Preocupação com greening aumenta e Secretaria de Agricultura e Abastecimento de SP divulga nova legislação de combate à doença no estado
De acordo com dados da Fundecitrus, importantes polos produtivos registram a maior incidência da praga que assolou a produção da Flórida há alguns anos


Há mais de três meses, a Fundecitrus alerta o setor sobre a alta incidência do greening, principal doença da laranja e responsável por dizimar a produção da Flórida há alguns anos. Acompanhando de perto a preocupação do setor no país, a Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo (SAA) divulgou a nova lei estadual para prevenção do greening.
Segundo o texto da Resolução SAA, a nova legislação determina o controle contínuo do inseto vetor inclusive em pomares acima de oito anos e determina a eliminação facultativa das árvores doentes.
"A nova legislação, acompanhando a preocupação do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), está inserida em um contexto de crescimento contínuo da doença no parque citrícola paulista. A incidência, que corresponde a praticamente 1/4 de laranjeiras doentes, de acordo com o Levantamento de Greening do Fundo de Defesa da Citricultura - Fundecitrus 2021, é a mais alta da série histórica e ameaça a viabilidade da atividade no estado de São Paulo", afirma a nota oficial emitida pela SAA.
O estado de São Paulo representa aproximadamente 80% da área de produção de laranja do Brasil e a partir de agora a Resolução SAA 88 permite a alteração do estado fitossanitário da ocorrência do greening não para cidades produtoras específicas, mas para todo o estado, "desde que atendido os critérios estabelecidos pela instituição normativa federal", afirma o texto.
Destaca ainda que a nova resolução não altera o modelo vigente para cadastro de produtores no estado disponível no Sistema de Gestão de Defesa Animal e Vegetal - Gedave, da Coordenadoria de Defesa Agropecuária - CDA. ["Esses relatórios são uma importante ferramenta para o monitoramento da distribuição da doença no parque citrícola e, portanto, necessários para a execução de ações que possam balizar as tomadas de decisão e os critérios e procedimentos para gerenciamento da prevenção e contenção do greening", acrescenta.
O foco na mudança é frear a evolução da doença em São Paulo e um destaque da nova resolução é a obrigatoriedade da eliminação de plantas sintomáticas até oito anos após o plantio. Em relação à decisão de retirar ou manter as plantas mais velhas é do produtor, mas se optar pela manutenção da mesma, é obrigatório o controle eficiente do setor vetor.
"A nova resolução determina também a eliminação de plantas sintomáticas em pomares não comerciais e quintais. Trata-se de um importante avanço em relação à regulamentação anterior, pois contribui diretamente para a redução dos locais de multiplicação do inseto vetor e das fontes de contaminação de pomares comerciais pela bactéria do greening", destaca.
Segundo a Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo (SAA), a partir de agora a pasta intensifica as ações de combate à doença com apoio aos citricultores e uma agenda de visitas técnicas e orientação para manejo adequado e eficiente. “Este é um clamor do setor produtivo, visto que na regra federal, aderida agora por São Paulo, não há menção de critérios ou procedimentos a serem executados nestes casos, situação devidamente esclarecida com a publicação da Resolução SAA 88”, disse.
De acordo com último levantamento realizado pela Fundecitrus, divulgado no último mês de novembro, mostrou que metade do parque citrícola já possuía alta incidência da doença. De modo geral, a média da doença na área de produção é de 22,37%, mas na região de Limeira - importante pólo produtivo, os números já ultrapassaram os 60%, Brotas aparecia com 50,40% e Porto Ferreira com 37,87%.
"A forte presença da doença se reflete em danos à produção e prejuízo aos citricultores: das cerca de 8,5 milhões de plantas eliminadas em 2020 por causa do greening em todo o parque, 92% estavam nessas cinco regiões. Outros impactos negativos são a redução da produção devido à queda prematura de frutos e a piora da sua qualidade", destacou na época.