Abitrigo discute produção recorde do cereal durante evento online
Estimativa a respeito da safra nacional foi apresentada em live que antecede o 29º Congresso Internacional da Indústria do Trigo, que acontece neste final de setembro
Em antecipação ao 29º Congresso Internacional da Indústria do Trigo, a Associação Brasileira da Indústria do Trigo (Abitrigo) realizou evento online para debater as expectativas para a safra do cereal 2022. O Congresso, realizado em Foz do Iguaçu, no Paraná, teve início no domingo, dia 25 de setembro, e deve terminar nesta terça-feira, 27, segundo a Abitrigo.
Élcio Bento, analista da Safras & Mercado, foi o moderador da live, e trouxe para a discussão e aos expectadores do evento um overview de como está a atual conjuntura do trigo no Brasil. Ele pontuou que a perspectiva para a atual safra do cereal é de 10,55 milhões de toneladas de trigo, o maior volume já registrado na história do Brasil.
“Nós temos um potencial de produção para esta safra na casa das 10,55 milhões de toneladas, cobrindo uma área projetada de 3,2 milhões de hectares em solo brasileiro. Nunca se produziu tanto trigo no Brasil, e cabe a nós aprender a negociá-lo em relação ao cereal que é importado”, afirmou Bento durante a live.
Especificamente sobre o estado do Rio Grande do Sul, Alencar Rugeri, diretor técnico da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Rio Grande do Sul (Emater/RS), destacou que a produção gaúcha de trigo também deve ser recorde neste ano e, ainda, projeta que os produtores do estado possam cultivar duas safras do cereal.
“Mesmo com a alta nos custos de produção e a preocupação inicial que a chuva trouxe para o cultivo do cereal, que promoveu a concentração do plantio, a cultura se expandiu para novas áreas e, sem a ocorrência de novas intempéries, deve alcançar um volume recorde e de boa qualidade”, ressaltou Rugeri.
O presidente da Associação dos Triticultores do Estado de Minas Gerais (ATRIEMG), Eduardo Abrahim, explicou no evento que a safra do Cerrado apresenta boa produtividade em função das condições climáticas positivas para o cultivo durante o desenvolvimento do cereal.
“Verificamos resultados de produtividade por hectare acima de sete e oito toneladas, uma média muito alta nas lavouras do Cerrado brasileiro. A constância na temperatura noturna, na faixa de 10 a 15°C, foi um dos fatores que permitiram a conquista desses números”, afirmou Abrahim.
Para o estado de São Paulo, segundo o reporte da Abitrigo, a safra de 2022 também deve atingir o maior volume colhido da história, sendo esperadas mais de 400 mil toneladas de trigo. De acordo com Maurício Ghiraldelli, que é diretor de suprimentos do Correcta e Moinhos Cruzeiro do Sul, a maturação do cereal já está avançada em território paulista.
“Com 86% do trigo em fase de maturação em São Paulo, nós esperamos colher a maior safra que o estado já viu. A qualidade do cereal está satisfatória e dentro da média esperada, e a expectativa é que o baixo volume de chuvas neste período não tenha grande influência nos resultados”, reforça Ghiraldelli.
O analista de mercado da Safra Sul, José Gilmar de Oliveira, destacou que no Paraná se espera uma produção mínima de 4,2 milhões de toneladas de trigo, mesmo com uma quebra de safra causada pela severa estiagem que atingiu o estado.
“Uma área bem pontual apresentou uma pequena quebra na produção do cereal devido à seca, o que não deve comprometer o resultado do estado como um todo. A preocupação atual é com as doenças de final de ciclo, que chegam junto com as chuvas”, finaliza Oliveira.
Com produção recorde, preços recuam no Brasil
Os preços do trigo seguem em queda no Brasil, segundo informações do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea, da Esalq/USP), divulgadas no último dia 20 de setembro.
“De acordo com pesquisadores do Cepea, a pressão vem de estimativas apontando produções recordes do cereal no Brasil e no mundo na safra 2022/23. No começo deste mês, a Conab indicou que a safra nacional pode ser de 9,36 milhões de toneladas, e, na semana passada, o USDA apontou que a produção mundial 2022/23 pode atingir 783,9 milhões de toneladas, ambos recordes. No campo nacional, a colheita segue avançando satisfatoriamente, elevando a disponibilidade do produto no spot”, apontou a entidade.
