Lavouras de trigo no Rio Grande do Sul apresentam elevado potencial produtivo
Com o bom cenário no Sul, consultoria revisou dados da safra atual para novo recorde na produção do Brasil
O produtor de trigo do Rio Grande do Sul passa por um bom desenvolvimento da cultura, de acordo com dados divulgados no Informativo Conjuntural divulgado pela Emater/RS-Ascar neste início de outubro. Além de apresentar um bom desenvolvimento, com potencial produtivo elevado, o levantamento também mostrou baixa incidência de doenças nas lavouras do Rio Grande do Sul.
"As lavouras em formação de grãos representam 46% da área cultivada e mantêm um excelente aspecto, com espigas grandes e boa granação", destacou o documento.
Diante deste cenário, o setor tem expectativa positiva para a produtividade no estado que, inclusive, pode ficar acima do esperado anteriormente. A cultura ainda depende da manutenção ou reposição do teor de umidade nos solos, na expectativa de novas chuvas nos próximos dias. Ainda segundo a Emater, 19% das lavouras estão em fase de maturação e 3% já foram colhidas.
Ambas as lavouras estão no Oeste do Rio Grande do Sul. Já quando o assunto é o aspecto fitossanitário e as previsões antecipadas de chuvas, os produtores de trigo anteciparam o tratamento antifúngico preventivo com foco em proteger a planta contra a giberela e também outras doenças, como ferrugens e pragas como pulgões.
A estimativa de cultivo de trigo no estado do Rio Grande do Sul para a safra 2022 é de uma área de 1.413.763 hectares. A produtividade estimada permanece em 2.822 kg/ha.
Outras culturas de inverno no RS
A Emater também divulgou atualização em relação às demais culturas de inverno produzidas no estado do Rio Grande do Sul.
Para a canola, a estimativa de produção na safra 2022 é de 48.457 hectares, com produtividade em 1.885 quilos por hectare.
Na cevada, as lavouras ainda estão em fases reprodutivas de florescimento e enchimento de grãos. A Emater também apontou bom desenvolvimento e boa sanidade para a cultura. A estimativa de cultivo de cevada no Estado para a safra 2022 é de 36.727 hectares. A produtividade estimada permanece em 2.958 kg/ha.
No caso da aveia branca, a estimativa na safra 2022 é de 392.507 hectares, com produtividade de 2.217 quilos por hectare.
Produção nacional de trigo
A última semana também foi marcada pela revisão dos dados da produção nacional de trigo pela consultoria StoneX. De acordo com as novas informações, a safra 2022/23 do Brasil está estimada em 10,05 milhões de toneladas. Se confirmado, o volume será recorde e ficará acima do projetado no mês de setembro com 9,67 milhões de toneladas.
A alta na produção estimada pela StoneX segue a mesma linha da Emater/RS, já que a consultoria aumentou a estimativa de produtividade nas lavouras da região Sul do Brasil.
A justificativa se dá pelos bons volumes de chuvas no mês passado, assim como a não ocorrência de geadas em importante fase de desenvolvimento das lavouras. A consultoria destacou ainda que as condições climáticas de outubro ainda serão importantes para definição das áreas no Sul do Paraná, em Santa Catarina e até mesmo no Rio Grande do Sul.
"No entanto, o clima úmido para outubro preocupa muito mais em relação a qualidade do trigo colhido do que o rendimento final", destacou a StoneX à agência Reuters.
Com relação às exportações brasileiras, a StoneX revisou o número para 2,8 milhões de toneladas. A estimativa anterior era de 2,5 milhões. Mesmo com o avanço, se confirmado, o volume ainda fica abaixo do ciclo anterior, que foi de 3 milhões de toneladas.
"As exportações devem ser menores nesta temporada... Embora o Rio Grande do Sul caminhe para uma produção de 5 milhões de toneladas, uma janela de exportação apertada pode dificultar um volume tão grande embarcado como no anterior", disse à agência.
A importação do produto deve ficar praticamente estável em relação aos dados do mês passado, com 6,2 milhões de toneladas, o que representa leve aumento na comparação anual. A consultoria destacou que o avanço na importação deve acontecer devido aos preços da Argentina que devem ficar mais atrativos no primeiro semestre do ano que vem.
Desenvolvimento das culturas de verão, segundo a Emater
A área estimada para a produção de milho no estado do Rio Grande do Sul pela Emater/RS-Ascar é de 831.786 hectares, o que também apontou que 64% da área já foi implantada. De forma geral, as lavouras apresentaram na última semana desenvolvimento inicial mais lento, justificado pela temperatura mais baixa.
"Em algumas microrregiões, o aquecimento do ar já propiciou o aceleramento no crescimento das plantas. Nas regiões onde ocorreram as chuvas, as lavouras mais antigas receberam adubação nitrogenada em cobertura, e os produtores fizeram o controle de plantas daninhas", afirma.
Alertou ainda para presença significativa de cigarrinha e pulgões. Segundo a Emater, o monitoramento precisa continuar sendo feito. A produtividade esperada para o estado é de 7.337 quilos por hectare.
Para a cultura do feijão, é esperada uma produção de 51.985 toneladas, neste momento, a cultura está em fase de semeadura em boa parte da área. Aquelas lavouras que foram iniciadas no período recomendado já avançaram para fase reprodutivas. A área projetada de feijão 1ª safra é de 30.561 hectares. A produtividade estimada é de 1.701 kg/ha.
A Emater destacou os dados do Riograndense do Arroz (IRGA), com área estimada de 862.498 hectares, o que representa queda de 9,9% em relação ao ciclo anterior. A produtividade média esperada é de 8.226 kg/ha, perfazendo uma produção de 7.094.909 toneladas.
"A cultura está em fase de implantação. Apesar da previsão de um período de primavera e verão sob a influência do fenômeno La Niña, a perspectiva de redução de área não é fruto somente do risco de falta de água para irrigação, já que os reservatórios estão praticamente completos. A diminuição na área é parte da estratégia dos produtores em função da situação de elevação dos custos para a formação das lavouras, com o aumento de insumos acima da cotação do cereal", destacou.
Ainda de acordo com a publicação, é indicado o cultivo de arroz nas áreas de maior fertilidade e com irrigação acessível, tendo como foco o aumento de produtividade. Nas áreas marginais, onde não há cultivo de arroz, o produtor deve destinar principalmente à soja.