
Colheita do milho no Paraná se encaminha para reta final, aponta Deral
O relatório mostrou ainda que os produtores do estado já iniciaram os trabalhos de início da semeadura da safra de verão
Segundo dados da Secretaria de Agricultura e do Abastecimento do Paraná, a colheita do milho no estado já chegou a 84% e também está sendo realizado o início da semeadura da safra de verão no estado. Os números fazem parte do levantamento do Departamento de Economia Rural (Deral) do estado.
Nesta reta final de agosto, o relatório apontou que 84% da área do cereal já foi colhida. Mostrou ainda que 99% das lavouras encontram-se em maturação e apenas 1% em fase de frutificação.
Já com relação à qualidade das lavouras, o documento apontou 66% estão com boas condições, 27% com médias e 7% foram classificadas como ruins.


No mesmo relatório, o Deral trouxe o apontamento do início dos trabalhos para a safra de verão de milho. Ainda de forma tímida, se aproximando de 1%, com 100% das lavouras estão em fase de germinação e apresentam boas condições.
Apesar da boa condição geral das lavouras no importante estado produtor do Brasil, o Deral destacou também que existem relatos de acamamento do milho nas áreas mais afetadas pela cigarrinha no Norte do estado, assim como há áreas mostrando produtividade dentro do esperado.
No Oeste e Centro-Oeste do estado do Paraná, o trabalho de colheita foi paralisado devido a alta umidade e o céu encoberto. No Noroeste do estado, os trabalhos no campo também pararam devido às chuvas dos últimos dias. A expectativa é que os trabalhos sejam retomados durante o mês de setembro.
Segundo levantamento realizado pelo Notícias Agrícolas, em Pato Branco (PR), a colheita do milho já se encerrou com média de produtividade entre 100 e 110 sacas por hectare. Segundo os produtores da região, o volume é positivo diante de problemas pontuais com fungos e cigarrinha.
A colheita terminou um pouco mais cedo, já que a semeadura da safra foi feita mais cedo, em torno de 20 de dezembro, logo após a seca drástica na soja de verão.
Os produtores do município, agora, focam na safra de inverno que vem se desenvolvendo de forma muito positiva. Neste mesmo período, os trabalhos para a próxima safra de verão também iniciaram na cidade.
Já em Campo Mourão (PR), nesta última quinzena do mês de agosto, cerca de 80% das lavouras da segunda safra de milho já estavam colhidas. Para essa região, a expectativa também é de uma produtividade média de cerca de 100 sacas por hectare.
Segundo a Associação dos Engenheiros Agrônomos de Campos Mourão (Aeacm), o município tem duas realidades. A primeira, para as lavouras que se desenvolveram bem e que são a maioria, a produtividade pode chegar a 140 sacas por hectare. Já nas áreas onde a produtividade deve ficar abaixo do esperado, esse volume não deve ultrapassar as 50 sacas por hectare.


Em Itambé (PR), a reta final da colheita confirmou as expectativas de perda de produtividade após grande incidência de cigarrinha, outras doenças e as geadas registradas nas lavouras.
Com relação à produtividade, produtores afirmam média de 78 sacas por hectare, até o momento. Número bem abaixo das 100/110 sacas da média histórica, mas ainda assim maior que o número registrado em 2021, quando a seca prolongada e as geadas deixaram boa parte da área sem condição para colheita.
Visando o próximo ciclo e com as chuvas das últimas semanas, o produtor já deu início na dessecação das lavouras e correções de solo. A expectativa é que o plantio da soja tenha início já no mês de setembro.
Exportação deve ficar abaixo de recorde em agosto
Segundo informações da Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec), o volume de exportação de milho do Brasil em agosto está estimado em 7,5 milhões de toneladas. Se confirmado, o volume fica abaixo dos embarques para todos os meses, registrado em agosto de 2019 em 7,67 milhões de toneladas.
A atualização desta semana mostra uma projeção mais baixa do que o divulgado na semana anterior, de 7,2 milhões a 8,09 milhões de toneladas.
Se o volume for confirmado, o Brasil de janeiro a agosto terá embarcado 19,55 milhões de toneladas. No ano passado, o volume de 20,6 milhões de toneladas durante todo o ciclo, mas vale ressaltar que a seca e a geada reduziram o tamanho da produção brasileira.
