Não tem mais como fugir: Investir em agricultura digital é ajudar a produção do Brasil a avançar

Principal desafio no país é a conectividade e o alto custo da tecnologia para pequenos e médios produtores

Evento contou com a participação de especialistas e gerou debates importantes para avanço da tecnologia do agronegócio - Foto: Embrapa

Há alguns anos, o termo “tecnologia no campo” passou a fazer parte das rodas de conversas e importantes debates para o setor do agronegócio. Com o avanço rápido da tecnologia, fica cada vez mais evidente que para conseguir avançar de maneira sustentável, atender a grande demanda mundial, o Brasil precisa urgente começar a investir em conectividade para todos os elos da cadeia produtiva do país. "Investimento em pesquisa e busca de novas tecnologias estão entre os focos da agricultura digital", essa é a conclusão de especialistas em agricultura digital após participação em seminário online realizado pela Agência Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo) em parceria com o Instituto do Legislativo Paulista (ILP). 

 

A conclusão dos especialistas vai além e destaca ampliar a pesquisa e inovação na área da agricultura digital e desenvolvimento com foco na sustentabilidade e agregar valor na produção, é o futuro e o maior desafio do agronegócio. Além disso, avaliam a necessidade de colocar as tecnologias e inovações à disposição dos produtores. 

 

Também participou do encontro a chefe-geral da Embrapa Agricultura, Silvia Maria Fonseca Silveira Massruhá, que reforçou que a agricultura de precisão, assim como a digital, serão determinantes para o novo agro que visa, principalmente, garantir a segurança alimentar e produzir com sustentabilidade.  

 

"O evento reuniu quatro pesquisadores para tratar de tecnologias inovadoras no campo. Foi o último realizado em 2021 no âmbito do Ciclo ILP-FAPESP de Ciência e Inovação, que tem o objetivo de divulgar a legisladores, gestores públicos e sociedade em geral os avanços das pesquisas científicas financiadas com recursos públicos", destacou a divulgação da Fapesp.  

 

Entre os destaques de como é possível o setor  poder avançar com a tecnologia, a Embrapa Digital mencionou as várias oportunidades que existem como, por exemplo, mídias sociais, internet das coisas e automação. Reforçou ainda os projetos criados pela própria Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).  

 

Ressaltou ainda que o primeiro passo para garantir efetividade nas ações é auxiliar os produtores na tomada de decisão, ensinando a visualizar uma agricultura mais autônoma. Com relação aos desafios, ressalta o custo da tecnologia, sobretudo para pequenos e médios produtores.  

 

Segundo dados coletados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), atualmente existem cerca de 5 milhões de agropecuários, sendo 77% classificados como de agricultura classificados como de agricultura familiar, e que respondem por 23% do valor da produção. E ainda mostram que apenas 23% da área rural tem conectividade no Brasil.  

 

Entre os números que é preciso levar em consideração, também estão os dados levantados por um estudo realizado pela Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz da Universidade de São Paulo (Esalq-USP) em parceria com o Ministério da Agricultura, que comprovou que é possível duplicar a cobertura de internet na zona rural dobrando o número de antenas. Atualmente são 4.400 espalhadas pelo país, se o setor conseguir ampliar esse número para 15 mil, a cobertura passa a ser de 90%, segundo o estudo. A pesquisadora Clíssia Barboza da Silva, do Centro de Energia Nuclear na Agricultura (Cena-USP), levantou no evento os pontos importantes quando o assunto é investimento em startups. Segundo a especialista no assunto, é preciso encontrar formas para desenvolvimento de produtos e equipamentos de menor custo.  

 

Ainda de acordo com a Fapesp, a pesquisadora já vem trabalhando em pesquisas voltadas para estudos voltados para a combinação de imagens e inteligência artificial, que poderão, por exemplo, serem utilizados no processo de análise de qualidade de sementes.  

 

"São empregadas tecnologias baseadas em luz para obter imagens das sementes, analisadas e interpretadas por máquinas específicas para o trabalho. A técnica mantém as amostras de sementes intactas e não gera resíduos, como metodologias convencionais, porque não requer uso de substratos ou reagentes. Além disso, os resultados são obtidos mais rapidamente do que as análises convencionais, que demoram de sete dias a semanas para ficarem prontas", afirma a publicação.