Blog conecta.ag | Aveia faz parte de sistema integrado

Aveia faz parte de sistema integrado e fazenda se torna referência em boas práticas agrícolas

CNA destaca consórcio de atividade pública e privada em prol de uma agricultura mais sustentável

 

Por Notícia Agrícolas


Atendendo ao mercado que é cada vez mais exigente e sendo referência na produção de alimentos, a Fazenda Capão Redondo, localizada na região de Guarapuava, no Centro-Sul do estado do Paraná, encontrou no sistema integrado de produção boas alternativas para garantir os trabalhos no campo sejam altamente sustentáveis na agricultura e na pecuária. 

 

Segundo informações da Confederação da Agricultura e Pecuária (CNA), em atuação desde 1990, a Fazenda Capão Redondo disponibiliza atualmente aproximadamente 300 hectares para pesquisas e experimentos. Entre os trabalhos realizados, em torno de 250 hectares contam com a implementação de um consórcio de milho com forrageiras.

 

 

“Na parceria público-privada, nós aplicamos o conhecimento na fazenda tentando mudar a situação padrão, sempre nos pilares da sustentabilidade: economicamente viável, ambientalmente correto e socialmente justo. Quando o produtor começa a observar que está tendo vantagens, ele quer melhorar ainda mais”, conta Sebastião Brasil Lustosa, agrônomo e professor do Departamento de Agronomia da Universidade Estadual do Centro-Oeste do Paraná (Unicentro).

 

Entre os destaques de cultivo, aparece o uso da aveia para pastejo durante a temporada de inverno. A CNA explica que o capim aruana foi o escolhido para pastagem de verão, sendo cultivado praticamente simultaneamente com a cultura do milho. 

 

"Em alguns talhões, por exemplo, o capim aruana foi deixado como pastagem perene, apesar de a maior parte ser anual – a aveia é semeada sobre o capim aruana sem dessecação e, na sequência, entra a safra de verão. Ainda, no lugar do capim aruana, são feitas rotações com mix de cobertura (ervilhaca, nabo, aveia branca, aveia preta e centeio), feijão e trigo mourisco", afirma a publicação. 

 

Rodolpho Werneck Botelho é o produtor responsável pela fazenda, assim como presidente do Sindicato Rural de Guarapuava, e explica que o manejo integrado favorece na redução de aparecimento de plantas daninhas, maior taxa de infiltração da água no solo, menor perda de solo por erosão e maior crescimento radicular das plantas. A publicação destacou que na região onde foi implementado pastejo, foi observado 40% a mais de raízes. "Costumo dizer que o pastejo do gado é melhor que uma poda, tanto na produção de matéria seca quanto de raízes”, disse Botelho.

 

Em parceria com instituições de ensino, propriedade tem obtido bons resultados e se destacando na produção sustentável - Foto: Embrapa

 

Já com relação à produtividade na safra de verão, foi observada a mesma que no plantio de inverno ou maior em alguns pontos. A CNA explica que o sistema também deixa os animais bem preparados em uma época que costuma ser mais crítica, segundo Lustosa. “Há o adiantamento do ciclo de produção dos bovinos, que não têm restrição alimentar. Eles vão consumindo a biomassa do solo e transformando em carne”, afirma. 

 

Ainda segundo os dados da CNA, o sistema de produção integrada favorece o potencial médio de peso vivo de gado que pode chegar a 1,4 mil quilos por hectare, destacando que o resultado foi obtido só com as pastagens e sem o uso de suplementação. O número na prática é dez vezes mais que a média do estado. “Isso mostra que é possível fazer uma pecuária sustentável, mais intensiva e que gera recursos para o meio ambiente a partir da translocação de nutrientes”, explica o professor. 

 

Sobre as pesquisas na fazenda 

Em 2021, Botelho cedeu uma área de 25 hectares para o Núcleo de Inovação Tecnológica em Agropecuária (Nita) da Universidade Federal do Paraná (UFPR), que faz parte da Aliança Sipa, e busca alternativas para a produção com sustentabilidade ambiental. A iniciativa promove a cooperação entre os setores público-privado para pesquisas em Sistemas Integrados de Produção Agropecuária (Sipa), mais conhecido popularmente como Integração Lavoura Pecuária.

 

Lustosa é responsável pela coordenação da unidade Nita Guarapuava, que contempla a área da Fazenda Capão Redondo. Além de Unicentro e da UFPR, o trabalho conta com parcerias de outras instituições, como a Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná (IDR-Paraná) e Embrapa.