Com relação às vendas externas, a Anec projeta somar mais de 40 milhões de toneladas, com o Brasil aproveitando o bom momento para a produção e forte demanda internacional pelo grão.
O que mostra a Secex
De acordo com dados divulgados pela Secretaria de Comércio Exterior (Secex), ligada ao Ministério da Economia, até segunda-feira, dia 22 de agosto, o Brasil exportou 4.708.634 de toneladas de milho não moído, número que fica 8,5% acima do registrado no mesmo período no ano passado. ]
Os números mostram que a média diária de embarque ficou em 313.908,9 toneladas, representando alta de 59,3% em relação ao mesmo período do ano passado. No período entre janeiro e julho de 2022 foi também observado alta de 59,3% em relação ao 197.080,1 do mesmo mês em 2021.
“O movimento está relacionado à dificuldade da China em internalizar as cerca de 10 milhões de toneladas do grão que normalmente eram trazidas da Ucrânia, além da incidência de pragas nas lavouras que o país asiático tem enfrentado. Além disso, em razão de intempéries climáticas, as estimativas de produção de milho na Europa foram reduzidas em quase cinco milhões de toneladas, indicando que a demanda pelo produto do Brasil deverá aumentar”, destacou a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) em nota oficial.
No período, o país acumulou receita cambial de US$ 1,280 bilhão no período, contra US$ 832,741 milhões de todo agosto do ano passado. O que na média diária, deixa o atual mês com aumento de 125,5% ficando com US$ 85,366 milhões por dia útil.
Com relação ao volume importado, neste mesmo período, o Brasil fez a compra de 208.145,9 toneladas de milho não moído, exceto milho doce.
Em comparação com o mesmo período no ano passado, o número representa alta de 42,84% a mais do que o volume registrado em agosto de 2021 - quando o volume foi de 145.716,4 toneladas). Neste sentido, a média diária foi de 13.876,4 toneladas contra 6.623,5 do mesmo mês do ano passado, aumento de 109,5%.
Conab
De acordo com as primeiras projeções divulgadas pela Conab, a produção total de grãos para a safra 2022/23 aponta para uma colheita de 308 milhões de toneladas.
Para o milho, é esperada uma produção total de 125,5 milhões de toneladas. Na primeira safra, há projeção de uma leve queda de área, com variação negativa de 0,6%, uma vez que o cereal concorre com a soja. No entanto, com uma possível recuperação na produtividade, após a escassez hídrica em importantes regiões produtoras na temporada 2021/22, a produção pode chegar a 28,98 milhões de toneladas.
Já na segunda safra do cereal, é projetado um aumento tanto da área como da produtividade, o que pode resultar em uma colheita de 94,53 milhões de toneladas, aumento de 8,2% em relação à safra 2021/22.
“O cenário de mercado não apresenta uma tendência de queda expressiva para as cotações de milho, uma vez que o panorama aponta para a demanda e a oferta ainda ajustadas no ano que vem. Com isso, as margens para os produtores continuam positivas, mesmo com os altos custos de produção. Além disso, é preciso lembrar que nas duas últimas safras, o clima foi uma variável de grande influência para o desenvolvimento da cultura”, explica o diretor de Informações Agropecuárias e Políticas Agrícolas da Conab, Sergio De Zen.
Para a soja, a perspectiva da Conab aponta um cenário recorde na produção, sendo projetada em 150,36 milhões de toneladas para a próxima temporada. Os preços do grão devem continuar atrativos, uma vez que a oferta e a demanda mundial da oleaginosa seguem ajustadas, refletindo em tendência de crescimento de 3,54% de área para a cultura, podendo chegar a 42,4 milhões de hectares.
A Conab mostra ainda que a produtividade do ciclo 2022/23 deve apresentar recuperação em relação à atual safra após os problemas climáticos registrados nos estados do Sul do país e em parte do Mato Grosso do Sul. Com a melhora esperada na produtividade, a Conab estima que a maior disponibilidade do grão deve propiciar exportações na ordem de 92 milhões de toneladas, aumento de 22,2 % em relação à safra 2021/22, um recorde para a cultura.