Chuvas no mês de dezembro ultrapassam a média para o ano, afetam produção de uva e manga no Vale do São Francisco com prejuízos chegando a R$ 45 mi
Os dados foram divulgados na última semana do ano pelo Sindicato de Produtores Rurais de Petrolina, em Pernambuco
Dezembro de 2021 vai ficar marcado pelas chuvas volumosas no Norte e Nordeste do Brasil. Sob a influência do fenômeno climático La Niña, os volumes de chuva ficaram muito acima do esperado em muitos municípios, trazendo transtornos de infraestrutura e impactando muito também a produção agrícola, seja em termos de perda na produção e, principalmente, no escoamento de mercadorias com estradas bastante ficando bastante danificadas.
No Vale do São Francisco, importante região de produção de frutas no Brasil, o mês de dezembro registrou acumulados muito acima da média esperada, superando o valor estimado para um ano todo e resultando em prejuízos de, pelo menos, R$ 45 milhões. Os dados foram divulgados na última semana de dezembro pelo Sindicato de Produtores Rurais de Petrolina, no estado de Pernambuco.
Com relação aos volumes, o Sindicato dos Produtores Rurais de Petrolina, afirma que até o dia 30 de dezembro, algumas propriedades registraram acumulados de 540 milímetros. A média esperada para o ano na região fica entre 400 mm e 600 mm. “Pegou todo mundo de surpresa. Algumas frutas estão em período de colheita, aumentando ainda mais a preocupação”, afirma o sindicato.
Quando se fala em perda de produção, os números também chamam atenção. A região, que é conhecida principalmente pelo cultivo de uva e manga, perdeu mais de 15 mil toneladas das frutas. De acordo com os dados, o problema afeta tanto as frutas que estavam para ser colhidas - comprometendo a qualidade da mercadoria, mas também as lavouras em fase de floração que podem responder ao excedente hídrico com abortamento dos frutos.
A área de produção de uva ocupa atualmente uma área de 12 mil hectares. De acordo com o gerente executivo do Sindicato dos Produtores Rurais de Petrolina (SPR), Flávio Diniz, a categoria ainda não fez um balanço total, mas já contabiliza um prejuízo estimado em R$ 20 milhões com a perda de 10 mil toneladas de mangas perdidas em função da enxurrada.
O gerente executivo acrescentou ainda que o Sindicato dos Produtores Rurais de Petrolina vem atuando junto à categoria no planejamento da safra vindoura para evitar o comprometimento da produtividade e das demandas das frutas no mercado interno e externo. Um grupo técnico foi criado para garantir assistência aos produtores. Além das perdas já consolidadas, a preocupação é com a umidade nas lavouras que pode aumentar a incidência de pragas e doenças. Outro problema observado durante o mês de dezembro foi o fato de que, com a chuva contínua, o produtor não conseguiu realizar as aplicações necessárias. Os trabalhos começaram a retomar a normalidade apenas na última semana do mês.
“Caso chova mais, além das perdas pelo excesso de abortamento teremos muitas áreas com a polinização comprometida e uma redução da produção de até 100 %”, alerta o produtor e consultor de uva, Jackson Souza Lopes, em material divulgado pelo Sindicato dos Produtores Rurais de Petrolina. Vale lembrar que o Verão no Brasil tem como característica receber os maiores volumes de chuva durante o ano. Além disso, meteorologistas afirmam que o La Niña deve continuar atuando com certa intensidade até, pelo menos, o primeiro trimestre de 2022. Ou seja, com previsão de chuvas acima da média no centro-norte do Brasil e redução dos volumes na parte mais baixa do país.
De acordo com a nota divulgada pelo Sindicato, o produtor de manga, Josival Amorim, as precipitações alteram a fase fenológica da fruta comprometendo o desenvolvimento vegetativo e a floração. “Com certeza a safra do ano que vem já está comprometida diminuindo significativamente os índices de produtividade dos pomares em nossa região”, ressaltou.