Cerca de 20% das áreas com milho 2ª safra no Brasil já foram colhidas, aponta consultoria

Trabalhos no campo estão adiantados; quando se olha para a média histórica para o período, o percentual de área colhida é, em média, de 15,15%.

 

Por Notícias Agrícolas


De acordo com informações da consultoria Pátria AgroNegócios, divulgadas pela agência internacional de notícias Reuters, em torno de 20% das áreas brasileiras de milho 2ª safra já foram colhidas. O número preciso, 19,89%, foi registrado na sexta-feira (24), e representa um incremento de 5,17 pontos percentuais em relação à semana anterior. 

 

O dado representa também certo adiantamento no processo de colheita, conforme aponta a empresa. Quando se olha para a média histórica para o período, o percentual de área colhida é, em média, de 15,15%. Comparando ainda com a temporada passada, a colheita do milho nesta mesma época estava em 6,06% da área, uma vez que a safra de soja havia atrasado e intempéries climáticas atingiram a safra de milho em cheio.

 

“Os relatos de colheita do centro-norte do Brasil seguem satisfatórios, alguns recordes (especialmente no Tocantins), enquanto que no centro-sul a decepção produtiva vem tomando conta do avanço da retirada da safra em campo”, afirmou a Pátria em comunicado.

 

Líder em produção do cereal

Ainda conforme levantamento da consultoria Pátria AgroNegócios, Mato Grosso, maior estado produtor de milho do país, teve certa desaceleração no processo de colheita. Informações liberadas pelo Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea) neste mês de junho dão conta de que  a colheita de milho no estado atingiu a casa dos 35,7% da área plantada, o que representa um progresso de 10,13 % no comparativo com a semana anterior.

 

Levando em conta que o percentual médio para o histórico de Mato Grosso nesta época é de 24,6%, de acordo com o Imea, o índice de área colhida se mostra maior devido ao plantio realizado, em grande parte, dentro da janela ideal para o cereal. Ainda segundo o Imea, na temporada anterior, o percentual de área colhida nesta época era de 9,71%.

 

Dados do Paraná

A Secretaria de Agricultura e do Abastecimento do Paraná divulgou, por meio do Departamento de Economia Rural (Deral), seu relatório de plantio e das principais safras do estado no final de junho.    

  

Conforme apurado pela equipe de jornalismo do site Notícias Agrícolas, o relatório semanal apontou que 3% das lavouras de milho segunda safra já foram colhidas no estado. Enquanto isso, 44% da área está em maturação, 54% em frutificação e 2% seguem em floração.  

 

As regiões mais adiantadas com a colheita são:

  • Irati (100%);
  • Ponta Grossa (10%);
  • Guarapuava (5%);
  • Cascavel, Francisco Beltrão e Toledo (4%);
  • Maringá (3%);
  • Campo Mourão e Pato Branco (2%);
  • Laranjeiras do Sul e Pitanga (1%). 

 

Do lado da qualidade dessas áreas, os técnicos do departamento classificaram:

  • 75% das lavouras como em boas condições;
  • 20% em médias;
  • apenas 5% em ruins.     

 

As regionais com mais reportes de lavouras em condições ruins são:

  • Francisco Beltrão e Laranjeiras do Sul (20%);
  • Cascavel (11%);
  • Pato Branco e Toledo (10%);
  • Umuarama (5%);
  • Campo Mourão (3%).  

 

Os técnicos do Deral destacam que as primeiras áreas colhidas na região Sul do estado estão mostrando os efeitos da cigarrinha, com produtividades abaixo do esperado. Nas regiões Oeste e Centro-Oeste, as geadas podem ter tirado 10% da produtividade, além das perdas provocadas pela severidade dos enfezamentos. 

 

Já na região Norte, os trabalhos de colheita ainda estão se iniciando brevemente, com as lavouras ainda em fase de enchimento de grãos com desenvolvimento mais lento devido ao clima mais frio. 

Segundo a consultoria Pátria AgroNegócios, a colheita no Brasil está adiantada ao comparar com a média histórica na mesma época - Foto: CNA

 

Colheita do milho começa em Itambé/PR com projeção de perda de 30% em função das cigarrinhas

Em linha com os dados do Deral, a colheita da segunda safra de milho está apenas no começo em Itambé, no estado do Paraná, mas a projeção já é de redução de 30% na produtividade esperada neste ciclo que começou com altas expectativas. 

 

Segundo contou o produtor rural e consultor no agro, Nivaldo Forastieri, em entrevista ao Notícias Agrícolas, o plantio foi realizado dentro da janela ideal e o início do desenvolvimento foi positivo, porém o ataque de cigarrinhas e doenças nas lavouras retirou a produção excelente que era esperada. 

 

Apesar das perdas, o produtor ainda ressalta que esta será uma safra de milho melhor do que a passada, que sofreu muito com as geadas registradas no inverno. 

 

Justamente essas perdas do ano passado foram o que deixaram os produtores receosos para fecharem vendas futuras no milho. Sendo assim, pouca gente aproveitou o pico de preços próximo aos R$ 90,00 a saca e, hoje, contam com preços em R$ 78,00.

