Trigo: Apesar de possível atuação do La Niña, chuvas são positivas e BCBA acredita em safra recorde na Argentina

Segundo os dados mais atualizados pela bolsa, a produção no ciclo 2021/22 no país vizinho deve bater 20,3 milhões de toneladas.

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Chuvas ajudaram e produção de trigo deve bater recorde no país vizinho - Foto: Sindustrigo

 

A Bolsa de Cereais de Buenos Aires (BCBA) atualizou, no mês de novembro, os números da safra de trigo que a Argentina pode alcançar em 2021. Estipulando uma produção recorde, os números chamaram atenção do mercado quando divulgados, já que anteriormente o governo apresentava certa cautela com as previsões indicando mais um ano com La Niña podendo impactar o regime de chuvas. 

Segundo o relatório publicado pela entidade, a safra de trigo de 2021/22 no país vizinho deve atingir 20,3 milhões de toneladas, recorde para a produção da Argentina. Anteriormente, a bolsa esperava uma produção de 19,8 milhões de toneladas. Citando números anteriores da produção argentina, a entidade destacou que anteriormente o recorde no país foi registrado em 19 milhões de toneladas na safra de 2018/19.

A maior parte do trigo comprado pelo Brasil para suprir sua demanda interna vem da Argentina, por isso a alta na safra do país chama a atenção. A colheita do cereal começou no início de novembro e as condições climáticas foram favoráveis, e assim o produtor consegue avançar sem problemas com os trabalhos no campo. A atualização dos dados sobre o ciclo produtivo do cereal foi possível com mais de 30% da área já colhida.

O número de produção representa uma área de cerca de 6,84 milhões de hectares. Em comparação com o mesmo período no ano passado, os trabalhos no campo registraram leve avanço, já que a porcentagem de área colhida era de 27% no período. 

“Com o avanço das colheitadeiras no centro da área agrícola, a produtividade média passou para 2,4 toneladas por hectare neste ciclo produtivo, até o momento. Diante dessa melhora nos rendimentos obtidos e esperados nas partes centro e Sul do cinturão agrícola, a projeção de safra sobe para 20,3 milhões toneladas”, afirmou o relatório oficial publicado pelo governo argentino.

As condições climáticas foram determinantes para o avanço do cultivo de trigo no país neste ciclo. Apesar dos modelos meteorológicos mais recentes indicarem a atuação do fenômeno climático La Niña, que tem como característica a redução dos volumes na região, as chuvas nas primeiras semanas de novembro impulsionaram o desenvolvimento da safra e justificam os números divulgados recentemente.

Assim como no Brasil, o setor produtivo ficou em alerta com as chances de um novo La Niña, já que no ano passado a influência do evento climático foi intensa e resultou em quebra de produção nas demais diversas culturas, trazendo bastante prejuízo para o setor produtivo. 

Em relação à comercialização do cereal, a Bolsa de Buenos Aires divulgou que cerca de 10,6 milhões de toneladas já foram vendidas do trigo 2021/22. Quando se compara com o ano passado, o número também apresenta avanço, já que neste período os produtores do cereal da Argentina haviam comercializado cerca de 6,1 milhões de toneladas, de acordo com os dados oficiais. 

No mês de abril deste ano,  o adido do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA, em inglês) já havia informado a expectativa de safra recorde para Argentina no ano comercial. Na época, o documento destacou principalmente a  produção nas províncias de Córdoba e Chaco. 

Os dados já apontavam um avanço de 5,5% na área de plantio, somando assim 6,65 milhões de hectares. O crescimento, segundo o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos, só não foi maior devido à expansão de cultivo de cevada no país e o receio dos produtores em relação às práticas adotadas pelo governo argentino quando o assunto é a exportação do cereal.

Em relação aos custos de produção, o agricultor argentino também vem sentindo os impactos na hora de fazer as compras. Também no primeiro semestre de 2021, o adido americano também destacou que apesar do avanço nos preços no mercado futuro, o produtor do trigo sentiu os impactos da expressiva valorização dos insumos.  

"Embora os preços no mercado futuros do trigo tenham aumentado significativamente, os custos dos insumos, especialmente para fertilizante, saltaram entre 40 e 50% em relação ao ano anterior e o glifosato subiu 10%, compensando parte dos ganhos", alerta a entidade.