Arroz brasileiro tem potencial para aumentar presença no Canadá, aponta estudo da Apex-Brasil 

O crescimento da parceria comercial Brasil-Canadá em relação a outros produtos têm animado os exportadores brasileiros a buscarem o arroz, por exemplo, como potencial de avanço nas vendas 

Questões como o aumento de imigrantes asiáticos e a percepção do arroz como um produto saudável deverão elevar esse valor para US$ 323,9 milhões em 2023 - Foto: CNA

 

Conforme informações da Câmara de Comércio Brasil-Canadá (CCBC), um levantamento feito pela Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil) apontou que o consumo de arroz tem aumentado no Canadá. Esta elevação está sendo alavancada, principalmente, pelo fluxo migratório e pela abertura a novas experiências culinárias, aliados à busca de alternativas ao consumo de carne.  

 

Atualmente, a maior parte do cereal adquirido pelo Canadá vem dos Estados Unidos, Tailândia e Índia. No entanto, a tarifa de importação de arroz é zero para todas as nações exportadoras, incluindo o Brasil. A CCBC pontua ainda que o intercâmbio comercial entre Brasil e Canadá vem aumentando de forma consistente nos últimos anos.  

 

Em 2020, o comércio entre os dois países totalizou US$ (FOB) 6,041 bilhões – um aumento de 7% ante os US$ (FOB) 5,645 bilhões verificados em 2019. Para a Câmara, esse aumento na parceria comercial está animando exportadores brasileiros a avançar na busca de produtos com potencial de vendas no mercado canadense, e este é o caso do arroz brasileiro. 

 

A pesquisa da Apex-Brasil traz dados da consultoria Euromonitor que mostram que, em 2019, o mercado de arroz totalizava US$ 304,1 milhões. Entretanto, questões como o aumento de imigrantes asiáticos e a percepção do arroz como um produto saudável deverão elevar esse valor para US$ 323,9 milhões em 2023. 

 

O levantamento ressalta ainda que o Canadá importa principalmente o arroz semibranqueado ou branqueado, mesmo polido ou brunido (glaceado), que corresponde ao código SH 1006.30 do Sistema Harmonizado de Descrição e Codificação de Mercadorias da Organização Mundial das Alfândegas (OMA). Nos últimos anos, as exportações brasileiras desse tipo de arroz tiveram um desempenho bastante positivo, quintuplicando de US$ (FOB) 135,9 mil em 2013 para US$ (FOB) 676,84 mil em 2020.  

 

A Câmara de Comércio Brasil-Canadá pontua que o valor do ano passado já é pouco mais que o dobro do registrado em 2019, quando as exportações brasileiras de arroz ao Canadá somaram US$ (FOB) 320,37 mil.

 

Pandemia como impulso às mudanças de hábito 

 

A pandemia da Covid-19 e a necessidade do distanciamento social fez com que os canadenses, assim como em outros países do mundo, tivessem que trabalhar em casa e, por consequência, substituir as refeições em restaurantes pela alimentação em casa.  

 

Segundo a Câmara de Comércio Brasil-Canadá (CCBC), esse fato, por sua vez, estimulou que os consumidores buscassem novos ingredientes, favorecendo a utilização do arroz nas refeições. "Esta mudança é importante, uma vez que, normalmente, o produto não era muito utilizado no país; de acordo com o estudo da Apex-Brasil, em 2019 os canadenses consumiram 5,2 quilos per capita do produto. Nos Estados Unidos esse consumo é de 8 quilos per capita, e no Brasil, de 35,7 quilos per capita" ressaltou o reporte da CCBC. 

 

Apesar destas diferenças de consumo, tendências demográficas podem alterar o jogo, uma vez que, segundo a Câmara, o consumo tradicional de massas como fonte de carboidratos têm experimentado uma redução, especialmente por conta da preferência das gerações mais jovens por produtos como macarrão instantâneo, também conhecido como noodles, e arroz.  

 

“Além da questão geracional, a presença de imigrantes de origem asiática, como indianos, chineses e filipinos, contribui para o crescimento de tais categorias, visto que são pratos tradicionais na dieta oriental”, destaca a análise da Apex-Brasil. 

 

Gargalos 

 

Apesar do otimismo em relação ao aumento da parceria comercial com o Canadá quando o assunto é o arroz brasileiro, alguns desafios precisam ser levados em conta, segundo a CCBC.  

 

A análise da Apex-Brasil destaca a competição com o produto oriundo dos Estados Unidos e questões relacionadas ao arroz branco, que teria lento crescimento de consumo no Canadá e ainda seria percebido como um produto menos saudável do que outras categorias de arroz, como o integral e o parboilizado. 

 

“Por fim, uma oportunidade que pode agregar mais valor ao arroz branco é apresentá-lo juntamente com outros grãos de arroz ou de outros tipos, como quinoa. Algumas apresentações comuns são a mistura de arroz branco com arroz integral ou mesmo o arroz selvagem canadense. Existem também inovações que adicionam aroma ou sabores ao produto, como frango, alho ou cogumelo”, acrescenta o documento.