 

Já para a safra de soja 2022/23, o aumento do custo de produção, com alguns insumos subindo mais de 10 vezes, preocupa os produtores, que buscam maneiras de reduzir gastos. Forastieri destaca que, neste cenário, as vendas da soja vão precisar ficar acima dos R$ 150,00 a saca. 

 

Assis Chateaubriand/PR começa colheita do milho com produtividades de 100 sacas por hectare

As primeiras lavouras de segunda safra de milho que já foram colhidas em Assis Chateaubriand, no Paraná, estão produzindo 100 sacas por hectare e a expectativa é aumentar esse patamar, conforme os trabalhos avançarem no próximo mês de julho. 

 

Segundo o presidente do Sindicato Rural de Assis Chateaubriand/PR, Valdemar Melato, ouvido pela reportagem do Notícias Agrícolas, o plantio da safrinha foi realizado dentro do período ideal e não faltou chuva ao longo ciclo. O problema foi a infestação de cigarrinhas, que deve reduzir as produtividades da parcela final de lavouras, inclusive com algumas áreas já tendo perdido até 80% do potencial. 

 

Do lado do mercado, o preço do milho gira entre R$ 78,00 e R$ 80,00 na região, o que é um bom patamar para os produtores que ainda não venderam muitos volumes antecipados. A liderança inclusive destaca que esta é uma das safras menos vendidas da história do município.  

 

Já para a próxima safra de soja 2022/23, os produtores efetuaram suas compras de insumos, como fertilizantes, sementes, fungicidas e inseticidas tentando diminuir os custos de produção e maximizar suas margens. Melato ressalta que é importante ter rentabilidade após uma sequência de safras registrando perdas.  

 

A cigarrinha como vilã

O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) está acompanhando o aumento dos relatos de pressão de cigarrinhas e aparecimento de doenças com o enfezamento nas lavouras de milho brasileiras, tanto na primeira safra de verão 2021/22, quanto na atual segunda safra. 

 

Segundo disse a coordenadora geral de proteção de plantas do Mapa, Graciane de Castro, em entrevista ao Notícias Agrícolas, os técnicos do ministério coletaram uma série de amostras tanto do inseto vetor (a cigarrinha), quanto de plantas que apresentaram os sintomas, e agora realizam análises em laboratórios para determinar se realmente há aumento nos casos. 

 

A coordenadora explica que existem outras patologias com sintomas parecidos, então esta etapa de análise é muito importante. De qualquer forma, o Mapa já identificou um aumento de relatos para a presença do problema, até mesmo em regiões onde não costumava haver essa situação. 

 

Castro aponta as condições climáticas e o aumento no cultivo do milho no país como fatores que podem ter ajudado no aumento da população e na disseminação das cigarrinhas pelas regiões brasileiras e destaca o que é possível fazer nessa situação. 

 

Do lado do produtor, a recomendação é reforçar as ações de manejo previstas em cartilhas, como a do próprio Mapa, com atenção ao controle do milho tiguera, escolha de híbridos mais tolerantes e controle dos insetos vetores. 

 

Já do lado do ministério, a coordenadora conta que a cigarrinha foi elencada como prioridade para o registro de novos produtos e a pesquisa segue avançando para atualizar os parâmetros de híbridos disponíveis com maior resistência. 

 

O que diz a Conab

O último levantamento sobre a safra de grãos no país divulgado no início de junho, realizado pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), pontuou “na atual temporada, destaque para a recuperação de 32,3% na produção de milho”.

 

Segundo a companhia, “com uma produção estável na 1ª safra do cereal, próximo a 24,8 milhões de toneladas, a 2ª safra do grão tende a registrar uma elevação de aproximadamente 45% se comparada com o ciclo anterior, passando de 60,7 milhões de toneladas para 88 milhões de toneladas”. 

 

“No entanto, ainda precisamos acompanhar o desenvolvimento das lavouras, principalmente nos estados do Paraná e Mato Grosso do Sul. Nesses locais, a cultura se encontra em estágios de desenvolvimento em que o clima exerce grande influência no resultado final. Considerando a segunda safra, cerca de 25,5% do milho do país ainda está sob influência do clima”, explica o diretor de Informações Agropecuárias e Políticas Agrícolas da Conab, Sergio De Zen.

 

“As primeiras lavouras têm apresentado bons rendimentos, pois foram semeadas em período ideal. Já a onda de frio, ocorrida em maio, formou geadas de maneira pontual no Paraná, Mato Grosso do Sul e em Minas Gerais, o que não afetou a produtividade total. O desempenho das lavouras, inclusive, melhorou nos estados paranaense e sul-mato-grossense, devido ao bom regime hídrico”, pondera De Zen.

 

Agora a Conab se prepara, realizando desde o dia 20 de junho pesquisa de campo para acompanhamento das lavouras de grãos no país. Os trabalhos seguem até o dia 25, e os dados coletados irão compor o 10° Levantamento de Safra de Grãos 2021/2022, com informações dos demais estados.  Neste levantamento, com previsão de divulgação para 7 de julho, a equipe da Companhia percorrerá o Tocantins, Maranhão, Piauí, Paraíba, Pernambuco, Sergipe, Goiás, Distrito Federal, Minas Gerais e Santa Catarina.