a atividade produtiva e criar um efeito indesejado também sobre a indústria, comércio e serviços".


"A Aprosoja Paraná e seus milhares de associados e familiares consideram a proposta uma temeridade e pedem que os Deputados Estaduais não levem este projeto de lei adiante. Para o bem da população Paranaense", complementou em nota oficial a entidade. O projeto no Paraná não seguiu, diferente do que aconteceu em Goiás.
De acordo com nomes do setor, a taxação do agro não é positiva para nenhuma ponta da cadeia produtiva, podendo resultar em impasses principalmente para a população – já descapitalizada e que deve pagar parte desta conta. Segundo informações levantadas pelo Notícias Agrícolas, o economista Ricardo Amorim explicou que os estados tiveram nos últimos anos uma alta expressiva nos gastos e que agora, buscam-se formas para criação de impostos e pagamento dessa conta.
A grande questão, de acordo com o especialista, é de onde vem esse imposto. O agronegócio, sendo um setor que teve um desempenho mais positivo do que os outros, está na mira.
"O grande problema é que isso significa alimento mais caro na mesa do brasileiro. Segundo, significa menos exportação e, se o Brasil exportar menos, vai ter menos entrada de dólar e o dólar vai ficar mais alto e tudo que é importado vai ficar mais caro. Quem vai pagar a conta, para variar, é o consumidor final", afirma Amorim. Ele ressalta ainda que a taxação também não é positiva para quem está no campo e para a indústria. "Só quem ganha são os governos que vão ter mais dinheiro".
Amorim ainda se preocupa com a possível taxação em outros estados.