Expectativa para o setor de frutas é encerrar 2021 com recorde de faturamento nas exportações com US$ 1 bi

De acordo com o HF/Cepea, exportações das principais frutas brasileiras se intensificam a partir de setembro

Até setembro, exportações de frutas totalizavam 737,1 mil t e receita de US$ 695 mi - Foto: Notícias Agrícolas

O setor frutícola brasileiro pode fechar o ano de 2021 registrando recorde nas exportações, podendo chegar ao faturamento de US$ 1 bilhão de dólares, de acordo com análise do setor de Hortifruti do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea, da Esalq/USP).

Segundo a instituição, o mercado exportador de frutas já vem em crescimento há alguns anos, favorecido pelo dólar valorizado, e o setor almeja, desde os anos 2000, atingir uma meta, que é arrecadar US$ 1 bilhão com vendas externas. Para a equipe de analistas da entidade, se o cenário externo continuar favorável, é possível que esse valor seja atingido em 2021.

No ano passado, segundo o Hortifruti/Cepea, mesmo diante das incertezas causadas pela pandemia da Covid-19, o desempenho do setor de frutas foi positivo, totalizando US$ 935,4 milhões, conforme a Secretaria de Comércio Exterior (Secex) do governo federal. Agora, em 2021, os dados parciais de embarques demonstram que a performance brasileira está ainda melhor. 

Conforme dados detalhados pelo Hortifruti/Cepea, até o mês de setembro, o volume total de frutas frescas brasileiras enviadas ao exterior – considerando-se frutas, cascas de frutos cítricos e melões – é recorde para o período, totalizando 737,1 mil toneladas, com o faturamento somando pouco mais de US$ 695 milhões, de acordo com dados da Secex

Os analistas do Cepea ressaltam que os embarques de muitas frutas brasileiras e que são importantes na pauta de exportação – como manga, melão, melancia e uva – normalmente são intensificados a partir de setembro, o que, por sua vez, deve contribuir para o cumprimento da meta. 

Em 2021, além da demanda internacional aquecida, os produtores que possuem a oportunidade de exportar estão aproveitando o cenário, uma vez que o consumo interno passa por problemas devido à descapitalização da população como parte das consequências da pandemia. 

Outro ponto que auxilia o desempenho positivo das exportações é a valorização do dólar e do euro frente ao real, o que torna a remuneração externa mais atrativa. Porém, é importante lembrar que os produtores têm enfrentado um forte aumento dos custos de produção, sobretudo neste ano, diante do encarecimento dos insumos. 

A elevação dos custos de produção, segundo a instituição, é causada principalmente pela alta do dólar, já que uma porção significativa dos insumos utilizados na agricultura são importados. E a aquecida demanda por defensivos e fertilizantes e problemas relacionados à produção de grandes fornecedores mundiais (como a crise energética na China, que restringiu o funcionamento das indústrias) trazem uma ameaça: a possibilidade de falta destes produtos. Adiciona-se a isso o aumento nos preços das embalagens, e no final das contas, de acordo com a análise do Cepea, a maior parte dos fruticultores terá margens mais apertadas.

Outro gargalo é a logística, principalmente a marítima, prejudicada desde o ano passado, com a pandemia da Covid-19. Devido a casos da doença, alguns dos principais portos ao redor do mundo foram paralisados, o que prejudicou os embarques brasileiros.

Posteriormente, segundo a instituição, o funcionamento até se normalizou, mas medidas para controlar o avanço da doença dificultaram os trabalhos em muitos portos, como problemas com mão de obra e necessidade de reter embarcações por algum tempo. 

Isso  resultou em escassez de navios e de contêineres em escala mundial, encarecendo os custos logísticos. Para agravar esse contexto, segundo análise do Hortifruti/Cepea, notícias indicam que produtores de contêineres também frearam os trabalhos durante os períodos mais críticos da pandemia, o que desenha um horizonte de demanda acima da oferta para os equipamentos e que deve perdurar nos próximos meses.

Mais um entrave é a questão de limites máximos de resíduos (LMR) nas frutas. De acordo com o Hortifruti/Cepea, não é novidade que o mercado europeu de frutas é bastante exigente no que diz respeito a resíduos de defensivos agrícolas. Sendo assim, documentos especificando os limites máximos de resíduos (LMR) em cada fruta são disponibilizados para orientar os exportadores.

Apesar da clareza da legislação quanto a estes limites, o tema está sendo um entrave às exportações de frutas, já que boa parte dos importadores vem exigindo níveis de resíduos ainda mais baixos que os definidos nas normas, ou até mesmo proibindo produtos que são registrados para a cultura. Segundo a instituição, exportadores relatam casos de lotes inteiros sendo destruídos por conta de resíduos, e essa exigência parte, em sua maioria, de grandes redes varejistas.