Blog conecta.ag | Campanha Tiguera de Milho Zero em SP alerta produtores

Campanha Tiguera de Milho Zero em SP alerta produtores sobre o manejo e a prevenção dos enfezamentos e viroses

Milho, que cresce espontaneamente em campos, pode atrair vetores de doenças prejudiciais à cultura do cereal

 

Por Notícia Agrícolas


De acordo com informações do 12º Levantamento da Safra de Grãos, publicado no início do mês de setembro pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), trouxe que houve recuperação na produção total de milho, com estimativa de colheita em 113,2 milhões de toneladas, alta de 30% em relação ao ciclo anterior. 

 

“Enquanto na primeira safra houve uma certa estabilidade na produção em 24,9 milhões de toneladas, devido às condições climáticas desfavoráveis principalmente nos estados do Sul, a segunda safra foi marcada por uma retomada na produção em torno de 41,8%, sendo estimada em 86,1 milhões de toneladas”, pontua a companhia.

 

Entretanto, os resultados só não foram mais positivos em Goiás, São Paulo e Minas Gerais devido à estiagem e aos ataques de cigarrinhas nas lavouras, praga que também afetou a produtividade no Paraná, conforme dados da Conab. “Há duas safras houve o registro de cigarrinhas em regiões de clima frio. A partir daí, a praga tem aparecido de forma mais recorrente. Para a safra 2022/23, os produtores precisam ter bastante atenção quanto ao surgimento desse vetor de forma a tentar melhor controlá-lo", explica o diretor de Informações Agropecuárias e Políticas Agrícolas, Sergio De Zen.

 

Em uma parceria entre a Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (CATI), do Instituto Agronômico (IAC) e do Instituto Biológico (IB)/Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (Apta), a Secretaria de Agricultura e Abastecimento (SAA) de São Paulo intensificou as ações de combate aos enfezamentos e às viroses do milho, lançando a Campanha Tiguera de Milho Zero neste mês de setembro.

 

Principalmente nas regiões quentes do Brasil, os enfezamentos e viroses que acometem o milho, têm causado danos substanciais, segundo a Secretaria de Agricultura paulista. Para enfrentar o problema, a pasta elenca no rol de recomendações técnicas o controle da tiguera de milho (plantas nascidas de forma espontânea, a partir dos grãos de milho que foram perdidos ou de espigas que ficaram na área colhida).

As plantas voluntárias de milho, denominadas “milho tiguera” ou “milho guacho” são a principal ponte verde para sobrevivência da cigarrinha-do-milho no período de entressafra no Brasil - Foto: Notícias Agrícolas

 

“O controle da tiguera de milho deve ser realizado o mais precoce possível, sendo uma medida preventiva muito importante, já que ele pode abrigar e multiplicar os insetos vetores contaminados (cigarrinhas - Dalbulus maidis e pulgões - Rhopalosiphum maidis), tornando-se uma “ponte-verde” e fonte de inóculos de enfezamentos e viroses para os próximos cultivos de milho”, explica Sandro Lemos Parise, engenheiro agrônomo integrante do Grupo Técnico de Grãos da CATI e responsável pela Casa da Agricultura de Cândido Mota (ligada à CATI Regional Assis).

 

Lemos também aponta que em 2022 houve registro de volumes importantes de precipitações em regiões produtoras de milho segunda safra em São Paulo. Com isso, a germinação de grãos de milho que estavam perdidos nos campos ocorreu, e isso demonstra a importância e urgência da Campanha Tiguera de Milho Zero.  

 

Aildson Pereira Duarte, pesquisador do IAC, ressalta que o milho e a soja são cultivados em sucessão, uma vez que o milho safrinha, após a soja, corresponde a ¾ da área total deste cereal (16 milhões dos 21 milhões de hectares cultivados no país). 

 

No estado de São Paulo, ainda conforme Duarte, predomina o cultivo na segunda safra após a soja, ocupando mais de 500 mil hectares, enquanto na safra de verão são cultivados cerca de 300 mil hectares. 

 

“Esta sucessão enfrenta desafios crescentes devido ao aumento das pragas e doenças, haja vista que a tiguera de milho é ponte verde entre uma safra e outra. Além disso, a sobrevivência desses insetos e patógenos depende da presença contínua do milho no campo, especialmente a da cigarrinha, que se alimenta e multiplica somente nesta gramínea. Por isso, o controle tardio do milho tiguera é uma das principais causas da ocorrência generalizada e recorrente, o que caracteriza uma verdadeira epidemia de enfezamentos e viroses nas plantas de milho, comprometendo seu potencial produtivo”.

 

“Entre as medidas adotadas pela SAA está a elaboração de recomendações técnicas elaboradas em conjunto pelo IAC, pela CATI e pelo Instituto Biológico, as quais, se adotadas de forma coordenada pelos agricultores nas regiões produtoras, poderão reduzir os prejuízos dessas doenças no milho, bem como melhorar a sustentabilidade econômica e ambiental da produção, com a redução de pulverizações de inseticidas químicos”, ressalta Aildson Pereira.