Aveia: Produção avança no Brasil, mas sem clima adverso potencial produtivo poderia ser ainda melhor

Em comparação com ano passado, os números mostram expressiva valorização; Conab, no entanto, destaca intempéries climáticas

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A colheita para o cereal está estimada em 1,09 milhão de tonelada na safra 2021/22 - Foto: Governo federal

 

De acordo com o último relatório de safra de grãos da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a colheita para o cereal está estimada em 1,09 milhão de toneladas na safra 2021/22. O número chama atenção, já que se trata de um aumento de 27,7% em relação à produção do ciclo anterior, que ficou em 852,6 mil toneladas. 

Apesar do avanço, no tocante à condição climática, o cenário não foi positivo para o produtor, que sentiu os impactos nos principais estados produtores, além de também serem sentidos reflexos na qualidade do cereal nesta temporada, o que impacta diretamente na comercialização.

De acordo com analistas do setor, a aveia ocupa o segundo lugar no Brasil quando se fala em produção de cereais de inverno. Os números mais recentes da Conab mostram também que a área plantada também cresceu, com 449 mil hectares. No ciclo anterior, o número era de 425,7 mil hectares. 

No último boletim referente ao cultivo de aveia branca no Brasil, a Conab também destacou as condições climáticas no Sul do Brasil, principal região produtora do cereal no país. Em Mato Grosso do Sul, a entidade afirmou que, de maneira geral, as chuvas registradas durante o desenvolvimento da safra foram irregulares, além de destacar as geadas que afetaram, principalmente, as plantas que estavam em estágio reprodutivo. 

"Assim, a produtividade média foi um pouco inferior à obtida em 2020, que também foi considerada uma temporada abaixo do potencial produtivo da cultura devido intempéries climáticas. Vale ressaltar que houve perdas importantes ocorridas em algumas lavouras em virtude das geadas maisfortes", afirma. A publicação afirma ainda que aproximadamente 4 mil hectares deixaram de ser colhidos e passaram para cobertura de solo, diminuindo a área estadual de produção.

No Paraná, o cenário é o mesmo para as condições climáticas. E as lavouras das regiões central, Leste e Sudoeste apresentavam boas condições no último levantamento. Já no Rio Grande do Sul, principal produtor do cereal, as chuvas foram mais frequentes nas últimas semanas de outubro, o que dificultou os trabalhos de colheita. 

"Esse excesso de umidade pode ter causado uma sensível redução na qualidade do produto colhido, já que favoreceu a infecção dos grãos por fungos de final de ciclo, como a giberela. Também foram verificados relatos de acamamento, resultado de uma série de eventos de tempo severo ocorridos", afirmou a Conab. 

Em relação à produtividade no estado gaúcho, os números ainda são incertos, já que têm apresentado muita irregularidade, reflexo da própria estrutura de produção da aveia "em que há uma ampla variação de tecnologias empregadas. Enquanto alguns produtores focam na obtenção de bons resultados, com aplicação de insumos e tecnologias, outros apenas realizam a semeadura com o mínimo necessário para a cultura, e basicamente colhem o que dá", finaliza o relatório. 

Em relação às demais culturas de inverno, o maior percentual continua sendo ocupado pelo trigo. E a Conab destacou no último levantamento que de modo geral, a cultura teve aumento de área em comparação com o ano passado, mas as condições climáticas adversas fizeram com que o potencial produtivo caísse nesse ciclo. 

"Ainda assim, a previsão é de uma produção nacional de 7,69 milhões de toneladas nesta temporada, 23,3% superior ao volume colhido no exercício passado, que foi uma temporada reconhecidamente abaixo do esperado em razão de adversidades climáticas", acrescentou. Para acessar o relatório completo divulgado pela Conab, acesse: https://www.conab.gov.br/info-agro/safras/graos/boletim-da-safra-de-graos