Colheita da safrinha e Chicago pressionam preço do milho no Brasil, mas dólar e petróleo podem trazer elevações
Analista aponta que um bom desempenho da safra norte-americana pode puxar cotações ainda mais para baixo.
O avanço da colheita da segunda safra de milho brasileira e as recentes quedas de preços na Bolsa de Chicago (CBOT) são os fatores que têm pressionado as cotações do cereal no Brasil, de acordo com a análise da Germinar Corretora.
Segundo o analista Roberto Carlos Rafael, ouvido pela reportagem do site Notícias Agrícolas, a produção recorde que já era esperada nesta safrinha e as boas condições da safra norte-americana são as forças atuantes no mercado do milho neste momento e, caso nenhum problema surja nas lavouras dos Estados Unidos até 15 de agosto, os preços devem seguir em queda no mercado internacional.
Por outro lado, o analista destaca pontos que podem ser capazes de reverter o quadro baixista, como um acirramento da guerra na Ucrânia que pode elevar os preços do petróleo e puxar a soja e o milho ou um aumento do dólar ante ao real e o aparecimento de algum problema na safra norte-americana.
Olhando para as exportações brasileiras, que já ultrapassam as 6 milhões de toneladas no acumulado de janeiro até junho, Rafael explica que esse montante teve ajuda de demanda deixada no mercado pela saída da Ucrânia e que já existe line-up para outras 5 milhões de toneladas nos portos do Brasil. Para o total do ciclo, a expectativa da Germinar é algo entre 35 e 38 milhões de toneladas.
Conab
Segundo informações do 10º Levantamento da Safra, publicado neste início de junho pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), “com cerca de 60% do milho 2ª safra em maturação e 28% colhidos, a colheita total do cereal está estimada em 115,6 milhões de toneladas, volume 32,8% superior ao ciclo passado. Apenas na 2ª safra da cultura o aumento chega a 45,6% da produção, chegando próximo a 88,4 milhões de toneladas. Caso confirmado o resultado, esta será a maior produção de milho 2ª safra registrada em toda a série histórica. No entanto, é preciso ressaltar que, mesmo com estágio avançado da cultura, cerca de 19% das lavouras de 2ª safra de milho ainda se encontram sob influência do clima”.
Mercado externo
Conforme informações divulgadas pela agência internacional de notícias Reuters, a Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec) destaca que a previsão para o mês de julho é de que o país exporte 5,38 milhões de toneladas de milho, valor superior às 3,04 milhões de toneladas embarcadas no mesmo mês de 2021, tomando por base a programação de navios a serem carregados.
Ainda de acordo com informações da Anec divulgadas pela Reuters, julho deve ter uma elevação na disponibilidade do cereal devido ao avanço da colheita da segunda safra nas principais regiões produtoras, lembrando que a segunda safra 2021/22 deve ser recorde recorde.
Olhando para o cenário da temporada toda, as exportações de milho brasileiro projetadas pela Anec, como divulgado pela agência Reuters, devem ser de 43 milhões de toneladas na temporada 2021/22. Se este volume for confirmado, pode haver um novo recorde de exportação do cereal, superando o anterior que foi em 2018/19, quando o país embarcou pouco mais de 41 milhões de toneladas.
Vale lembrar que na temporada anterior, em que as lavouras de milho no Brasil sofreram com intempéries climáticas, como estiagem e geadas, as exportações do produto chegaram a 20,8 milhões de toneladas. O número esperado para a temporada atual representa mais do que o dobro da anterior, conforme o relatório da Anec.
Colheita do milho chega em 10% no Paraná, de acordo com o Deral
A Secretaria de Agricultura e do Abastecimento do Paraná divulgou, por meio do Departamento de Economia Rural (Deral), seu o relatório das principais safras do estado no último dia 5 de julho. Segundo apuração do site Notícias Agrícolas, o relatório semanal apontou que 10% das lavouras de segunda safra já foram colhidas no estado. Enquanto isso, 64% da área está em maturação e os 36% restantes seguem em frutificação.
As regiões mais adiantadas com os trabalhos são Irati (100%), Guarapuava (55%), Ponta Grossa (50%), União da Vitória (35%), Pato Branco (24%) e Cascavel (17%). Já as mais atrasadas são Paranavaí (0%), Apucarana, Jacarezinho e Umuarama (2%) e Cornélio Procópio (3%).
Do lado da qualidade dessas áreas, os técnicos do Departamento classificaram 72% das lavouras como em boas condições, 21% em médias e 7% em ruins.
As maiores porcentagens de lavouras consideradas ruins estão em Francisco Beltrão (25%), Laranjeiras do Sul e Umuarama (20%), Cascavel (11%), Pato Branco e Toledo (10%).