Blog conecta.ag | Recorde na exportação do Agronegócio 2022

Faturamento com exportação do agronegócio atinge recorde no primeiro semestre de 2022

Puxado pela inflação, faturamento é recorde, mas preço em real não acompanha bom desempenho

 

Por Notícia Agrícolas


Segundo dados divulgados pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea, da Esalq/USP), o faturamento com as exportações do agronegócio atingiram nível recorde no primeiro semestre deste ano de 2022. A alta é justificada pela forte demanda mundial por alimentos, devido ao câmbio elevado e alto custo dos preços do agronegócio desde o ano passado. 

 

A análise acrescenta também que desde fevereiro de 2022 a guerra entre Rússia e Ucrânia acabou agravando a oferta e demanda, antes já apertadas por conta da pandemia, o que também ajudou na elevação dos preços. 

 

O levantamento foi feito com base nos dados da Secretaria de Comércio Exterior do Ministério da Economia (Secex), ligada ao Ministério da Economia, que indicaram que de janeiro a junho de 2022, o agronegócio exportou 1% a menos quando se compara com o mesmo período no ano anterior, mas o preço cotado em dólar teve alta de 28%. Neste sentido, o faturamento foi de US$ 79 bilhões nos primeiros seis meses do ano, o que representa alta de 26% do que o valor registrado em 2021. O valor também é recorde para o agro brasileiro. 

 

A entidade destaca, no entanto, que apesar do avanço em dólar, em moeda nacional o desempenho não foi tão expressivo assim, considerando principalmente a inflação observada durante o primeiro semestre do ano. Considerando o cenário descrito, o Cepea apontou alta de 6% no preço em real. 

Cepea aponta que daqui pra frente desempenho da safra Americana e retorno dos embarques da Ucrânia devem ditar ritmo dos preços e controlar alta dos alimentos - Foto: CNA

 

Já com relação aos produtos exportados entre janeiro e junho de 2022, o complexo soja continua liderando o desempenho do agro nacional. "A soja em grão e seus derivados representaram quase 48% do faturamento externo do agronegócio no primeiro semestre de 2022, seguidos por carnes, produtos florestais, café e os do complexo sucroalcooleiro. Do lado comprador, o destaque foi a China, como esperado (representando 35% do faturamento externo do agronegócio), seguida pela União Europeia e pelos Estados Unidos (com 16% e 6,5%, respectivamente)", explica o Cepea. 

 

Os dados apontaram ainda que, no primeiro semestre de 2022, a participação do agronegócio no saldo total do Brasil foi de 48%, superando assim o valor registrado no mesmo período em 2021. Sendo assim, a balança comercial do agro ficou com saldo positivo, em mais de US$ 70 bilhões, o que ajudou a compensar o déficit comercial de outros setores da economia, contribuindo ainda para um superávit de mais de US$ 30 milhões. 

 

Daqui pra frente as atenções se voltam para a safra no Hemisfério Norte, com a colheita nos Estados Unidos, assim como os embarques da Ucrânia que terão papel fundamental na contenção da escalada dos alimentos, que segundo o Cepea, já vem mostrando desaceleração. No caso das áreas em guerra, é preciso ressaltar que retomada, no entanto, não apresentará ritmo tão expressivo nos primeiros meses. A Rússia quase não participa dos mercados, enquanto a Ucrânia com toda sua relevância para o mercado de grãos tem parte da infraestrutura portuária completamente danificada pelos ataques russos. As condições são monitoradas de perto por todo o mercado internacional, já que o conflito político afeta não só as cotações de grãos, mas também dos outros produtos e cria-se ainda alerta para uma possível recessão global, que preocupa ainda mais os economistas de todo o setor. 

 

O Cepea finaliza dizendo que  se o primeiro semestre de 2022 foi marcado pelas inflações de energia e de alimentos no mundo, devido à guerra na Ucrânia e seus desdobramentos, para o segundo semestre, o combate à inflação, que se dará pela continuidade da alta dos juros nos Estados Unidos e na Europa, tem elevado o temor de uma recessão na economia mundial nos próximos meses, o que pode auxiliar a conter a alta dos preços externos de commodities. Isso porque o resultado dessas políticas pode ser uma menor pressão da demanda e crescimento na oferta, retirando espaço para altas intensas nos preços dos alimentos. Isso, claro, caso não haja perdas significativas na oferta global, por conta de eventos climáticos adversos.