Plataforma digital influencia agricultores na Índia a não queimar resquícios dos arrozais para não poluir 

Aos agricultores, é oferecida uma alternativa de pulverização sobre o restolho para a decomposição no solo 

A bio-enzima, quando misturada com os resquícios de colheita, atuam na decomposição e transforma o resíduo em adubo. Foto: Imagem do Relatório de Impacto de Gerenciamento de Resíduos de Culturas

A nutri.farm, uma plataforma digital que promove a agricultura sustentável, vem incentivando agricultores indianos a abandonar a prática da queima dos caules e restos das plantações de arroz por uma alternativa menos poluente. De acordo com a plataforma, desde quando a colheita mecanizada foi introduzida na década de 1980, a queima se tornou algo comum, já que estas máquinas deixavam caules para trás. 

 

"A queima do restolho se tornou algo tão popular que entre 2003 e 2017, o satélite Aqua da NASA encontrou um aumento de cerca de 300% no número de incêndios na Planície Indo-Gangética", pontua a equipe da plataforma digital no seu Relatório de Impacto de Gerenciamento de Resíduos de Culturas. 

 

Todos os anos, mais de 5,7 milhões de acres (mais de 2,3 milhões de hectares) de restolho de arrozais são queimados em fazendas nas planícies do Norte da Índia, levando a graves problemas ambientais, esgotamento da qualidade do solo e perda de flora e fauna. A falta de qualquer outra opção viável leva os agricultores a queimar o restolho, pois a ação é mais barata, rápida e limpa a terra a tempo para o próximo ciclo de cultivo. 

 

Segundo a agtech, o objetivo é atender os pequenos agricultores que, mesmo com os avanços tecnológicos na área, ainda não conseguem ter pleno acesso. "Com acesso insignificante a maquinário moderno, exposição mínima a progresso tecnológico ou científico, e um aumento incremental nos custos operacionais, os agricultores ainda são forçados a vender sua produção a preços baixos margens para alimentar uma população crescente em tarifas acessíveis", ressalta o reporte da instituição.  

 

Várias agências indianas tentaram resolver o problema com pouco ou nenhum sucesso em contê-lo. A nutri.farm lançou o programa Crop Residue Management (CRM) para desenvolver, implantar e dimensionar uma solução eficaz para acabar com a queima no país. ”Estamos comprometidos em ajudar esses agricultores a abandonar o palito de fósforo e adotar práticas agrícolas sustentáveis ​​e regenerativas por meio deste programa”, disse. 

 

Há uma parceria com o Indian Agriculture Research Institute (IARI) para usar o decompositor PUSA – uma bioenzima desenvolvida por eles, nas fazendas. O produto é capaz de decompor a maior parte dos resquícios entre 20 a 25 dias, sem impacto negativo no meio ambiente, conforme reporte da instituição. 

 

Esta bio-enzima é um consórcio de 8 fungos que, quando misturado com os resquícios de colheita, atuam na decomposição e transformam o resíduo em adubo. Mas o processo envolvido na formulação do bio-decompositor impediu a adesão por parte dos agricultores, uma vez que envolvia um período de 10 dias em que as cápsulas de PUSA tiveram que ser misturadas com um solução de grão de bico para fermentar, antes de poder ser pulverizado. 

 

Por isso, nutri.farm licenciou o PUSA Bio-Decomposer, tecnologia da IARI via Natural Plant Protection Pvt Ltd (NPP) para desenvolver em conjunto uma formulação pronta para uso. 

 

Os agricultores podem aproveitar a pulverização mecanizada do decompositor PUSA nos restos da safra, pós-colheita, por meio do aplicativo nutri.farm. O serviço é disponibilizado gratuitamente para todos os mais de 25 mil agricultores que registraram mais de 500 mil acres  (mais de 200 mil hectares) de terra cadastrados na plataforma até agora. 

 

Segundo a instituição, a queima do restolho das colheitas resulta em degradação da qualidade do ar e do solo tendo vários outros impactos na saúde coletiva e no meio ambiente. Devido a importância de seus recursos, a agricultura é um ponto-chave quando o assunto é  mudanças climáticas, ar limpo e o uso sustentável da terra e da água, pontua a nutri.farm. 

 

A instituição ressalta que a principal barreira para a destinação adequada para o restolho da safra de arroz na Índia não é a questão de falta de alternativas viáveis, mas sim compreender o problema no nível da raiz e escolher, mobilizando e implementando soluções que atendam ao melhor propósito. 

 

Em 2021, a nutri.farm decidiu enfrentar a questão da queima dos resquícios das plantações de arroz em escala, capacitando e  fornecendo gratuitamente aos agricultores recursos para tal, reduzindo seu custo total de cultivo e melhorando a fertilidade e o rendimento do solo, transformando-se em uma solução viável e sustentável.