ABITRIGO indica estabilidade na demanda por farinha

Vale lembrar que mercado internacional do cereal passa por momento de bastante volatilidade, aguardando resolução da guerra entre Rússia e Ucrânia.

 

A moagem de trigo em 2021 apresentou volume dentro da normalidade, de acordo com dados da Associação Brasileira da Indústria do Trigo (Abitrigo). Segundo o relatório, ao todo, o país produziu mais de 9,9 milhões de toneladas de farinha no ano passado. O relatório divulgou ainda que também foram contabilizados na pesquisa os dados de quatro novas plantas industriais, e que teve, então, 111 moinhos correspondentes, entre associados e não associados. 

 

“A edição de 2021 da pesquisa teve excelente contribuição dos moinhos brasileiros, responsáveis por 92,6% dos valores apurados. Os 7,4% restantes foram dados obtidos por meio da avaliação feita por uma equipe de especialistas do setor reunida pela Abitrigo, envolvendo cerealistas, gestores de moinhos regionais, compradores de trigo e sindicatos regionais”, destaca o presidente-executivo da Abitrigo Rubens Barbosa.

Moagem de trigo em 2021 apresentou volume dentro da normalidade - Foto: CNA

 

Os resultados mostram então estabilidade na demanda pela farinha de trigo, além de mostrar os impactos da alta no custo de produção que atingiu toda a cadeia produtiva do Brasil nos últimos meses. 

“No ano de 2021, houve um crescimento no consumo de farinha por parte dos brasileiros. Isso, provavelmente, ainda é um reflexo dos impactos da pandemia para a população. Além disso, o cenário de conflito entre Rússia e Ucrânia encareceu os custos de produção e do próprio cereal em nível mundial, o que se refletiu nos números da moagem brasileira”, afirma no comunicado oficial. 

 

Os números da Abitrigo também mostram que foram moídas 12.671.917 toneladas de trigo, número que representa em torno de 9,9 milhões de toneladas de farinha de trigo, em 160 unidades industriais, considerando as estimativas dos 49 moinhos que não divulgaram oficialmente seus dados.

Já com relação ao consumo, as farinhas produzidas tiveram como destino o segmento de panificação, em torno de 44%. Na outra ponta estão: biscoito, pães, massas, food service, doméstico e industriais. 

 

Mercado do trigo tem dias intensos 

Com o conflito entre Rússia e Ucrânia longe do fim, o mercado internacional de trigo segue vivendo dias de mais intensidade na Bolsa de Chicago (CBOT). Desde o início da guerra, as cotações avançaram mais de 50%. De acordo com dados levantados pelo Notícias Agrícolas, de 3 de janeiro a 27 de maio, o contrato julho subiu 53,25% na CBOT, passando de US$ 7,55 para US$ 11,57 por bushel, enquanto o setembro saiu de US$ 7,57 para chegar aos US$ 11,66, com ganho de 54,03%. 

 

Nos últimos dias, o mercado ganhou um novo impulsionador com as notícias de restrição das exportações do cereal pela Índia, testando novas baixas na bolsa em ações de correção nos preços e realização de lucros com a possibilidade da abertura de um novo mercado para exportações da Ucrânia. 

 

Outro ponto que pesa sobre os preços neste momento, é justamente o aumento dos estoques ucranianos já que tem sido impossível para o país fazer o escoamento da produção. Segundo dados reportados pelo Ministério da Agricultura da Ucrânia, as exportações de grãos do país em maio foram de apenas 1,063 milhão de toneladas, sendo apenas 42 mil toneladas de trigo. 

 

Já com relação à produção da Índia, a agência de notícias Reuters publicou nesta segunda-feira (30) que o país em questão recebeu pedidos de fornecimento de mais de 1,52 milhão de toneladas do grão provenientes de países que precisam de alimentos básicos para superar a falta de matéria-prima que seria entregue pela Ucrânia. 

 

“Mais de meia dúzia de países se aproximaram da Índia por mais de 1,5 milhão de toneladas de trigo e veremos como atender a esses pedidos”, destacou a agência de notícias, creditando a fonte como "um funcionário do governo que não quis ser identificado". 

 

Ainda de acordo com a publicação, a maior parte da solicitação foi proveniente de Bangladesh - já tradicional comprador de trigo indiano, e que trabalha com trigo pelo menos 30% mais barato quando compra da Índia do que outras origens produtoras. 

 

Além disso, a logística também é facilitadora, já que teoricamente a carga leva apenas uma semana para ser transportada de um país ao outro.  Ressalta ainda que o país proibiu exportações de trigo no modo privado, mas está aberto a receber pedidos específicos de grãos de governos estrangeiros.

"Bangladesh importou um recorde de 4 milhões de toneladas de trigo da Índia no ano fiscal até março de 2022, contra 1,2 milhão de toneladas compradas um ano antes", concluiu a publicação.