Controle do greening ganha aliado tecnológico: Uso de drone é eficiente, mais rápido e até mais barato

Preocupação com a principal doença da citricultura ganhou destaque depois que levantamento mostrou que metade do cinturão citrícola apresenta forte incidência

Uso de drone é eficaz, rápido e mais barato: Opção também para pequenos e médios produtores - Foto: Fundecitrus


Segundo informações divulgadas no mês de novembro pela Fundecitrus, metade do parque citrícola tem alta incidência de greening,  a mais preocupante doença da citricultura  mundial atualmente. De acordo com o levantamento, enquanto a média no parque citrícola é de 22,37%, em Limeira, por exemplo, a doença já afeta mais de 60% da área de produção. 

A doença que foi responsável por diminuir drasticamente a produção dos Estados Unidos vem levantando alerta nas áreas de produção do Brasil e conta agora com uma tecnologia para ajudar no combate à proliferação por aqui. 

Uma pesquisa inédita, também realizada pela Fundecitrus, mostrou a eficiência do uso de drones para o controle químico do psilídeo, inseto transmissor do greening.  "O objetivo é que esta seja uma ferramenta complementar para o manejo da doença dentro das propriedades de citros", afirma a Fundecitrus sobre o uso da tecnologia nas plantações. 

Ainda de acordo com a publicação, durante a fase de estudo, as aplicações apresentaram eficiência no controle de insetos adultos, alcançando mortalidade acima de 80%. "O trabalho é pioneiro, pois não há registro do uso de drone para o controle químico do psilídeo na citricultura ocidental, e foi feito em parceria com a startup Anáhata Serviços Agronômicos", complementa.

Os dados levantados mostram também que o greening no Brasil atingiu o maior patamar de incidência desde 2004, quando foi identificado pela primeira vez no país. É importante ressaltar que, por se tratar de uma doença que não tem cura, a principal ação contra ela é evitar a infecção de novas plantas e isso só é possível a partir de uma série de medidas a serem adotadas dentro dos pomares. 

A nova tecnologia chega como mais uma opção para o citricultor, aliando ciência e tecnologia, conforme destaca o pesquisador Marcelo Miranda, responsável pelo estudo. O drone traz um tanque de pulverização acoplado a sua estrutura e pode complementar as pulverizações terrestres feitas com tratores e substituir os aviões em algumas situações, agregando novas possibilidades ao citricultor”, explica. 

O grande diferencial, segundo Miranda, é que o alcance que o drone pode ter, chegando aos talhões onde seria mais difícil fazer as aplicações tradicionais. Além disso, a aplicação via drone é recomendada para os casos emergenciais,  ou seja, para aplicações que precisem ser feitas rapidamente.

 "(Exemplos) como após períodos de chuvas intensas, que removem os produtos e deixam as plantas desprotegidas, e em caso de pico populacional do psilídeo, que pode implicar em dificuldades operacionais por exigir deslocamento rápido de equipamentos que estejam em uso para o manejo de outras pragas e doenças", complementa. 

Já quando o assunto é custo de investimento, a Fundecitrus afirma que esse é outro ponto positivo, já que o equipamento é mais barato e precisa de menos infraestrutura que um avião, por exemplo. 

O uso de drone para pulverização é um avanço para o controle da doença, afirma Miranda. “É mais um passo para a manutenção da sanidade, competitividade e sustentabilidade da citricultura brasileira”, enfatiza. “A tecnologia já está validada e o produtor que quiser utilizá-la, pode buscar uma empresa especializada para adquirir um drone ou alugar o serviço”, finaliza. 

Preocupação com greening é maior nos pomares jovens

Os dados divulgados recentemente mostram que nas regiões de Avaré e Duartina, ao Sudoeste do estado, as incidências também são consideradas altas, 29,41% e 26,15%, respectivamente. "Essas cinco regiões (Limeira, Brotas, Porto Ferreira, Avaré e Duartina) reúnem 51% das laranjeiras do cinturão citrícola de São Paulo e Triângulo/Sudoeste Mineiro, a principal área produtora de laranja e suco de laranja do mundo", afirma. 

O último levantamento trouxe ainda que a maior preocupação da Fundecitrus é com os pomares jovens, que representam justamente a continuidade da cultura e, pelo menos, parte significativa das laranjeiras com até cinco anos plantadas nas áreas já estão doentes. Sendo elas: 32% em Limeira, 27,9% em Brotas, 18,7% em Porto Ferreira, 11,6% em Avaré e 6,1% em Duartina, enquanto que nas demais regiões do cinturão a porcentagem não ultrapassa os 10%.

A alta incidência é justificada pelo fato das plantas mais jovens serem também mais suscetíveis a novas infecções por brotarem frequentemente e quando há plantas adultas doentes o controle da doença consequentemente fica mais difícil e a doença consegue avançar com mais facilidade. 

“A situação fica ainda mais grave, no entanto, pela grande quantidade de plantas jovens presentes nessas cinco regiões: elas concentram 50,8% dos pomares com até cinco anos”, aponta Renato Bassanezi, pesquisador da Fundecitrus. “Nas regiões ou em locais com alta incidência, o sucesso da renovação dos pomares e seu futuro estão em risco se não forem adotadas todas as medidas de manejo”, destacou a entidade em comunicado.