Clima reduz oferta de suco de laranja no Brasil e CitrusBR aponta impacto nas exportações do produto

Volume exportado nos dez meses da safra 2021/22 foi menor que no ciclo anterior, mas arrecadação aumentou.

 

Segundo balanço divulgado pela CitrusBR neste mês de maio, o volume de suco de laranja embarcado pelo Brasil entre julho de 2021 a abril de 2022 (período correspondente aos dez meses da safra 2021/22), foi 5,21% menor que o mesmo período da safra anterior. 

 

O volume total exportado no período, de acordo com a entidade, foi de 813.696 toneladas, montante inferior ao registrado na safra passada, que foi de 858.384 toneladas. As informações, reunidas e analisadas pela entidade, são divulgadas semanalmente pela Secretaria de Comércio Exterior (Secex), órgão ligado ao governo federal. 

 

Já quando se fala em receita obtida com a venda do suco de laranja brasileiro no exterior, há uma inversão. Houve alta de 5% no faturamento, saindo de US$ 1,266 bilhão na safra anterior para US$ 1,330 bilhão no registro de 2021/22.

 

Conforme pontua a CitrusBR, o resultado acompanha a tendência adiantada pela entidade ainda em fevereiro, que devido à estiagem e as geadas enfrentadas durante a safra, seria desafiador atender à demanda do mercado externo.

China foi destaque com aumento em volume e valor pago pelo produto brasileiro - Foto: CNA

 

Mercados importadores do suco brasileiro

No ranking dos principais destinos do suco de laranja que parte do Brasil, segundo a CitrusBR, estão:

  • Países da Europa, representando 63,87% do volume embarcado;
  • Estados Unidos, com participação de 19,92%;
  • China, responsável por 8,09%;
  • Japão, com 3,90%;
  • Austrália, que adquire 1,05% do produto brasileiro.

 

No caso da Europa, houve recuo de 5,36% nas exportações em matéria de volume, passando de 547.352 toneladas exportadas na safra anterior para  518.013 toneladas nesta safra. O valor das vendas, entretanto, aumentou, somando neste ano US$ 853,4 milhões, crescimento de 3,85% no comparativo com a safra passada, quando foi arrecadado o valor de US$ 821,8 milhões com os embarques do produto.

 

Em contrapartida, no caso dos Estados Unidos houve certa estabilidade, conforme os dados compilados pela CitrusBR, apontando para leve recuo de 0,40% no volume exportado. Foram 161.534 toneladas de suco de laranja embarcadas nesta safra contra 162.175 toneladas no ciclo 2020/21.

 

Já o faturamento com as exportações de suco de laranja para os Estados Unidos foi 18,93% superior nesta safra, chegando a  US$ 285,7 milhões ante US$ 240,3 milhões no período de 2020/21.

 

O Japão recuou 14,9% no volume adquirido de suco de laranja do Brasil, atingindo 31.637 toneladas nos dez primeiros meses da safra 2021/2022 em relação ao mesmo período da safra anterior, quando a somatória foi de 37.177 toneladas. A receita teve pouca queda, na ordem de 0,26%, saindo de US$ 52,2 milhões da safra passada para US$ 52,1 milhões na 2021/2022.

 

Evolução

Apesar dos resultados obtidos com os demais mercados, a China ganha destaque neste ciclo 2021/2022. Conforme apontado pela CitrusBR, entre julho a março do período, o volume embarcado foi de 65.615 toneladas, elevação de 50,89% em comparação ao volume registrado na safra anterior, que foi de 43.486 toneladas. 

 

No caso da receita obtida com as vendas do suco de laranja brasileiro para o gigante asiático, foram arrecadados US$ 78 milhões, avanço de 53,64% frente aos US$ 50,8 milhões registrados na safra anterior. 

 

“O volume exportado nos últimos 10 meses para a China já é maior que o volume das últimas dez safras. Isso demonstra um processo de amadurecimento do mercado, o que é importante para a descentralização do eixo Europa-Estados Unidos”, diz o diretor-executivo da CitrusBR, Ibiapaba Netto.

 

Mercado interno

Segundo informações do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), as vendas de cítricos seguem desaquecidas no estado de São Paulo.

 

Nos últimos dias de maio, o mercado foi mais fraco, segundo os analistas do órgão, por se tratar de uma segunda quinzena de mês, quando normalmente as vendas diminuem e dias com temperaturas mais baixas que reduzem a busca pelas frutas.

 

Ainda conforme análise do Cepea, soma-se à menor demanda o aumento gradativo da oferta no mercado. Entre os dias 16 e 19 de maio, a laranja pera ficou com preço médio de R$ 36,11 a caixa de 40,8 kg, na árvore, o que representa recuo de 6,09% em relação à semana anterior (9 a 18 de maio). 

 

A rubi registrou valor médio de R$ 31,98/cx, retração de 5,04% comparando com a semana anterior.