Fungicidas: o que são? como aplicar? quando e por que usar?

Segundo o Consórcio Antiferrugem, ferrugem-asiática da soja é considerada a doença mais severa da cultura, podendo causar perdas de até 90% de produtividade se não controlada

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Ferrugem-asiática da soja é considerada a doença mais severa da cultura - Foto: Embrapa

 

Aliados da agricultura moderna. Assim podem ser definidos os fungicidas. Eles são produtos químicos ou biológicos capazes de proteger os cultivos, como arroz, feijão, trigo, soja, algodão e outros, do aparecimento e crescimento de fungos, que podem desencadear doenças nas plantas, impactando nos níveis de produtividade e qualidade do produto final. No caso da soja, por exemplo, a ferrugem é uma das principais doenças associadas aos fungos.

Segundo o Consórcio Antiferrugem, ação coordenada pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) em conjunto com o  Laboratório de Epidemiologia de Plantas da UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul) e o Grupo de Pesquisa Mosaico da UPF (Universidade de Passo Fundo), a doença é considerada a mais severa da cultura e pode causar perdas de até 90% de produtividade caso não seja controlada, impactando na rentabilidade. 

Estima-se que 19 mil fungos podem causar doenças nas plantas.

Nos últimos anos, tem se verificado que a detecção precoce e o manejo com fungicidas nas plantas tem gerado melhores resultados nas doenças, além de outras estratégias, como a  ausência da semeadura de soja e a eliminação de plantas voluntárias na entressafra por meio do vazio sanitário para redução do inóculo do fungo, a utilização de cultivares de ciclo precoce e semeaduras no início da época recomendada como estratégia de escape da doença. 

Os fungicidas são aplicados em forma líquida e podem ser utilizados em diversas fases do cultivo, quando detectado o aparecimento do fungo, após a colheita ou até mesmo durante a fase de estocagem, sempre com recomendação técnica por agrônomos.

As soluções são divididas em dois tipos: sistêmicas, com absorção por todo o vegetal, ou não-sistêmicas, que tem ação apenas tópica na planta.

“A aplicação dos fungicidas deve ser precoce, antes do aparecimento de sintomas. As formulações sempre se baseiam na presença de um “ingrediente ativo”, junto com outras substâncias inertes, que auxiliam a atividade dos produtos (como sua fixação ou distribuição na superfície foliar)”, destaca a associação CropLife Brasil que reúne especialistas, instituições e empresas que atuam na pesquisa e desenvolvimento de tecnologias no agronegócio.

De acordo com a Embrapa, a ferrugem asiática da soja foi identificada pela primeira vez no Brasil em 2001. Desde então, esforços têm sido empregados na pesquisa e monitoramento da doença.

Os fungicidas sítio-específicos utilizados no controle da ferrugem pertencem a três grupos distintos:

  • os Inibidores de desmetilação (IDM, "triazóis"),
  • os Inibidores da Quinona externa (IQe, "estrobilurinas") e
  • os Inibidores da Succinato Desidrogenase (ISDH, "carboxamidas").

Desde então, as características de mutação do fungo e a reação aos grupos de controle têm sido acompanhadas.

“Fungicidas multissítios (isolados e em misturas comerciais) passaram a ser registrados a partir de 2013/14, sendo importantes para atrasar o processo de seleção de resistência e aumentar a eficiência dos fungicidas sítio-específicos. Todas estratégias antirresistência recomendadas pelo FRAC [Fungicide Resistance Action Committee] devem ser seguidas no manejo da doença”, destacou a empresa agropecuária em nota sobre a principal doença da soja.