
Com tecnologia da Embrapa, produtor ganha tempo e obtém maior produtividade no milho
Resultados positivos, após mais de 10 anos de estudos, podem mudar a produção do milho safrinha. Pesquisa também já foi testada na cultura do sorgo com bons números
Uma tecnologia desenvolvida pelo Sistema Antecipe da Embrapa tem apresentado bons resultados para o cultivo de milho segunda safra. De acordo com a entidade, os ganhos médios diários de produtividade foram registrados entre 1,5 e 2,3 sacas por hectare com a antecipação do plantio do milho na cultura da soja.
Os números foram divulgados por um pesquisador da Embrapa Milho e Sorgo durante o 33º Congresso Nacional de Milho e Sorgo e surpreendeu, aparecendo como uma solução eficiente para diminuir as dúvidas ocasionadas pelas incertezas do clima na segunda safra.
De acordo com a publicação da Embrapa, os resultados mais significativos foram obtidos na safrinha de 2021 em um experimento realizado em Rio Verde/GO, quando o Antecipe entregou 46 sacas de milho por hectare a mais na mesma área.


O programa foi lançado no ano de 2020 e trata-se de um pacote que agrupa um sistema inédito para a produção de grãos com uma semeadura-adubadora e um aplicativo que auxilia o produtor a planejar a execução.
"O milho é semeado pelo equipamento nas entrelinhas de soja, durante o estádio R5 da leguminosa. Na hora da colheita, o milho é cortado junto com a soja, ficando apenas um pequeno caule de cada planta do cereal. Só que, nesse momento, toda a lavoura de milho já está implantada, com raízes em pleno desenvolvimento e pronta para continuar crescendo", explica a publicação.
O plantio antecipado pode gerar um ganho de até 20 dias, além de fazer o cereal aproveitar as condições de clima mais favoráveis.
A Embrapa destaca que artigos publicados em revistas técnicas das cooperativas Comigo (Cooperativa Agroindustrial dos Produtores Rurais do Sudoeste Goiano) e Cocamar (Cooperativa Agroindustrial – Maringá, PR) corroboram os dados inéditos apresentados.


Resultados de experimentos conduzidos pela Embrapa Milho e Sorgo, Embrapa Soja e pelo Departamento Técnico da Cocamar endossam os incrementos de produtividade proporcionados pelo Sistema Antecipe quando comparados a épocas de semeaduras que são realizadas fora do calendário agrícola preconizado pelo Zoneamento Agrícola de Risco Climático (Zarc).
“É importante salientar que o Sistema Antecipe não visa à substituição do cultivo do milho segunda safra hoje implantado no Brasil. Todos os resultados gerados até agora demonstram que essa técnica visa à redução de riscos do milho semeado fora do calendário agrícola preconizado pelo Zarc”, pondera Karam.
O Antecipe vem sendo implantado em outras áreas e também apresenta bons resultados, sendo mais produtivo para os grãos, quando se compara com a semeadura tardia. Segundo pesquisadores, até aqui, os estudos mostraram que desta forma o milho produz mais que se semeado tardiamente. É importante destacar que a tecnologia foi lançada após 13 anos de estudos.
No Paraná, os ganhos diários de produtividade registrados são de até 3,9 sacas por hectare por dia com o sistema Antecipe, se comparados à semeadura do milho após a soja fora da janela ideal para plantio. "Esses dados promissores foram registrados em Londrina (PR), com o milho semeado em março de 2021. No início do desenvolvimento da tecnologia, em 2009, Campo Mourão, na região centro-oeste do estado, registrou 2,9 sacas a mais na mesma comparação", afirma a Embrapa.
“Deve-se plantar o milho antes da colheita da soja. No momento da colheita da oleaginosa, o cereal vai ser cortado e vai retomar seu crescimento”, explica Karam na publicação da Embrapa. Ressalta ainda que o ponto de crescimento do milho fica abaixo da superfície do solo até o estádio V6, fase vegetativa com seis folhas desenvolvidas. Portanto, com o dano mecânico até esse estádio, o milho vai continuar seu crescimento.
O pesquisador ainda revela que cultivares de soja com porte mais ereto, que tenham a inserção da vagem em um ponto mais alto, e tratores com o vão livre adequado otimizam o Antecipe. A tecnologia também já foi testada e apresentou bons resultados para o sorgo.