Mercado de arroz: Crise logística e demanda mais fraca resultam em queda nas cotações e Tailândia registra menor valor em dois anos

Moeda desvalorizada associada aos problemas que atingem setor exportador mundo afora justificam baixa, além de uma demanda mais fraca que limita a valorização 

Plantação de arroz na Tailândia: preços atingiram menor marca dos últimos dois anos e preocupações com frete elevado tomam conta do setor no país -Foto: Embrapa

O mês de dezembro de 2021 vai ficar marcado para o produtor de arroz da Tailândia que nos últimos ciclos já viu o país mudar a forma de cultivar arroz, perdendo espaço, inclusive, para outros países produtores quando o assunto é exportação. Com frete alto e desvalorização da moeda local, as cotações do grão no país atingiram o menor valor em dois anos, chamando atenção do mercado.  

 

De acordo com informações publicadas por agências internacionais, assim como observamos durante todo o ano de 2021 no Brasil, o gargalo logístico é uma realidade para todo setor exportador mundo afora e a alta do frete é uma preocupação latente no setor. Aliado à uma moeda desvalorizada frente ao dólar, as cotações atingiram o menor valor dentro dos últimos 24 meses. No mesmo momento, uma demanda mais lenta manteve a cotação indiana perto do limite de baixa em quatro anos por duas semanas seguidas.  

 

Na segunda semana de dezembro, o arroz na Tailândia teve a negociação estabelecida entre US$ 380 - US$ 395 por tonelada, o menor valor observado desde abril de 2019. Segundo comerciantes locais, conforme a moeda baht foi registrando baixas, os preços no país automaticamente também recuaram.  

 

Já na Índia, importante referência ao mercado, os preços do arroz parboilizado com 5% de quebrados não registraram variações expressivas no período. É importante destacar que a Índia é o principal país exportador mundial de arroz do mundo. O mercado trabalha com a perspectiva de uma safra semeada em 31 milhões de hectares. No ano passado a safra indiana alcançou a marca de 31,9 milhões de hectares. Mesmo com essa redução na área de plantio, a previsão é de uma colheita recorde no país indiano.  

 

Em Bangladesh, as notícias locais recentes indicam que o país quer reduzir a tarifa sobre as importações de arroz com o objetivo de conter os preços, segundo informações publicadas pelo próprio governo local. No mesmo período em que as cotações registraram o menor valor desde 2016, em Bangladesh, foi observada uma alta de 4% em relação ao mesmo período no mês anterior.  

 

É importante lembrar ainda que Bangladesh, terceiro maior exportador de arroz do mundo, viu o cenário mudar com as inundações nas lavouras no último ciclo. O excesso de chuva estragou parte da produção e forçou a importação do grão no país.  

 

Quando falamos no Vietnã, outro importante produtor e exportador do grão no mundo, os preços do arroz 5% quebrado permaneceram sem grandes variações nas primeiras semanas de dezembro, com negociação a US$ 390 por tonelada. De acordo com comerciantes locais, o país asiático também sofre com os impasses logísticos em meio à fraca demanda. As novas variantes da Covid-19 também preocupam o negócio local.  

 

Os números do governo vietnamita mostram que nos primeiros sete meses de 2021 as exportações registraram queda de 12,7% quando comparado com o mesmo período no ano anterior. O volume embarcado nesses meses foi de 3,5 milhões de toneladas. O Vietnã foi um dos primeiros países a sentir os impactos da crise logística, com o impasse do canal cade Suez, e desde então todos embarques do país seguem comprometidos.  

 

Com a retomada da economia global e avanço da vacinação contra a Covid-19, o setor exportador viu uma grande demanda por parte da China e sofre os impactos de falta de contêineres, o que resultou em alta expressiva no custo dos fretes, para as mais diversas atividades, entre elas o agronegócio. Segundo especialistas em logística marítima, em um cenário mais otimista, a logística a nível mundial voltaria a operar com normalidade apenas na reta final de 2022. O mercado de forma geral também segue atento às novas variantes da Covid-19, que além de mudarem o padrão de consumo, podem atrasar ainda mais a retomada das entregas globais.