Blog conecta.ag | China deve começar a importar milho do Brasil ainda neste ano

 

China deve começar a importar milho do Brasil ainda neste ano, diz agência internacional

O ideal é que produtor brasileiro aproveite a janela entre outubro, novembro e dezembro para garantir boas vendas


Há pelo menos três meses o Brasil e a China conversam para possível liberação de importação de grãos de milho para o país asiático. Em maio, os dois assinaram um acordo, mas uma série de liberações ainda precisavam acontecer para que a parceria comercial fosse de fato efetivada. 

 

Nos últimos dias, no entanto, a negociação entre os dois países teve novidades. Segundo informações da agência de notícias Bloomberg, a China já está tomando medidas para que as liberações sejam feitas, abrindo caminho para importação do milho do Brasil.

 

 

“Esse acordo, que levou anos para ser concluído devido à preocupações fitossanitárias, exige que o governo brasileiro forneça orientações aos agricultores sobre a aplicação de produtos químicos e manejo das culturas antes da semeadura para garantir que os produtores tomem medidas para evitar doenças”, relata a agência. 

 

Se confirmado, trata-se de uma mudança nos negócios do Brasil, de acordo com informações levantadas pelo portal Notícias Agrícolas. De acordo com a publicação, analistas de mercado no Brasil acreditam que as vendas passarão a acontecer a partir de outubro e em grandes volumes. 

 

“A China é o maior comprador de grãos do planeta e, seguramente, deve importar no ano que vem 25 ou 30 milhões de toneladas porque estão recompondo estoques. Acho difícil sair já em setembro, mas para outubro já tem tempo para girar e começar a andar”, afirmou o analista Vlamir Brandalizze ao portal. 

 

A guerra entre Rússia e Ucrânia é um dos motivos que faz com que a negociação ande mais rápido, já que a condição gerou uma interrupção do comércio, assim como as tensões entre Estados Unidos e China, que aumentaram nos últimos dias, sobretudo depois a visita da Presidente da Câmara dos Representantes dos EUA, Nancy Pelosi, à Taiwan. 

 

Analistas apontam que, se confirmado, mercado chinês pode render vendas expressivas e interessantes ao Brasil - Foto: CNA

 

Para o presidente executivo da Abramilho e ex-ministro da Agricultura do Brasil, Alysson Paolinelli, a oportunidade vai mostrar ao mercado chinês a potência e a qualidade do grão brasileiro. Ele afirma que a medida em que a necessidade da China for crescendo, o país vai entender que trata-se de um produto de excelente qualidade. "Os outros milhos que estão no mercado têm três ou quatro anos de armazém, os estoques dos Estados Unidos são de quatro anos", comentou.

 

Já a Hedge Point Global Markets também destacou  o impacto que essa liberação deverá ter no mercado brasileiro, esperando que a China mantenha o ritmo de compra iniciado em 2020. “Essa demanda chinesa já está no mercado internacional comprando milho e a gente espera que a China continue comprando, o que começou em 2020, e esperamos que não volte a menos de 5 milhões de toneladas no futuro próximo. Como essa demanda não precisa mais ir para a Ucrânia ou para os Estados Unidos, já que eles têm um novo fornecedor, isso vai impactar o mercado brasileiro”, afirmou o analista de mercado Pedro Schicchi. 

 

Durante o ano de 2021, a compra de milho pela China ficou entre 70% dos Estados Unidos, enquanto a Ucrânia foi responsável pelos outros 30%. 

 

“Está bem claro que Pequim está procurando suavizar o caminho para o milho brasileiro para substituir o milho que normalmente compraria da Ucrânia e também está preocupada com seu alto grau de dependência dos EUA para milho e outras commodities agrícolas”, disse à Bloomberg Even Pay, analista da consultoria Trivium China em Pequim. 

 

A agência internacional acrescentou ainda que a China não mudou o nível das exigências sanitárias. “O milho precisará estar livre de pragas de qualquer maneira. Os primeiros embarques devem ser feitos no segundo semestre do ano”, disse à Bloomberg Sérgio Mendes, diretor geral da Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (ANEC).  

 

Já com relação às negociações, Brandalizze acrescentou que é importante que elas sejam feitas antes de dezembro, já que a partir deste mês a China tem tradição importar dos Estados Unidos. O setor produtivo no Brasil precisa estar atento e aproveitar a janela de outubro, novembro e dezembro para realizar os embarques.