União Europeia corta estimativa de safra de trigo 2022/23, mas ainda espera exportações recordes
Nova expectativa para a nova temporada aponta para colheita de 130,1 milhões de toneladas, ante as 131,3 milhões de toneladas previstas anteriormente para o bloco
A Comissão Europeia cortou sua previsão para a colheita de trigo da União Europeia em 2022/23, de acordo com a agência de notícias internacional Reuters, mas manteve sua projeção de exportações recordes para o bloco, já que a guerra ainda vem interrompendo o fornecimento da Ucrânia, importante produtor.
Nas estimativas mensais de oferta e demanda de cereais, a comissão reduziu sua previsão de produção de trigo mole na temporada que vai de julho de 2022 a junho de 2023 para 130,1 milhões de toneladas, ante as 131,3 milhões de toneladas estimadas anteriormente pela Comissão.
A nova previsão se deve a revisões nas safras de países como a França e Suécia.
A invasão russa da Ucrânia, que já dura meses, paralisou exportações massivas de safras ucranianas, de acordo com a agência Reuters, levando a preços recordes de trigo e oleaginosas em toda a Europa. Com isso, a Comissão manteve sua previsão para as exportações de trigo mole da UE em 2022/23 em 40 milhões de toneladas, o que seria um recorde histórico para o bloco.
Os estoques de trigo mole foram apontados até o final de 2022/23 em 12,6 milhões de toneladas, contra 12,2 milhões estimados um mês atrás.
Em 2021/22, os estoques finais de trigo mole aumentaram para 14,8 milhões de toneladas, de 13,2 milhões anteriormente, já que as exportações previstas foram cortadas em 1 milhão de toneladas, para 32 milhões, e as importações esperadas aumentaram 0,5 milhão de toneladas, para 2,5 milhões.
Também refletindo a redução da oferta da Ucrânia, a Comissão manteve sua expectativa de uma queda acentuada nas importações de milho para 9 milhões de toneladas, de 14 milhões em 2021/22.
Oleaginosas
O órgão da UE elevou sua previsão para a safra 2022/23 de colza para 18,3 milhões de toneladas, sobre 18,1 milhões anteriormente. Para as importações de óleo de girassol, que vêm principalmente da Ucrânia, houve aumento na estimativa para 2021/22 de 1,5 milhão de toneladas para 1,9 milhão, mas redução na projeção da Comissão para 2022/23 de 0,9 milhão de toneladas para 0,8 milhão.
Não houve alterações nas previsões de importação de óleo de palma para 2021/22 e 2022/23 do bloco. A Indonésia, maior exportador mundial, criou incerteza sobre a disponibilidade do óleo vegetal ao introduzir um embargo de exportação.
Problemas com a safra indiana com onda de calor
Ainda segundo a Reuters, a produção de trigo da Índia deve cair em 2022, após cinco anos consecutivos de colheitas recordes. Um aumento acentuado e repentino nas temperaturas em meados de março no país reduziu os rendimentos das safras do segundo maior produtor mundial do grão.
A queda pode conter as exportações indianas do produto. Aproveitando a alta nos preços globais do trigo depois que a Rússia invadiu a Ucrânia, a Índia exportou um recorde de 7,85 milhões de toneladas no ano fiscal até março, o que representa um aumento de 275% em relação ao ano anterior. Há expectativa de exportação de 12 milhões de toneladas em 2022/23.
Em meados de fevereiro, o governo da Índia disse que poderia colher uma safra histórica de 111,32 milhões de toneladas do grão, acima das 109,59 milhões de toneladas do ano anterior, mas a previsão ainda pode sofrer alterações. “A perda de produção de trigo fica mais ou menos em torno de 6%, por conta do encolhimento dos grãos de trigo em torno de 20% devido ao calor extremo e às ondas de calor”, disse em nota.
Em 2022, a Índia registrou seu março mais quente em 122 anos, com a temperatura máxima em todo o país subindo para 33,1ºC, quase 1,86 grau acima do normal, segundo dados compilados pelo Departamento Meteorológico da Índia. “Temos uma ideia inicial, mas é um pouco cedo para entender completamente a extensão da perda de safra”, disse um alto funcionário do governo que acompanha o plantio e as colheitas.
Neste estágio, ninguém tem uma ideia clara sobre o tamanho da safra, disse Rajesh Paharia Jain, trader de Nova Délhi. “É uma situação dinâmica, então teremos que esperar um pouco para ver uma imagem mais clara”, disse Jain à Reuters.