Embrapa disponibiliza cultivares de arroz que atendem demandas da rizicultura gaúcha 

São duas cultivares específicas com benefícios e características diferentes, mas que beneficiam o produtor 

Diferentes cultivares de arroz atendem às demandas dos produtores gaúchos - Foto: Embrapa

 

De acordo com informações da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), para a safra 2021/2022, estão disponíveis ao mercado, em destaque, as cultivares  BRS Pampa CL e BRS Pampeira, que atendem às principais demandas dos sistemas produtivos realizados no estado. 

 

O reporte da entidade pontua que a cultivar BRS Pampa CL foi desenvolvida para ser utilizada no sistema Clearfield. Esta apresenta ciclo precoce, em torno de 118 dias da emergência à maturação, o que possibilita a economia de água durante a sua produção, possui alto potencial  produtivo e é menos exigente em nitrogênio. Isso faz com que haja a redução nos custos de sua produção, além de apresentar grãos de excelente qualidade, sendo considerados nobres ou premium para a indústria.  

 

Já a BRS Pampeira possui ciclo mais longo, cerca de 133 dias, maior resistência à brusone, maior potencial produtivo, em torno de 12 toneladas por hectare e elevado padrão de qualidade de grãos, segundo a entidade. 

 

Em relação à semeadura, o pesquisador em melhoramento genético e responsável do Núcleo Temático em Grãos da Embrapa, Ariano Martins de Magalhães Jr., explica que o produtor faz seu planejamento antecipado com enfoque no sistema de produção da propriedade.  

 

“É realizado o preparo da área, normalmente utilizando o preparo antecipado de verão ou cultivo mínimo. São feitas também a  análise e correção do solo, a limpeza de canais de irrigação, o controle de plantas daninhas (dessecação),  a aquisição de insumos (adubos e agroquímicos) para utilização durante as etapas da cultura, e depois então, vem a escolha de sementes certificadas”, afirma. 

 

Já sobre a escolha das cultivares de arroz irrigado, este processo faz parte do planejamento e deve levar em conta a utilização máxima de seu potencial genético.  “As opções devem recair àquelas cultivares que obtiveram  produtividade elevada, resistência às doenças, alto rendimento de grãos inteiros, boas características de cocção, grãos de boa apresentação, associado, ainda, à minimização de custos,  preservação ambiental e escalonamento da colheita”, destaca o pesquisador.  

 

Os fatores a serem levados em conta na hora da escolha da cultivar mais adequada, segundo a Embrapa, vão desde a  aquisição de semente certificada de boa qualidade, livre de sementes invasoras, principalmente arroz vermelho, ou de mistura com outras cultivares, oriunda de produtores registrados.[Text Wrapping Break]“Essa é a estratégia mais segura, pois todo o processo de condução da lavoura estará em risco se a semente não possuir os padrões mínimos de qualidade necessários”, diz Magalhães Jr. 

  

Confira as dicas da Embrapa para a escolha da cultivar adequada, que pode ajudar a superar problemas agrícolas:  

 

Presença de arroz vermelho na lavoura de arroz: escolha cultivares que apresentem resistência à herbicidas do grupo das imidazolinonas (sistema ClearField - CL) ou cultivares resistentes a outras grupos de herbicidas que estão surgindo como Provisia,  ou cultivares adaptadas ao sistema pré-germinado. 

 

Previsões climáticas ideais (temperatura, radiação solar, precipitação pluvial): use o plantio de pelo menos duas cultivares de ciclos diferentes; sendo 60% de cultivares de ciclo médio e 40% de ciclo curto. As proporções devem ser invertidas no caso de atraso na época de semeadura ou na possibilidade de ocorrência de restrições hídricas. Verificar se ano será de La Ninã ou El Nino para tomadas de decisão. 

 

Época de semeadura:  no Rio Grande do Sul, é recomendado que a semeadura seja realizada, de acordo com o ciclo das cultivares e da região de cultivo, de modo que a diferenciação do primórdio ocorra até o dia 1° de janeiro ou o mais próximo possível dessa data, para o maior aproveitamento da radiação solar na fase de diferenciação das estruturas reprodutivas das plantas. A época correta de semeadura no Estado pode variar de 21 de setembro a 30 de novembro, conforme o ciclo da cultivar e a região de cultivo, permitindo evitar problemas com baixas temperaturas coincidentes (escapes) com períodos críticos da cultura, como os estádios de diferenciação do primórdio e microsporogênese (floração), respeitando também o zoneamento agroclimático da cultura. 

 

Nível tecnológico:  algumas cultivares respondem bem em adubação e alto nível tecnológico, como é o caso dos híbridos, sendo um fator que deve ser levado em consideração na escolha. Regiões de baixa fertilidade do solo não apresentam muita resposta para produtividade, utilizando-se cultivares menos exigentes a adubação ou mais eficientes na extração dos nutrientes como tem sido observado com trabalhos de fixação biológica de nitrogênio. 

 

Regionalização: embora sejam cultivares lançadas para cultivo no RS, algumas apresentam melhor desempenho em determinadas regiões em função da adaptação àquele ambiente. Em regiões com elevada umidade e altas temperaturas são recomendadas cultivares que apresentem resistência às doenças, como a brusone.