Rentabilidade do trigo chama atenção do produtor no Paraná e se torna alternativa para alimentação animal

Segundo o Deral, valor pago ao produtor está 27% maior comparado com 2020 e, mesmo com adversidades climáticas e quebra na produção, se torna uma opção viável ao produtor

Valor pago ao produtor está 27% maior comparado com 2020 - Foto: Luiz Henrique Magnante/Embrapa

 

Com aumento da rentabilidade do trigo no Paraná, a produção do cereal tem chamado atenção dos produtores, que visam também redução nos custos na produção animal, que assim como os demais elos produtivos do país observaram um aumento significativo durante o ano de 2021.

 

Segundo dados divulgados pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), o produtor de trigo do Paraná está recebendo um valor até 27% maior pela comercialização em relação ao mesmo período do ano passado, na reta final da colheita.

 

A taxa cambial e os inúmeros problemas logísticos se destacam quando o assunto é elevação no custo de produção para o produtor brasileiro neste ano.

 

Quando o assunto é o tamanho da produção, os números divulgados pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), no mês de novembro, mostram que a produção do cereal no Paraná deve ter, em média, 43 sacas por hectare, chegando a quase 3,2 milhões de toneladas. 

Em relação ao ciclo anterior, o Departamento de Economia Rural  (Deral) aponta que o estado deve ter um recuo de 19% na produção, consequência da seca prolongada e também das geadas que atingiram com bastante intensidade as áreas de produção em 2021. 

Mesmo com os impasses climáticos e com as previsões mais recentes indicando a possibilidade de mais um ano com efeito de La Niña, que pode voltar a trazer impactos ao regime chuvoso do Sul do Brasil, os produtores observam um cenário positivo para cultivo com as cotações mais altas. De acordo com o Deral, a média de negociação no estado ficou em R$ 87,34/saca durante o mês de outubro, avanço de 27% em relação ao mesmo período no ano passado, quando a negociação era de R$ 68,61. 

De acordo com o Deral, os custos variáveis da lavoura de trigo no Paraná chegaram a R$ 3.504,06/ha (base agosto de 2021), o que representa 39 sacas/ha (cotação R$ 89,00). 

“Se considerarmos a média de produtividade do estado, em 43 sc/ha, o produtor terá boa lucratividade, lembrando que existe um grande número de produtores que colheu acima de 60 sacos de trigo por hectare. O desafio agora é manter o produtor motivado mesmo quando os preços não estiverem em alta”, avalia o engenheiro agrônomo da Embrapa Trigo, Osmar Conte. 

A Embrapa destaca ainda que  a cultivar BRS Belajoia, ainda em validação, rendeu 64,5 sc/ha. O custo da lavoura ficou em R$ 2.364,71/ha, o que representou 36,9 sc/ha. “Mais importante do que a produtividade é observar a rentabilidade do produtor, que chegou a 58%. O que importa não é encher o armazém, mas encher o bolso”, destaca o engenheiro agrônomo Luiz Tarcísio Behm, consultor que acompanhou a lavoura.

O bom momento para os preços fez o produtor também movimentar a produção animal no estado. O sudoeste do Paraná é responsável pela maior área de produção de leite do estado, com 1,2 bilhão de litros por ano em uma área que abrange 42 municípios. Em 10 anos, o crescimento na produção leiteira registrou aumento de 98% no Paraná. 

Com a boa produção nas culturas de inverno, cada vez mais os produtores apostam em oferta maior de forragens, como forma de buscar novas alternativas para alimentação animal. O custo elevado de produção e as novas possibilidades também têm atraído os produtores da avicultura.

Visando encontrar mais alternativas para o setor, a Embrapa Trigo desenvolve um trabalho voltado à rentabilidade da triticultura brasileira. Um dos focos da entidade é encontrar uma cultivar rentável, baseada na intensificação do sistema produtivo e com objetivo de otimizar o uso das áreas de inverno, associada à genética de qualidade que também permita o manejo eficiente dos insumos. 

Segundo a Embrapa, o trabalho de pesquisa já conta com vários parceiros no Rio Grande do Sul, e também avança para Santa Catarina e Paraná, buscando entender a individualidade de cada estado com o objetivo final de apresentar resultados de pesquisa que refletem a realidade de cada produtor.