Descoberta genética que pode deixar trigo mais resistente
Estudo realizado por pesquisadores australianos e europeus encontram descoberta genética que pode deixar trigo mais resistente
O trabalho, que foi realizado com base em doenças que são mais comuns na Austrália, chamou atenção já que a descoberta mostra que o elemento consegue controlar a produção de uma molécula tóxica responsável por danos a diferentes categorias da cultura.
Um patógeno de trigo comum com potencial para ajudar a simplificar a criação de diferentes espécies de trigo com uma alta resistência a doenças foi encontrado por cientistas australianos e europeus. O trabalho foi realizado com base em doenças que são mais comuns na Austrália. O resultado traz um cenário positivo para a produção do cereal no país.
Pesquisadores do Center for Crop and Desease Management (CCDM), financiado pela Grains Research and Development Corporation (GRDC) e pela Curtin University junto com colaboradores da CSIRO, o Instituto Alemão Max Planck e a Universidade de Neuchâtel na Suíça publicaram recentemente na revista científica PLOS Pathogens a descoberta de um elemento genético variável dentro do patógeno fúngico de trigo que causam danos econômicos na mancha Septoria Nodorum (SNB) do trigo ou mancha da gluma. Essa descoberta mostra que o elemento consegue controlar a produção de Tox1 – uma molécula tóxica responsável por danos a diferentes categorias de trigos que se mostram sensíveis.
Através dos testes, a equipe constatou que esse novo elemento genético encontrado possui variações na quantidade de produção de Tox1 de acordo com diferentes regiões, auxiliando assim na priorização de qual gene retirar de acordo com o ambiente em questão.
Em declaração oficial, o Dr. Evan John, pesquisador do CCDM disse que sua equipe de pesquisa passou a observar que cepas de fungos coletados no Hemisfério Norte não produziram níveis tão altos de Tox1 do que a versão australiana do patógeno.
"Depois de perceber a variação do Tox1, coletei dados sobre o genoma do patógeno de amostras de fungos coletadas em diferentes países para descobrir por que isso estava acontecendo", disse o Dr. John.
O pesquisador acrescenta ainda que foi então capaz de identificar e caracterizar o elemento genético que permitiu que o patógeno produzisse altos níveis de Tox1. Isso foi generalizado em cepas de fungos australianos da doença, mas em baixo nível na maioria das cepas encontradas nos Estados Unidos e na Europa.
"Conseguimos mostrar que o patógeno evoluiu para as condições australianas e podemos recomendar fortemente a remoção do gene de trigo suscetível a Tox1 chamado Snn1 das linhagens australianas, para criar trigo resistente adequado às regiões locais".
Líder do projeto do CCDM, Dr. Kar-Chun Tan, falou que a descoberta é significativa por explicar a dificuldade extrema de se produzir trigo resistente a doenças. "A descoberta do elemento genético ajuda a explicar a enorme variabilidade na produção de moléculas tóxicas que existe no campo - se esse patógeno é o causador do SNB, ou potencialmente outros patógenos que causam outras doenças também", declara Tan.
"Embora seja difícil explicar a variabilidade no programa de melhoramento, a boa notícia é que agora podemos monitorar o elemento genético que causa a variabilidade e ver como ela muda ao longo do tempo e em diferentes regiões da Austrália.
Segundo a publicação, o monitoramento permitirá aconselhar criadores e patologistas sobre os melhores e mais geneticamente relevantes isolados de SNB para usar na triagem de suas linhagens de trigo quanto à resistência ao SNB. Por sua vez, eles podem incorporar resistência ideal a essas linhagens de trigo, permitindo que os produtores dependam menos de fungicidas e esperar melhores rendimentos.
O diretor do CCDM, professor Mark Gibberd, declarou que esse resultado mostra a importância do investimento da Curtin e GRDC nos moldes de desenvolvimento de doenças nas culturas em produção na Austrália.
"A partir desse resultado, agora temos a oportunidade de otimizar futuros esforços de pesquisa e desenvolvimento para definir melhor nosso conhecimento das interações planta-patógeno e trabalhar com a comunidade global de pesquisa e os criadores australianos para continuar a minimizar a ameaça de doenças aos grãos. produção", disse o professor Gibberd.