Safrinha do Milho começa 2022 com cenário desafiador para fertilizantes, mas com expectativas positivas da demanda
Presidente institucional da Abramilho, Cesário Ramalho, espera novo ano com retomada no crescimento da produção, volta das exportações, manutenção da demanda interna e preços mais estáveis
O planejamento da safrinha de milho está a todo vapor pelos produtores rurais do Brasil, principalmente com foco no cenário desafiador em relação aos fertilizantes que a nova temporada promete. Apesar disso, nas perspectivas da Abramilho, o novo ano deve ser de retomada no crescimento da produção, volta das exportações, manutenção da demanda interna e preços mais estáveis, mas em patamares ainda remuneradores aos produtores.
“Essa é a maior preocupação para o setor rural brasileiro”, destaca Cesário Ramalho, presidente institucional da Abramilho (Associação Brasileira dos Produtores de Milho), sobre o impacto dos fertilizantes nos custos de produção. “Nós temos preços que assustam, dobraram, e o custo de produção também vai. Isso no horizonte não é positivo”, complementa Ramalho, destacando como prejudicial a dependência do Brasil de importações desses produtos.
De acordo com a entidade, apesar de expectativas melhores para a nova safra de verão e de milho safrinha em 2022, o cenário de impacto nos custos, com os fertilizantes, pode até inviabilizar a atividade em algumas lavouras. A entidade estima a nova safra de milho total do Brasil (1ª e 2ª safra) em até 120 milhões de toneladas, sobre cerca de 95 milhões de toneladas da temporada atual e acima da previsão anterior de 110 milhões de toneladas.
“A expectativa para a safra deste novo ano é positiva. Nós temos um grande incentivador para o milho, para fazer uma boa lavoura, investir nessa lavoura, com todos os recursos técnicos que temos para crescer, e o grande estímulo é o preço, que é bom, remunerador e eu acho que vai manter porque temos uma demanda interna firme e forte”, explica ele.
Ramalho também acredita que o novo ano deve ser marcado pela retomada das exportações do país de milho. “Esse ano nós vamos exportar menos de 20 milhões de toneladas, mas nós já exportamos 40 milhões de toneladas no ano retrasado, o maior do mundo. Essa safra 2022 vamos exportar um pouco mais que na anterior e o consumo interno também vai aumentar. E vamos tentar manter um preço acessível”, considera o presidente.
“Acredito que em 2022 teremos preços mais estáveis… Acredito que estamos entrando no novo ano mais preparados. As próprias indústrias também devem ter um pouco de estoque”, ressalta Ramalho. Durante o ano de 2021, os preços do milho no mercado brasileiro chegaram a ser negociados bem acima do patamar de R$ 100 a saca, o que inviabilizou a atividade de pequenos granjeiros, por exemplo.
Ramalho também destaca que os produtores de milho do Brasil devem se proteger das adversidades climáticas com seguro, como fazem os norte-americanos, que contam com cerca de 95% da safra segurada. Aqui no Brasil, porém, apenas 10% dos produtores de verão contam com a proteção. Além disso, o presidente destaca os avanços genéticos dentro do contexto de mudança climática que as novas variedades têm apresentado.