Rabobank vê 2023 com preços do milho pressionados no Brasil e boas oportunidades de vendas ainda em 2022
Perspectiva é de aumento de área e produção recorde para o ciclo 2022/23, o que tende a pressionar os preços. Diante desse cenário, analista recomenda que produtor aproveite oportunidades de comercialização nesta reta final de ano
As projeções do Rabobank para o mercado do milho em 2023 apontam para um aumento de área cultivada no Brasil e, consequentemente, grande produção, que pode chegar a 127 milhões de toneladas e representar um recorde para o país. De acordo com o reporte, a área total, somando o milho safrinha e a safra de verão, deve totalizar 22,6 milhões de hectares em 2022/23, o que representa uma elevação de 4,6% ante o ciclo anterior.
Segundo a analista de grãos e oleaginosas do Rabobank Brasil, Marcela Marini, ouvida pela reportagem do site Notícias Agrícolas, esse quadro tende a pressionar os preços do milho no Brasil no próximo ano, o que aumenta a necessidade de o produtor aproveitar as boas oportunidades de mercado ainda nesta reta final de 2022.
Para o ano que vem, conforme as perspectivas desenhadas pelo Rabobank, com base nos cenários vistos por analistas de mercado, o consumo brasileiro de milho para a fabricação de rações também deve aumentar, tanto para a nutrição de aves quanto de suínos. Espera-se também que a utilização do milho nas plantas de etanol seja incrementada, podendo chegar a um aumento de 35% no comparativo com o ciclo anterior.
Desta maneira, se atualmente o consumo brasileiro de milho se encontra na casa das 77 milhões de toneladas, isso deve crescer para algo como 79 a 82 milhões de toneladas no ano que vem, destaca o banco.
Comercialização na reta final de 2022
Neste ano de 2022, ainda se vê um cenário de comercialização atrasada no país em relação ao histórico. O Brasil acabou de vir de uma safra boa de milho, totalizando 115 milhões de toneladas, e as cotações dos fretes entre junho, julho e agosto acabaram limitando o ritmo das exportações, fazendo com que houvesse mais milho no mercado interno do que o esperado para este período do ano.
Apesar da lentidão nas exportações, os números que indicam os resultados dos embarques do cereal brasileiro rumo ao exterior ainda são positivos, de acordo com a especialista. “Foram bem positivos entre julho, agosto e setembro, mas poderiam ter atingido patamares ainda maiores. A elevação nos fretes internos que a gente viu sendo praticado aqui no Brasil acabaram limitando um pouco o ritmo dessas vendas, principalmente neste trimestre”, ressaltou Marcela.
Em contrapartida, para o último trimestre de 2022, a especialista conta que já se observa os principais exportadores de milho (Estados Unidos – devido ao baixo nível do Rio Mississippi – e Ucrânia – por causa da guerra com a Rússia –, por exemplo), enfrentando desafios em relação à safra e também à logística. “Isso pode trazer um ritmo um pouco mais acelerado para as exportações e também para as vendas neste último trimestre de 2022”.
Com possível safra volumosa em 2023, preços do cereal no Brasil seguem em queda
Segundo informações divulgadas pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea, da Esalq/USP), neste mês de novembro, os valores do milho continuam em baixa no Brasil, pressionados pelo baixo ritmo de negócios e por estimativas indicando safra volumosa em 2023.
“O Indicador ESALQ/BM&FBovespa (Campinas – SP) fechou a R$ 83,74/saca de 60 kg nessa sexta-feira, 11, recuo de 1,42% frente ao dia 4. Compradores nacionais estão afastados de negociações envolvendo grandes volumes, atentos às boas expectativas da safra verão e aos estoques de passagem. Muitos vendedores, por sua vez, estão flexíveis nos preços, diante da necessidade de liberar espaço nos armazéns”, aponta o órgão.
O Cepea ainda destaca as projeções elaboradas pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), que trazem um cenário de que a produção da safra brasileira 2022/23 deve totalizar 126,39 milhões de toneladas, queda de 500 mil toneladas em relação ao relatório anterior, mas ainda 12% superior ao da temporada anterior e um recorde.