Cientista pesquisa seletividade de herbicidas na cultura da aveia branca 

Objetivo do estudo é testar potenciais herbicidas, mesmo que não sejam registrados para o trigo e aveia, para avaliar a fitotoxicidade da cultura 

Segundo o professor Clovis Souza, há disponível para os agricultores de aveia branca granífera apenas um herbicida registrado para manejo das plantas daninhas, e o trabalho de pesquisa apresentou "duas novas moléculas que estão sendo testadas - Foto: Udes

 

A pesquisa realizada pela cientista Gesieli Priscila Buba Roskamp, orientada pelo professor Clovis Arruda de Souza da Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc), intitulada "Seletividade de Tembotrione para trigo e aveia" se destacou em 2021 entre os estudos para as culturas. Isso porque, de acordo com Souza, "há disponível para os agricultores de aveia branca granífera apenas um herbicida registrado para manejo das plantas daninhas", e o trabalho de pesquisa apresentou "duas novas moléculas que estão sendo testadas, ou seja, duas novas possibilidades com resultados promissores".  

 

Segundo o professor, a área de cultivo de aveia granífera vem aumentando no Brasil. Atualmente, são 350 mil hectares, gerando uma produção de um milhão de toneladas, o que torna o Brasil o quinto maior produtor do cereal no mundo.  

 

De acordo com a publicação de Gesieli Priscila Buba Roskamp, são muitos os fatores que podem prejudicar o desempenho agronômico do trigo e da aveia, e um deles é a interferência das plantas daninhas. O manejo por meio de controle químico é o método mais utilizado pelos produtores, entretanto, o número de herbicidas seletivos registrados para aplicação na fase de pós-emergência inicial nestas culturas é restrito. Roskamp explica que este fato contribui para utilização repetitiva do mesmo mecanismo de ação ao longo das safras, o que vem acarretando a seleção de biótipos de plantas daninhas resistentes.  

 

Em seu trabalho, Roskamp  destaca que, motivada pela baixa perspectiva de lançamento de novas moléculas de herbicidas, se faz importante o teste com potenciais herbicidas, "mesmo que não sejam registrados para o trigo e aveia, para avaliar a fitotoxicidade na cultura, como é o caso dos herbicidas inibidores da biossíntese de carotenoides", salienta a cientista na pesquisa.  

 

A cientista pontua no documento que, para avaliar a seletividade de tembotrione aplicado em pós-emergência no trigo e na aveia, foram realizados três experimentos. O primeiro e o segundo foram conduzidos em casa vegetação concomitantemente, com três cultivares de trigo (TBIO Pioneiro, TBIO Toruk e Marfim) e de aveia (IPR Artemis, URS Brava e URS Corona). Ela explica na pesquisa que foram aspergidas onze doses crescentes de tembotrione,  na sequência: 0; 9,45; 18,9; 37,8; 75,6; 151,2; 302,4; 604,8; 1.209,6; 2.419,2 e 4.838,2 g i.a. ha-1.  

 

As aplicações foram realizadas no estágio em que as plantas apresentavam 3,5 folhas expandidas, conduzidos em delineamento inteiramente casualizado (DIC) em esquema fatorial 3x11. Avaliou-se aos 0, 7, 14, 21 e 28 dias após a aplicação (DAA) a altura, número de folhas, intoxicação das plantas e ao término do experimento (28 DAA) a área foliar e massa seca acumulada.  

Em relação ao trigo, a cientista pontua que o cereal apresentou reduções nas variáveis de crescimento e aumento nas notas de intoxicação quando submetido a doses crescentes de tembotrione, sendo este herbicida não seletivo às cultivares de trigo estudadas.  

 

Já no caso da aveia, "ocorreu estímulos ao crescimento (hormese) das plantas em decorrência da aplicação de subdoses de tembotrione, enquanto nas sobredoses de tembotrione ocorreu aumento dos níveis de intoxicação e redução nas variáveis de crescimento. A hormese e seletividade de tembotrione em aveia foi dependente da cultivar e da dose do herbicida", explica a pesquisadora no documento.  

 

Com os resultados obtidos nas duas primeiras fases do experimento, veio a terceira etapa do estudo, realizado a campo em delineamento experimental em blocos casualizados (DBC), em esquema fatorial 3x5, disposto em parcelas subdivididas, onde na parcela principal foram alocados três cultivares de aveia (IPR Artemis, URS Brava e URS Corona) e na subparcela cinco doses de tembotrione aplicadas, na sequência: 0; 75,6; 151,2; 302,4 e 604,8 g i.a. ha-1, realizadas quando as plantas apresentaram 3- 4 folhas expandidas.  

 

Nesta fase, foram avaliados os seguintes aspectos:  intoxicação das plantas em 7, 14, 21, 28 e 35 dias após a aplicação, índice de colheita e altura de plantas na maturidade fisiológica, massa de mil grãos, produtividade, peso hectolitro, índice de descasque e espessura de grãos após a colheita.  

 

Segundo explicação da cientista Gesieli Priscila Buba Roskamp, os níveis de intoxicação aumentaram frente às doses crescentes de tembotrione. A cultivar URS Corona e IPR Artemis não apresentaram reduções nas variáveis medidas nas doses aplicadas. Da mesma maneira foi o que ocorreu para a URS Brava em dose equivalente e inferiores a 151,2 g i.a. ha-1 respectivamente.  

 

Sendo assim, a seletividade de tembotrione depende da cultivar e dose aplicada. "A dose de tembotrione recomendada para controle de plantas daninhas no milho fica entre 75,6 e 100,8 g i.a. ha-1 . Portanto o tembotrione apresentou seletividade a aveia em doses satisfatórias, demonstrando potencial de utilização", conclui a pesquisadora. 

 

É possível acessar a pesquisa completa por meio do link https://www.udesc.br/arquivos/cav/id_cpmenu/1320/disserta__o_Gesieli_P__Buba_15670996734687_1320.pdf