Biotrigo: Apesar de dificuldades climáticas, produtor foca em manejo adequado com genética de qualidade e Brasil encerra 2021 com safra recorde
Boa produção chega em momento de preços altos e mercado impulsionado pela escassez na oferta global do cereal.
Confirmando as previsões anteriores, o Brasil encerrou o ano de 2021 com uma safra recorde na produção de trigo, apesar dos desafios climáticos e de alto custo de produção enfrentados pelo produtor durante o ano passado. Segundo os números da Biotrigo, o país encerrou o ciclo com a maior produção da história, com 7,8 milhões de toneladas do cereal.
"Em um ano de números crescentes para a cultura no Brasil, há de se destacar a constante superação por parte dos agricultores, especialmente no período em que o cereal está valorizado e em escassez no mercado local, fator que ajuda toda a cadeia tritícola", destacou a instituição em nota oficial.
A alta na produção do cereal aconteceu em um bom momento de valorização de preços, impulsionados pela baixa oferta do produto no mercado. Segundo a Biotrigo, o bom momento para os preços foi o grande incentivo para manter o produtor na atividade, mantendo os tratos culturais e manejo adequados e focados em aumentar a participação no mercado.
Em conteúdo divulgado oficialmente pela instituição, a atuação da família Gomes, produtora de trigo desde a década de 1950 no município de Campinas do Sul, localizada no norte do Rio Grande do Sul foi destacada.
“Meu pai foi um dos primeiros da região a plantar trigo. Ele sempre foi uma pessoa pioneira e que gostava de investir em inovação. O trigo foi muito importante para a família. Tudo começou com ele”, afirma Manoel Gomes. Para o agricultor, uma das principais mudanças do início da história da família com o trigo foi em relação à comercialização. “Em meados dos anos 1980, tivemos épocas com problemas de vendas. Hoje em dia está melhor e no último ano os preços foram excelentes”, destacou o produtor.
No mesmo sentido, a Emater-Rio Grande do Sul também já estimava produção recorde no estado gaúcho. A entidade projetou a safra em 3,4 milhões de toneladas, a maior da história para o Rio Grande do Sul. Com relação à área de semeadura, a estimativa é de 1,17 milhão de hectares, sendo a segunda maior da década. O ano também foi marcado por aumento na produtividade, que cresceu aproximadamente 31% quando comparado com a safra anterior, sendo registrado 2.893 quilos/hectare em 2021, contra 2.207 kg/ha no ano de 2020.
Quando se compara com os demais estados produtores do cereal, é importante lembrar que algumas regiões enfrentaram grandes desafios na safra que se encerrou. Como por exemplo no Paraná, onde a safra ficou abaixo do que o estimado anteriormente.
“Havia a expectativa da produção recorde de quase 4 milhões de toneladas de trigo, porém com a ocorrência de alguns problemas climáticos, o Estado colheu 3,2 milhões de toneladas”, indica o analista de trigo do Departamento de Economia Rural do Paraná (Deral/PR), Carlos Hugo Godinho. Dessa vez, as chuvas no período de pré-colheita e as geadas justificam o volume mais baixo na produção.
Também sentiram os impactos do clima as áreas mais quentes que têm produção de trigo no Brasil, que mais uma vez tiveram volumes de chuva abaixo do ideal. Segundo a Biotrigo, além do Paraná, esse cenário foi observado pelo produtor do Cerrado, Oeste de Santa Catarina e Noroeste do Rio Grande do Sul. "Junto à falta de chuvas, algumas regiões registraram excesso de umidade durante o florescimento da cultura, tendo a ocorrência de giberela, o que exigiu esforços extras no beneficiamento dos grãos e, em consequência, na comercialização”, afirma a instituição.
A safra recorde foi impulsionada principalmente pelas regiões do Planalto Médio e dos Campos de Cima da Serra, no Rio Grande do Sul, de Campos Novos, em Santa Catarina, e de Campos Gerais e sudoeste, no Paraná. A Biotrigo destaca que o bom volume colhido é um resultado muito positivo e que corresponde ao clima ideal em importantes áreas de produção, manejo adequado e genética de alto potencial.